sábado, 1 de março de 2025

NÃO! EU NÃO QUERO MAIS SER NEGRO

 Por Samuel da Costa (Itajaí, SC)

 

(Para Sebastião Lucas Pereira)

 

Cansei de ser negro!

Cansei de ser parado pela polícia!

De ser confundido

Com m bandido qualquer...

De ter relações promíscuas

Com os políticos

Sendo sempre massa de manobra

Na mão de algum abnegado...

Não! Eu não quero mais ser negro

Ser minoria nas universidades;

Ser tachado de preguiçoso...

Ser o primeiro de lista dos desempregados

Não quero ficar para trás

De tudo e de todos

Cansei de ser preterido

Das oportunidades

De ter um futuro melhor

Eu não quero mais ser negro

Cansei de ser excluído de todas as formas

E de todas as maneiras

Definitivamente estou cansado de celebrar

Meus ritos as escondidas

Dos olhos da sociedade

Não! Eu não quero mais ser negro

E ter a responsabilidade de ser:

Melhor nos esportes

Em tablados e nos palcos

Não! Eu não quero mais

Ter um passado negro

Que lembra a escravidão

De sentir dores infindas

Quero renunciar ao meu futuro

De aflições...

Eu não quero mais ser negro

Chega de sofrer o banzo

Na pós-modernidade

 

 

Fragmento do livro: Uma flor chamada margarida, de Samueda Costa, contista, poeta e novelista em Itajaí, Santa Catarina.

 

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