Por Clarisse da Costa (Biguaçu, SC)
A
mulher não quer algo pela metade até mesmo porque ela sempre está por inteiro.
Essa ideia de que a mulher aceita qualquer coisa porque é um ser frágil e
carente é uma visão equivocada da sociedade sobre o seu lado feminino. A
verdade é que a sociedade desde os primórdios da humanidade tenta moldar a
mulher à sua maneira, o que acha necessário e correto. Mas a cada tentativa se
depara com a mulher independente e feminista. Aquela mulher bem decidida. Aí
surge o medo das mulheres dominarem o mundo, porque para o bem de todos a
mulher submissa e sem conhecimento é melhor para uma convivência social e
política.
Certa
vez, numa oficina de poesia dada por mim a convite, eu falei que a mulher com
conhecimento é mulher com asas para voar longe, o que é condizente com a
realidade atual dessa mulher livre. Então qualquer coisa que a mulher faça será
alvo de críticas do homem e de toda sociedade. Quando eu falo sociedade eu
coloco também nessa bagagem a mulher, porque algumas mulheres não conseguem
lidar com o posicionamento e liberdade de outras mulheres. Tem uma lógica
nisso, analisando todo o contexto histórico feminino vemos que a mulher foi
educada a ser dependente não independente.
O
livro Mulheres da Resistência mostra que nós mulheres temos inúmeros desafios
diários e que com toda ousadia e residência podemos vencer.
Quando
eu recebi o convite para essa empreitada não imaginava o tamanho do impacto que
essa obra fosse causar. Primeiro que trabalhar no coletivo é sempre complicado,
surgem muitas divergências. Segundo que a jornada literária é uma estrada cheia
de desafios.
O
início não é nada fácil, é preciso muita determinação e uma boa mentalidade
para aguentar todos os percalços que possam ocorrer.
Então
o correto a se fazer é desacelerar e buscar entender que a pressa não te faz
chegar a lugar algum. É preciso ter calma. Este caminho é um processo lento.
Foi com calma que eu consegui colocar em prática essa obra, mas claro não foi
um processo solitário e a obra não surgiu do nada. Vou explicar melhor.
Como
menciono no prefácio do livro, Mulheres da Resistência, "parece que ser
mulher é estar condenada nesse mundo ilusório do faz de conta, sendo que a
realidade é outra e bem cruel". O
"era uma vez" é uma ideia de manter a mulher sob o controle, não tem
nada lúdico se formos analisarmos a fundo. Mas o que eu quero dizer com isso?
Que não somos mais aquela mulher submissa, toda romântica e sonhando com o seu
príncipe encantado. Viramos o jogo e invertemos o papel da história.
A
história da mulher é outra, mudamos o nosso rumo, temos os nossos objetivos e
agimos por nós mesmos. A verdade é que subimos degraus na vida e quebramos o
nosso silêncio. Essa antologia traz isso, mulheres fortes rompendo barreiras,
que nasce da necessidade de trazer questões, seja em versos, contos, prosas,
recorrentes no dia a dia da mulher. Numa sociedade autoritária e extremamente
machista foi de suma importância ter organizado a antologia Mulheres da
Resistência. A antologia vem evidenciar agravantes constantes na vida da
mulher, a luta diária contra a violência, os abusos psicológicos e tantas
outras crueldades de maneira que possa ajudar outras mulheres, fazendo com que
vejam que não cabe mais isso em vossas vidas.
O
livro lançado pela Editora Contos Livres tem as seguintes autoras, Clarisse da
Costa, Cláudia Ricardo, Vanice Ricardo, Raquel Conti, Srta Cabernet, Elisa
Carvalho, Neuza Marsicano, Rubiane Guerra, Leyde Dayanna, Janaína Couvo,
Rosangela Reis, Mára, Cassilmara Rocha, Eliana Massola, Lucinha Amaral, Soraia
André, Graziela Barduco, Ada Xavier e Lecy Cardoso.
Quando
me referi no início dessa matéria que, "a mulher não quer algo pela
metade" eu quis dizer que a mulher do Século XXI não aceita mais migalhas,
ela quer o que é seu por direito. As autoras presentes nesse livro são o
próprio exemplo.
E como
foi trabalhar com elas? - Você deve estar se perguntando. Posso te responder
com uma só palavra, desafiante. Claro, uma experiência única para quem sempre
teve como tema recorrente na sua escrita a mulher. Mas o melhor mesmo é ver o
seu bom trabalho sendo reconhecido por todas. O interessante é que algumas
participavam pela primeira vez de uma antologia.
Mára
Núbia chegou a nos dizer: ̶ Foi a
primeira antologia que participei e gostei muito’’. Como já disse, vou mais pro
conto que pra crônica. Achei interessante, tantos textos sobre um mesmo tema.
Vários olhares. Tive medo de não corresponder, de não ver a mensagem
compreendida, mas este é o risco. Valeu. Abraços a todas as almas escribas.
Para
adquirir o livro Mulheres da Resistência, você pode entrar em contato com a
Editora Contos Livres através do e-mail: contato@editoracontoslivres.com.br ou
no site https://www.editoracontoslivres.com.br. Ela também pode ser encontrada
no Instagram @editoracontoslivres.
Para
falar comigo, escritora, designer e organizadora da antologia você pode entrar
em contato através do Instagram @clarisse_da_costa; do Facebook Clarisse Costa
e do e-mail: clarissedacosta81@gmail.com
Clarisse
da Costa é poetisa, contista, cronista e designer gráfico em Biguaçu, Santa
Catarina.
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