sábado, 1 de março de 2025

OPERA MUNDI (10ª PARTE): EPÍLOGO (2ª PARTE)

 Por Clarisse Cristal (Balneário Camboriú, SC) e Samuel da Costa (Itajaí, SC)

‘’Eu, ousei adentrar...

Em mundos desconhecidos, da minha vida cotidiana,

Como se houvesse uma vida, com algo,

Ou alguém que ao longe clamava por mim.’’

Fabiane Braga Lima

 

Antes de adentrar na câmara ardente, a almirante Bartira teve poucos nanosegundos, mas o tempo foi o suficiente para tecer algumas considerações sobre a afra rainha Luna Dark. E os passos tortuosos que a milady celestial, percorreu após deixar o deserto desolado, depois que a afra rainha, embarcou no Dirigível Mare Crisium e adentro na Bifrost, de embarcou da belonave e pôr fim se embrenhou a Turris ebúrnea.

O que houve de fato dentro da Turba ebúrnea, a almirante Bartira não sabia, mas teve uma vaga ideia, do que se desenrolou ali, pois a imprudência de abandonar o exílio imposto por Hastur. Devido a conexão neural, a militar de alta patente, compartilhou as sensações avassaladoras de vazios, desesperos e abandonos, quando a afra rainha Luna Dark, percebeu por fim que o vate Yendel, ali não se encontrava mais.

O passeio em si, da aristocrata, membro da corte de Hastur, no reino de Calibor, tinha tudo para dar errado. E Bartira, a militar de alta patente, teve a noção exata da tragédia em si, quando a afra rainha, voltou ao mundo em vigília e incorporou o avatar, que tinha deixado para trás. Foram dias e noites, na terra dos sonhos e poucos minutos na terra em vigília.

A afra rainha Luna Dark, produziu uma onda magnética devastadora ao incorporar o avatar, ela fez ruir o elevado do autopista, que fez ruir a segunda pista e por sua vez soterrou a primeira pista. Além de sair ilesa da devastação e gerar muitas mortes e feridos e a onda magnética, também promoveu distúrbios em aparelhos elétricos, mecânicos e eletrônicos por quilômetros.  

Como uma das poucas sobreviventes, a afra rainha Luna Dark, teve que se reinventar aos longos dos anos e depois de um longo tratamento psiquiátrico. Bartira foi informada que Luna, tinha se reinventado e a assumira em um cargo menor, em um parlamento. Na verdade, na câmara alta e logo no primeiro dia a aristocrata, quase matou uma mulher e nos dias seguintes à milady exilada da corte negra de Hastur, começou a burilar o ambiente usando a telecinese. E não demorou muito para Calibor descobrir que a afra rainha Luna Dark, tinha levado, junto a si, o palácio das memórias do vate Yendel. Yendel, o bibliotecário-mor de Calibor, se encontrava desativado, o cyborgue o depositário do acervo, de todas as aquisições e saques afetados em civilizações e planetas, que o deus cósmico Calibor, promoveu durante incontáveis eras.

O final deste imbróglio não poderia ser outro, o funeral Lavívi, as exéquias imperiais fúnebres deveriam ser executadas, mesmo a afra rainha Luna Dark e vate Yendel não serem casados formalmente. Pois a afra rainha Luna Dark, como uma imortal semi-deusa e o vate Yendel, sendo um cyborgue, nascido de uma explosão uma supernova, também não poderia morrer. Lançá-los ao astro rei foi a solução, era o assim o rito do funeral Lavívi, que raramente era usado.

A almirante Bartira, recém promovida, teve está incumbência, pois o funeral imperial Lavívi, somente poderia ser executado por um almirante, um militar de alta patente, consagrado nos campos de batalhas. Mas, Bartira teve outra ideia, estapafúrdia a princípio, mas depois heréticos sussurros aqui e ali, vozes veladas, davam conta de um mito, esquecido a muito tempo. A união de máquinas e seres vivos, não que isto seria uma novidade, pois Yendel era um cyborgue. O desafio, era unir os dois seres celestes, ambos detentores de poderes inimagináveis e quase ilimitados. E a almirante Bartira, pesquisou a fundo e descobriu a existência de um rumor vago, que algo próximo disso já tinha ocorrido e as pesquisas apontavam para o palácio da memória, do vate Yendel.

            Ao adentrar na câmara ardente, feita de energia quântica, a almirante se conecta ao cyborgue Yendel, que estava encapsulado na sala da proa do vaso de guerra, o Dirigível Mare Crisium. A almirante Bartira, adentra na finitude do palácio das memórias do Vate, ela se multiplicou e se multiplicou e se multiplicou, em um ciclo infinito. Os pergaminhos digitais foram vasculhados, bancos de imagens foram assistidos, arquivos de áudios foram ouvidos e analisados, hologramas projetados, antigos alfarrábios consultados e proibidos grimórios foram recitados. Sigilo místico, há muito tempo esquecidos, foram invocados, cânticos sagrados foram entoados, poemas e cânticos foram bradados e virtuais computadores quânticos foram ligados. E, por fim, a almirante encontrou o que procurava, a câmara ardente se desfez e a almirante Bartira, foi lançada ao chão exausta. Na mente do militar surgiu um nome: O protocolo Lavívi, por fim foi encontrado.  

      

Fragmento do livro: Sustentada no ar por asas fracas, de Clarisse Cristal, poetisa, contista, novelista e bibliotecária de Balneário Camboriú, Santa Catarina.

Argumento de Samuel da Costa, poeta, contista e novelista em Itajaí, Santa Catarina.

 

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