sábado, 1 de março de 2025

OPERA MUNDI: LESOTO E O REI NILOTE

 Por Clarisse Cristal (Balneário Camboriú, SC) e Samuel da Costa (Itajaí, SC)

 

Lesoto Maombe, viu e depois sentiu uma chuva de neutrinos, uma enorme quantidade de partículas subatômicas, as partículas fantasma, que simplesmente atravessam o exoesqueleto, composto de matéria escura, que envolvia Lesoto Maombe. Um campo gravitacional, arrastou o comandante de campo, rumo à infinitude! Os sensores estavam se desligando, um a um pararam de funcionar, o militar de alta patente sentiu fortes dores de cabeça e desmaiou.

— Eu não deveria, mas muito me espanto com atitudes da vossa senhoria, o que esperava acontecer, ao invadir o deserto desolado da afra rainha? — Disse a fatigada contra-almirante Bartira, que olhava para Lesoto Maombe, que estava flutuando a poucos metros.

O comandante de campo, tentou dizer alguma coisa e não conseguiu, o campo gravitacional então começou a se dissipar e os nanorobôs começaram a se desagruparem. As partes motoras e as partes funcionais dos nanorobôs, não obedeciam aos comandos de Lesoto Maombe. E os nanorobôs se reagruparam, o exoesqueleto, composto de matéria escura, desapareceu e no lugar surgiu um funcional uniforme de major-general de duas estrelas.

— Melhor assim, major-general! E de novo! O que para a vossa senhoria, ao invadir o deserto desolado? E antes que o senhor responda o que não pode ser respondido, já respondendo eu parcialmente, a Milady, a afra rainha Luna Dark está no mundo em vigila.     

Se dissolveu o campo gravitacional, em volta do major-general Lesoto Maombe, o corpo do militar de alta patente começou a descer lentamente. E a figura amorfa, vista pelo olhar de Lesoto, começou a ganhar forma, sentada no assento do capitão, a comandante Bartira com o seu traje de combate, fazendo par com o de Lesoto. Os cabelos curto, negro e reluzente, a pele amendoada, os olhos castanhos rasgados e baixa estatura, a contra-almirante Bartira era uma figura de destaque nas hostes de Calibor e também era uma figura mergulhada em fundo celestiais mistérios atemporais.

Uma vez que os sapatos reluzentes do major-general Lesoto Maombe, tocaram o piso álgido da ponte de comando do lendário dirigível Mare Crisium. O militar de alta patente, acho estranho os equipamentos do vaso de guerra, eram ultrapassados computadores quânticos. Sem esforços algum, a contra-almirante Bartira poderia facilmente comandar o vaso de guerra, a partir da ponte de comando, ou até mesmo nos seus aposentos particulares.

— O major-general Lesoto Maombe, anda um tanto calado! — Disse a contra-almirante com desdém, então Lesoto Maombe se engasgou nas próprias salivas — Agora sim! Major-general Lesoto Maombe, o que a vossa senhoria foi fazer no deserto desolado da afra rainha? Mas antes!

Os nanorobôs a desagruparam e reagruparam. As partes motoras e as partes funcionais dos nanorobôs, então voltaram aos comandos do Major-general Lesoto Maombe. E o funcional uniforme militar desapareceu, dando lugar a um negro sobretudo, uma máscara de gás, cobriu a face escura do Major-general. Lesoto Maombe, dei dois passos à frente e sentiu um o piso um líquido viscoso, em uma análise rápida os sensores do Major-general, deu conta que era sangue fresco. Sutis sussurros desesperados e gritos de dores, chegavam aos ouvidos do militar, como um aviso tétrico.  

A ponte de comando se reconfigurou dando lugar a uma sala escura, uma câmara ardente. O Major-general Lesoto Maombe, então, adaptou as lentes da máscara de gás e viu que a poltrona da ponte de comando, desapareceu dando lugar a uma cadeira clássica mosaico arabesca. Não era mais a contra-almirante, na frente de Lesoto Maombe, era uma eslava, de longos cabelos louros, olhos verdes, de vestes negras ao lado de um sofisticado cachimbo de narguilé.

— A vossa senhoria aproveitou que a afra rainha está exilada, no mundo em vigília, para procurar o rei Nilote, enclausurado no deserto desolado! — Disse a outrora contra-almirante Bartira. A mulher eslava, delicadamente levou o bico do cachimbo narguilé, até a boca e depois espargiu uma nuvem rósea.

— E o vi no deserto desolado...

— Não! Não o viu, foi uma quimera apenas de Botswana, o rei Nilote! Ele está na cidade das nuvens! Longe do vosso alcance. — Mais uma vez a mulher, levou o bico prateado do cachimbo narguilé, até a boca e depois e espargiu uma intensa nuvem rósea, que tomou conta da câmara ardente.

       Uma revoada de aves Mori inundou a câmara ardente, o bando trespassou a outrora contra-almirante Bartira e atingiu frontalmente Lesoto Maombe. Os grasnarem tétricos das negras aves agorentas, transportaram o major-general Lesoto Maombe, para o imaculado deserto desolado da afra rainha Luna Dark. O major-general abismado, do alto, contemplou as ebúrneas dunas os pequenos lagos azuis, que refletiam o céu com os dois sóis gêmeos. E uma procissão de homens e mulheres esfarrapados, que lentamente se arrastavam e choravam as suas milenares dores. A frente uma Bifrost se abriu, chorando a afra rainha Luna Dark, cruzou o céu e adentrou a ponte arco-íris. Pouco depois, se materializou no imaculado deserto desolado, um cemitério bélico, de embarcações militares e veículos de transportes. Nas alabastrinas areias, surgiram as temidas Drakares nórdicas, as Naus e caravelas portuguesas, umas infinidades de magníficos Galeões espanhóis, os vasos de guerras, vários submarinos Unterseeboot 507, as astronaves de ataque Dukhais, os portentosos canhões postônicos, as naves de transportes Bekamas, muitas Bigas romanas e uma gama de caças de combate Mikoyan MiG-35, Sukhoi SU-35, Chengdu J-10 e F-15 Eagle. E uma gama variada de veículos de transportes militares e cosmonaves interplanetárias exploradores, as maquinarias bélicas e exploradoras não estavam tripuladas. O imaculado deserto, onde sonhadores, ali eram enclausurados aos sabores e humores do deus cibernético Calibor. Foi o que os sensores óticos, do Major-general Lesoto Maombe pode captar. E um pulso magnético expiratório, para fazer uma varredura ampla, foi descartado pelos auxiliares digitais do Major-general Lesoto Maombe.  

Ernesto Cacinda, acordou lentamente do sono profundo, ele estava sentado em uma poltrona, em um camarote exclusivo, em um vagão de trem. Na frente do passageiro, uma jovem comissária, elegantemente vestida que sorria para Ernesto Cacinda. Na frente de Ernesto Cacinda, em uma mesa de centro, uma antiga máquina de escrever e uma pequena resma de papel. A comissária trazia o café da manhã para Ernesto Cacinda, a eficiente comissária, colocou o aparelho de café da manhã, na mesa de centro. A comissária, que serviu o café da manhã, sem nada dizer, pegou o manuscrito, colocou em um envelope pardo, que estava ao lado da máquina de escrever. Sem nada dizer foi embora.

Sozinho, Ernesto Cacinda ignorou o café da manhã, foi até a janela, abriu a cortina e constatou que estava em uma zona periférica urbana. Estava próximo da próxima estação e entre as muitas incertezas que reinavam na Ernesto Cacinda, havia somente uma certeza. Ele precisa adentrar no mundo dos sonhos e adentrar na Cidade das nuvens.  

 

Fragmento do livro Opera mundi, texto de Clarisse Cristal, poetisa, contista, cronista, novelista e bibliotecária em Balneário Camboriú, Santa Catarina.

Argumento de Samuel da Costa, poetisa, contista, cronista e novelista em Itajaí, Santa Catarina.

 

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