domingo, 1 de setembro de 2024

A RESISTÊNCIA DO POVO NEGRO NAS MÃOS DO ESCRITOR SAMUEL DA COSTA

Por Clarisse da Costa (Biguaçu, SC)

A nossa literatura brasileira vem de uma hierarquia branca, desde escritores renomados a diplomatas e nesse meio poucos escritores negros reconhecidos.  E os que se destacam fazem um grande trabalho trazendo representatividade para toda população negra. Em destaque temos o escritor e poeta Samuel da Costa da cidade de Itajaí no estado de Santa Catarina. Samuel da Costa é um grande escritor catarinense que traz na sua escrita o resgate de palavras em desuso da língua portuguesa.

Em alguns trechos de seus versos me perco entre o poeta de Itajaí e o poeta de Florianópolis Cruz e Sousa. O lado melódico, dramático, romântico, e cético é constante em seus versos. Uma obra neossurrealista e um tanto contemporânea e neo-simbolista.  O poeta vem para marcar a literatura brasileira do século XXI. O Catarinense nasceu na cidade de Itajaí em 5 de agosto de 1975.

Um dos seus livros, ‘’Uma Flor Chamada Margarida’’ traz em simplicidade a dor, a solidão, demais emoções e as mudanças da vida. Sua escrita tem uma particularidade e contrasta com a velha escrita. Os seus poemas e seus emblemáticos personagens fazem das suas prosas uma escrita única. Uma vertente de vários cenários e sensações. O que mais marca na sua escrita são as diversas mulheres descritas por ele. Em cada personagem o autor retrata a dor, o desejo, a fantasia sem fugir da realidade. Cada trecho gera uma sensação de sentimentos. Muitas das vezes o escritor falou de amores fugazes em breves momentos.

Em meio a tempos modernos, onde a tecnologia digital e mídia se contrastam esse amor eloquente e sua escrita sobrevive. Na sua bagagem literária têm em seu currículo três grandes obras, o primeiro se chama ‘’Horizonte Vermelho’’, o segundo ‘’Uma Flor Chamada Margarida’’ e em terceiro o livro ‘’Século XX’’. Sua ligação com a literatura começa na faculdade. Em 2005 largou publicidade e propaganda na UNIVALI. Já em 2010 entrou na faculdade de publicidade e propaganda. Por fim, entrou em 2011 na UNIASSELVI para fazer belas letras, onde então se formou em 2017.

Diariamente sua luta tem ganhado mais força, mostrando a resistência do povo negro e assim Samuel da Costa tem nos representados com maestria. Como ele próprio diz não é fácil ser negro, pobre e escritor no sul do Brasil. E nessa jornada difícil o autor se desafiou ao lançar o livro ‘’Soláris IV’’. O lançamento desta obra aconteceu no dia 17 de outubro de 2019, no SESC de Itajaí. Uma quinta-feira repleta de escritores e amigos prestigiando o grande feito do escritor catarinense.

         A obra traz muitas vertentes e vem com um simbolismo que exalta os deuses imortais. As suas belas musas são quase como seres perfeitos e intocáveis. O autor tem a capacidade de viajar para dentro de si e em nanosegundos se perder em um mundo particular onde estão todos os seus questionamentos, dores e perdas. Como eu havia dito no prefácio desta obra, ‘’um mundo totalmente seu em um sonhar acordado para uma realidade pós-modernista entre o tempo e o espaço’’. 

Sobre o Soláris IV perguntei ao autor o que o livro tem de significado para ele. O escritor me disse que: – É um trabalho, um avanço. Um livro e um produto.

Considerando-se que levou um longo tempo para ficar pronto o livro Soláris IV é um trabalho que reflete poesias e uma sensualidade feminina em cada musa ali presente.

Atualmente a sua carreira literária vem cercada de parcerias com poetas e artistas, alguns do nosso querido Continente Africano e outros pelo Brasil. Em 2002 em parceria com a escritora catarinense Clarisse da Costa o escritor lançou o livro Hiper-grafia. Para além das nossas existências inexistentes, o livro Hiper-grafia, é composto por duas obras distintas, “A Rosa da Paixão” da autora Clarisse e a “Série Amor em Vermelho” do autor Samuel. A obra contém poemas intensos que em comum falam do amor e suas nuances.

Duas escritas diferentes, mas que fazem do livro uma obra única. Este livro, como diz o escritor Samuel, nasce sobre a necessidade de haver uma literatura negra no sul do Brasil. Para ser bem claro, um estado embranquecido. Uma europeia no Brasil. Os versos vão além da fantasia ou ilusão, as emoções acarretadas de dores angústias, esperança e luta são frutos do meio que nos produziu. Nascemos já carregando o peso de uma história colonizada que achou por bem roubar nossa identidade e o chão que pisamos.

 

Clarisse da Costa é poetisa, contista, cronista e designer gráfico em Biguaçu, Santa Catarina.

Contato: clarissedacosta81@gmail.com

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