Por Clarisse da Costa (Biguaçu, SC)
Nessa povoada de gente excluída
Temos o Cristo,
O Pai da nossa liberdade,
Das orações africanas,
Dos nossos cantos aos orixás,
Das diretrizes da nossa caminhada.
O Cristo das nossas tormentas,
Dos encontros das águas
Com a terra,
Da plenitude de ser Pai de todos.
O Cristo preto que
Carrega consigo o peso da opressão.
Açoitado na cruz
Pela sociedade desumana
Não encontra resposta
Para as suas crueldades.
Amando a todos
Na sua igualdade e respeito,
Sem raça, sem cor, sem etnia
Enfrenta uma forte tirania.
Apenas sendo o amor que acolhe
Na sua sabedoria
Abre os braços para acolher
O inimigo.
Pois no seu coração
Não existe espaço para odiar.
Ele na sua essência só sabe amar.
Nos seus olhos têm
O brilho da esperança
De Zumbi
Por uma liberdade justa;
Na sua voz
Entoa o canto de Dandara
Em oração e luta
Pelos seus irmãos;
Rompe as correntes da submissão
E dá voz aos excluídos
Atados por uma democracia desigual!
Para ele entrego meu bordado de fé,
Rendado de cores e esperança.
Deixo que as tuas águas lavem
A minha alma e o meu coração,
Trazendo pôr fim à bonança.
Deixo também que se encarregue
Do meu destino.
Nessa povoada
Sou mais um peregrino
Buscando o meu caminho
De resistência e luta.
Clarisse da Costa é poetisa, contista, cronista e designer
gráfico em Biguaçu, Santa Catarina.
Contato: clarissedacosta81@gmail.com
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