domingo, 1 de setembro de 2024

OS AMORES DE GUILHERMINHO E HENRIQUETA (PARTE 1)

                    

OS AMORES DE GUILHERMINHO E HENRIQUETA

OU

O GRANDE AMOR DE JÚLIO DINIS


                   Por Humberto Pinho da Silva (Porto, Portugal)

 

Contraíra, em 1827, casamento, a Senhora Dona Ana Constança Potter Pereira Lopes, de ascendência inglesa, com o Dr. José Joaquim Gomes Coelho, médico do hospital da Ordem de S. Francisco, no Porto.

Nasceram-lhes nove filhos, todos pereceram, vítimas da tuberculose. Por último apareceu o Guilherminho, – Guilherme Gomes Coelho, – menininho que seria, mais tarde, famoso escritor, usando o pseudónimo literário, de: JÚLIO DINIS.

O rapazinho nascera a 14 de novembro de 1839. Doze anos depois de Dona Ana Constança se ter matrimoniado.

O parto deixou-a muito debilitada, e recomendou, o médico, receando que viesse a contrair a tuberculose, ausentar-se para a província, longe dos ares pestilentos da cidade.

Possuía Dona Ana, íntima amiga: a Senhora Dona Maria Teodora, que morava em Grijó, Gaia, na “Quinta da Fábrica", que prontamente se prontificou a recebê-la, assim como o pequerrucho Guilherme.

Dona Maria Teodora, nascera em 1782, em S. Nicolau, Porto, como sua amiguinha, embora em épocas diferentes.

Dona Teodora era solteira, de estatura meã, e senhora de vastos bens. Trajava à moda da cidade, de chapéu, mesmo quando se deslocava á aldeia.

Receando conflitos fratricidas, entre D. Miguel e D. Pedro, refugiou-se na sua quinta, fugindo das sarrafuscas da cidade do Porto.

Era prima do Sr. Reitor, de Grijó. O sacerdote, frequentemente a visitava, e ainda que Dona Teodora tivesse procurador, orientava-a no governo do património.

Lia pouco a Senhora Dona Maria Teodora, ou quase nada, e escrevia menos ainda. Confiava no procurador, que segundo parecia, lapidava-lhe o património.

Como Dona Ana Constança viesse a falecer, a 25 de novembro de 1844, o Guilherminho, ficou ao cuidado de Dona Teodora.

Afeiçoou-se, de tal modo, ao pequeno, assim como a criada, Maria Corveira, que ambas não o largavam, enchendo-o de mimos

Dona Teodora passou a ser para o Guilherminho, como se mãe fosse e o menino, que era amoroso, carinhosamente a tratava por: tia.

Entretanto a criança cresceu e foi matriculado na Escola Primária de Massarelos, Porto; depois o liceu, concluindo o curso de medicina, em 1868, vindo a ser professor, na Escola Médica.

Júlio Dinis, o Guilherminho, sempre que podia, e lho permitiam, " voava" para a aprazível “Quinta a Fábrica".

Saudades da tia Teodora? Sim; mas também da amiguinha, inesquecível, companheira de brincadeira, de infância.

Em Grijó, sentia-se em casa e, o local era-lhe recomendado para o tratamento do mal, que o corrompia.

Todavia, outro motivo, o levavam a Grijó...

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