Por Clarisse da Costa (Biguaçu, SC)
Eu poderia estar pisando
Numa poça d'água
Se não fosse tão tarde.
A chuva que cai esta noite
Me traz tantas recordações.
Eu consigo me ver
Com os meus barquinhos de papel
E os meus pés pisando
No barro vermelho
Em frente à minha casa.
De alguma forma estranha
Eu tinha liberdade
Mesmo que limitada.
Os tempos eram outros.
Dá para acreditar que
O céu era mais azul?
Falando assim
Até parece que alguém
Andou dando um retoque na cor
Como se o céu fosse
A tela de um pintor famoso.
Mas é que,
As perspectivas daquele período
Eram outras.
E no entanto,
O preconceito sempre me seguia.
Eu me perdia entre as incertezas
Diante do espelho
E os sonhos que brotavam em mim.
A gente sonhava
Sem ter a certeza de alguma coisa.
É como se a gente sonhasse
Apenas por sonhar.
Vai que por acaso acontecesse.
Desculpa.
Esqueci que o acaso não existe.
Mas também não dá para dizer
Que o destino tem data
Marcada para acontecer.
O calendário é um mero figurante!
Clarisse da Costa é poetisa, contista, cronista e designer gráfico em
Biguaçu, Santa Catarina.
Contato: clarissedacosta81@gmail.com
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