Por Clarisse da Costa (Biguaçu, SC)
No filme conta a história de que
ela o conheceu ao comprar rosas numa floricultura. Eu também adoro rosas,
inclusive recebi algumas rosas com um cartão perfumado com os seguintes
dizeres: - Você me traz as recordações mais lindas quando pela manhã você surge
com o seu lindo sorriso!
Confesso que fiquei balançada, qual
mulher não ficaria? Porém eu não poderia me deixar levar por aquelas palavras.
Sou romântica, mas não idiota. Ele é um tanto misterioso, mas não conseguia
esconder o seu nervosismo ao me aproximar da porta daquele quarto. Por várias
vezes a trancou com cadeado. Tem um retrato que ele esconde por lá, eu sei.
Peguei ele debruçado, chorando sobre o retrato. Infelizmente não consegui ver
quem era. Teve uma hora que ele olhou para trás, a sorte que eu saí correndo
antes que me visse.
É assustador às vezes estar diante de um homem que você só o conhece pela metade. Ele me arredou no seu sorriso, na pessoa que eu pensei que o conhecia. Mas parece que ele morreu por dentro e nem percebeu a sua inexistência. Perde a chance de se encontrar com tantas coisas que lhe fazem mal.
Apaga a luz do quarto e mal
consegue dormir. Acorda e não vê a oportunidade de viver. A ideia do ser
inútil, incapacitado sempre lhe passou pela cabeça. Um ser frágil como tantos
mortais. Abrir a janela, entrar por uma porta era como um abismo dentro de si,
o medo e a frustração que sempre escondeu.
Ele ficou preso nesse medo e era
visível o afastamento das pessoas. A sua frieza, o seu olhar triste e a sua
cara fechada, como conviver com uma pessoa assim?
Clarisse da Costa é poetisa, contista, cronista e designer gráfico em Biguaçu, Santa Catarina.
Contato:
clarissedacosta81@gmail.com
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