OS
AMORES DE GUILHERMINHO E HENRIQUETA
OU
O GRANDE AMOR DE
JÚLIO DINIS
(Continuação)
Por Humberto Pinho da Silva (Porto, Portugal)
O Prior, era primo de Dona
Maria Teodora e tinha uma sobrinha, sua pupila, chamada Henriqueta.
A menina afeiçoou-se, desde
cachopa, pelo Guilherminho, seu companheiro de folguedo, e tanto adiante foi a
amizade, que nasceu um grande amor: uma grande paixão.
O Prior gostava do estudante
(Júlio Dinis,) que descansava na "Quinta da Fábrica", e via, com bons
olhos o namoro, assim como Dona Teodora, mas temiam a doença, que já lhe
vitimara os irmãos. O rapaz era franzino, e não se descortinava melhoras, nem
cura.
Já aos dezassete anos tivera o
primeiro aviso, mandaram-no para Ovar, para casa da tia, irmã do pai, ai
permaneceu quatro longos meses.
O casamento seria, portanto,
desastroso e teria, certamente, desfecho funesto.
A Henriquinha era graciosa,
bonita, bem-educada, bondosa e meiga. Possuía belos e abundantes cabelos
castanhos, que a tornava, se possível, mais encantadora.
Com tantas qualidades seria-lhe
fácil ser requestada pelos pimpões da localidade, e até da cidade vizinha, mas
a Henriquinha recordava-se do companheiro da meninice. Ganhara-lhe amor:
admirava-lhe não a formosura, que a não tinha, Mas: a inteligência, a cultura,
e o futuro promissor. Conhecia a doença do Guilherminho, mas a paixão
toldava-lhe, quase por completo, o perigo desse amor, e ansiosamente esperava
por milagre: a cura.
Depois... sentia-se amada, não
por mero amor, mas por copiosa paixão, que conhecia ser sincera, verdadeira e
pura.
A menina, desde tenra idade,
frequentava as festas, que se realizavam, na “Quinta da Fábrica “, e todas as
semanas acompanhava o Sr. Prior, para brincar com o Guilherminho.
O Reitor, por muito que
gostasse de Júlio Dinis, não podia aceitar o enlace. Tratou, então, de a casar
com seu protegido, um tal, Monteiro de Carvalho.
Quando soube do matrimónio,
Júlio Dinis, sentiu profundo desgosto, que o deixou tísico, de vez.
Se me perguntarem: A Henriqueta
foi feliz? Não saberei responder; mas creio que não, ainda que nunca o dissesse
ou demonstrasse. Portava-se com a dignidade de mulher casada. Todavia, continuava
a ver e a conversar, embora esporadicamente, com Júlio Dinis.
Mas, quem pode ser feliz, se
casou " forçado"? Via-se,ainda, com orgulho e vaidade, que certamente
a ensoberbecia, retratada em "Célia", em: " Uma Família
Inglesa", e de forma velada, em personagens, nos romances de Júlio Dinis (seu
querido, amiguinho, Guilherme.)
O escritor, por três vezes foi
à Ilha da Madeira, em busca de cura, que nunca encontrou.
Veio a falecer a 12 de setembro
de 1871, na Rua Costa Cabral, 284, Porto, com a idade de trinta e um anos,
mergulhado de dor e tristeza, por não ter casado com a “sua” querida
Henriquinha.
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