Por Clarisse Cristal (Balneário Camboriú, SC)
Eu sempre soube
Daqueles compartimentos
Mais que secretos
No quarto dos meus pais
***
Em sempre imaginei
As velhas tecnologias eletromagnéticas
E analógicas
Guardando lascivos segredos
O império dos sentidos
O amante de Fanny Hill
O caderno rosa de Lori Lamby
***
E sempre soube
Da existência
Daqueles lugares obscuros
Onde eles guardam
Os sex toys... os géis...
Os anéis...
Os cremes e pomadas
***
Eu sempre os vi...
Bem longe daqueles
Velhos clichês
Das fugas clandestinas
Em horários impróprios
Para hospedarias de alugueis efêmeros
Em recantos distantes
E obscuros
De camisinhas baratas
Sonolentas esvaecendo
Em compartimentos secretos
Nas carteiras ou nas bolsas
Dos sacrossantos progenitores
Meus
***
Sempre quis dizer adeus
As belas-letras
E as belas-artes
Aos meus bons e velhos
Amigos imaginários
Sempre a recitar versos nevoentos
E intrincada prosas nos meus ouvidos
E abraçar a hirta realidade
A um passo minha frente
Clarisse Cristal é poetisa, novelista e bibliotecária em Balneário Camboriú, Santa Catarina.
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