Por Fabiane Braga Lima (Rio Claro, SP)
Afinal, quem era Meire? Meire, era o nome da mulher
misteriosa, na qual dividia a cela comigo. Com um semblante amargurado,
permaneceu silenciosa. Enfim, sombria e assustadora. Acusada, julgada e
condenada como assassina, pois havia assassinado um homem, um pedófilo, assim
apontavam as investigações da polícia e da imprensa investigativa. Lembrei-me
de Luan, olhando para Meire, nós duas na cela na semi-escuridão. Mas fiquei
calada, não puxei assunto com ela.
Assim que anoitecia, apagava-se todas as luzes frias, era mais uma madrugada
fria e eu faminta como sempre. Foi ali naquela cela imunda, que morri em vida.
Fiquei intacta diante da situação, afinal, eu era inocente.
Passaram-se oito
meses, resolvi procurar um advogado melhor, reagi, abri as janelas da vida e
assim o fiz. Eu no pátio, tomando o meu banho de sol, uma carcereira se
aproximou de mim, fiquei atenta pois espera sempre o pior,
— Senhora Laura, seu advogado está lhe esperando. — Disse uma carcereira
educadamente.
Lá fui eu, conversar com o novo advogado, uma chama de esperança brotou em mim.
Saí sem olhar para trás, mas sabia que as detentas estavam me olhando, assim
como as sentinelas fortemente armadas, nas torres de vigia, no alto das
muralhas.
Cruzei os corredores da prisão, tendo dois guardas na minha frente e mais duas
guardas femininas na minha retaguarda. O final do corredor, um homem alto de
terno cinza e uma maleta me esperava, ele sorriu para mim, aponto para a porta
e o carcereiro abriu a porta e entramos eu o meu advogado na sala de
entrevistas
— Boa tarde! Senhora Laura, eu me chamo Pedro, li os autos do processo do caso
da senhora. E por hora, espero que me conte detalhes, que não estão nos autos,
assim, poderei lhe ajudar!
— Meu esposo sumiu, não há rastro dele. E assim que cheguei de Búzios com meus
filhos, havia sangue pela casa. A nossa casa de veraneio. — Relatei com
minúcias os casos de Luan, o nosso casamento falido, os abusos de Luen comigo e
com as crianças na luz do dia e aos olhos de todos. Omiti o meu romance
clandestino com Lucas.
—
Desculpa-me, mas a situação da senhora é complicada, notícias correm rápido. —
Disse friamente o advogado.
— Não entendi!
— Falei
— Lucas, amigo
de seu esposo, era seu amante. — Disse o advogado Pedro friamente.
— Preciso saber
como estão os meus filhos! Eu sou inocente! Eu preciso sair daqui! — Eu disse
em tom de desespero.
— Pergunte para
sua colega de cela, Meire! — Disse o advogado
— Não entendi! —
Disse eu mais uma vez
O
advogado disse que iria estudar o meu caso e não demoraria ele voltaria dando
um parecer. Terminada a conversa, lá estava eu de novo da cela e Meire me
olhando fixo.
— Como foi a conversa, com o advogado? — Perguntou Meire, com sorriso de canto
de boa!
— O que quer de mim? — Perguntei com tom firme.
—
Nada, se acalme, seus filhos estão bem, logo todos estarão juntos. — Afirmou
Meire.
—
Como sabe? — Perguntei aflita.
— Lucas veio lhe visitar? — Perguntou Meira em tom sério, me vendo nervosa e
continuo com voz amena — Acalme-se, seu esposo já partiu, para o inferno. —
Afirmou Meira, com escárnio.
Lucas,
só pode ser ele, deve ter alguma culpa. Parece que tudo está se encaixando.
Meire, deu sumiço com Luan, para vingar a filha falecida.
Contato: debragafabiane1@gmail.com
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