Por Clarisse da Costa (Biguaçu, SC)
A
nossa literatura brasileira vem de uma hierarquia branca, desde escritores
renomados a diplomatas e nesse meio poucos escritores negros reconhecidos. E os que se destacam fazem um grande trabalho
trazendo representatividade para toda população negra. Em destaque temos o
escritor e poeta Samuel da Costa da cidade de Itajaí no estado de Santa
Catarina. Samuel da Costa é um grande escritor catarinense que traz na sua
escrita o resgate de palavras em desuso da língua portuguesa.
Em
alguns trechos de seus versos me perco entre o poeta de Itajaí e o poeta de
Florianópolis Cruz e Sousa. O lado melódico, dramático, romântico, e cético é
constante em seus versos. Uma obra neossurrealista e um tanto contemporânea e
neo-simbolista. O poeta vem para marcar
a literatura brasileira do século XXI. O Catarinense nasceu na cidade de Itajaí
em 5 de agosto de 1975.
Um dos
seus livros, ‘’Uma Flor Chamada Margarida’’ traz em simplicidade a dor, a
solidão, demais emoções e as mudanças da vida. Sua escrita tem uma
particularidade e contrasta com a velha escrita. Os seus poemas e seus
emblemáticos personagens fazem das suas prosas uma escrita única. Uma vertente
de vários cenários e sensações. O que mais marca na sua escrita são as diversas
mulheres descritas por ele. Em cada personagem o autor retrata a dor, o desejo,
a fantasia sem fugir da realidade. Cada trecho gera uma sensação de
sentimentos. Muitas das vezes o escritor falou de amores fugazes em breves
momentos.
Em
meio a tempos modernos, onde a tecnologia digital e mídia se contrastam esse
amor eloquente e sua escrita sobrevive. Na sua bagagem literária têm em seu
currículo três grandes obras, o primeiro se chama ‘’Horizonte Vermelho’’, o
segundo ‘’Uma Flor Chamada Margarida’’ e em terceiro o livro ‘’Século XX’’. Sua
ligação com a literatura começa na faculdade. Em 2005 largou publicidade e
propaganda na UNIVALI. Já em 2010 entrou na faculdade de publicidade e
propaganda. Por fim, entrou em 2011 na UNIASSELVI para fazer belas letras, onde
então se formou em 2017.
Diariamente
sua luta tem ganhado mais força, mostrando a resistência do povo negro e assim
Samuel da Costa tem nos representados com maestria. Como ele próprio diz não é
fácil ser negro, pobre e escritor no sul do Brasil. E nessa jornada difícil o
autor se desafiou ao lançar o livro ‘’Soláris IV’’. O lançamento desta obra
aconteceu no dia 17 de outubro de 2019, no SESC de Itajaí. Uma quinta-feira
repleta de escritores e amigos prestigiando o grande feito do escritor
catarinense.
A obra traz muitas vertentes e vem com
um simbolismo que exalta os deuses imortais. As suas belas musas são quase como
seres perfeitos e intocáveis. O autor tem a capacidade de viajar para dentro de
si e em nanosegundos se perder em um mundo particular onde estão todos os seus
questionamentos, dores e perdas. Como eu havia dito no prefácio desta obra,
‘’um mundo totalmente seu em um sonhar acordado para uma realidade
pós-modernista entre o tempo e o espaço’’.
Sobre
o Soláris IV perguntei ao autor o que o livro tem de significado para ele. O
escritor me disse que: – É um trabalho, um avanço. Um livro e um produto.
Considerando-se
que levou um longo tempo para ficar pronto o livro Soláris IV é um trabalho que
reflete poesias e uma sensualidade feminina em cada musa ali presente.
Atualmente
a sua carreira literária vem cercada de parcerias com poetas e artistas, alguns
do nosso querido Continente Africano e outros pelo Brasil. Em 2002 em parceria
com a escritora catarinense Clarisse da Costa o escritor lançou o livro
Hiper-grafia. Para além das nossas existências inexistentes, o livro
Hiper-grafia, é composto por duas obras distintas, “A Rosa da Paixão” da autora
Clarisse e a “Série Amor em Vermelho” do autor Samuel. A obra contém poemas
intensos que em comum falam do amor e suas nuances.
Duas
escritas diferentes, mas que fazem do livro uma obra única. Este livro, como
diz o escritor Samuel, nasce sobre a necessidade de haver uma literatura negra
no sul do Brasil. Para ser bem claro, um estado embranquecido. Uma europeia no
Brasil. Os versos vão além da fantasia ou ilusão, as emoções acarretadas de
dores angústias, esperança e luta são frutos do meio que nos produziu. Nascemos
já carregando o peso de uma história colonizada que achou por bem roubar nossa
identidade e o chão que pisamos.
Clarisse da Costa é poetisa,
contista, cronista e designer gráfico em Biguaçu, Santa Catarina.
Contato:
clarissedacosta81@gmail.com
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