Valéria Gurgel (Nova Lima, MG)
Era uma vez uma semente
conhecida por CASCA GROSSA.
Não pense que ela era mal
educada. Ela só tinha uma grande resistência às mudanças. Não aceitava fácil seu processo natural de
germinação das espécies.
E não sendo maleável assistia
em seu canto todas as demais sementes eclodirem na terra;
Crescer, florescer,
frutificar, transcender.
Casca grossa foi advertida
várias vezes por um antigo agricultor de uma tribo africana.
- Você precisa romper a sua
CASCA GROSSA para seguir a senda evolutiva e lançar-se na aventura da vida! -
sempre a aconselhava o homem sábio da terra.
- Não posso, tenho medo de
sofrer. Se me transformo em árvore frutífera receberei inúmeras pedradas.
- Mas seguirá dando frutos,
alimentando o mundo! Foi para isso que você veio, para servir!
- Se crescer e me tornar uma
árvore frondosa, corro o risco de ser invejada, desejada, cortada e encerrar
minha excêntrica existência como um mero móvel, qualquer objeto de decoração
dentro da casa de algum mortal, ou queimada até tornar-me um bloco de carvão
inútil.
- Então, é por egoísmo de
servir à humanidade que você prefere ser essa semente CASCA GROSSA para sempre?
E não cumprir a sua missão na qual lhe foi destinada?
- Viver é perigoso demais! Não
vou me aventurar! Seguirei quieta aqui, segura dentro desse baú.
Por muito tempo aquela semente
rebelde seguiu ali, parecia morta. Uma morta viva.
Um dia um garoto viu o baú
abandonado, o lavou e o levou consigo. A
semente foi lançada à terra. Resistiu por dez anos até que sua casca dura enfim
se rompeu.
Ela se transformou em um
magnífico Baobá. Considerada na África a árvore milenar que vive mais de dois
mil anos. Seu tronco chega a medir mais de dez metros de diâmetro. Suas folhas,
flores, frutos e sementes são comestíveis e de valor medicinal.
E foi assim que a semente
CASCA Grossa se aventurou a viver. E entendeu a grandeza de ceder ao Magnífico
Processo Natural do Ciclo da Vida. Ficou assim conhecida como o “Pai das Sementes”!
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