Por Clarisse Cristal (Balneário Camboriú, SC)
Leva-me ao céu no instinto voluptuoso.
Mesmo que tudo seja frenesi, demência
Não morreu minha razão, foi toque, pele
Sinto tua essência, alma. Provoca- me...!
Fabiane Braga Lima
Acabo de terminar a novela Opera mundi, um pedido do meu irmão em belas-letras Samuel da Costa. Um desafio, pois a novela em si é um emaranhado de literatura fantástica com ficção científica. Deixamos estes devaneios literários ultrarromânticos para trás e vamos a imersão com a realidade, deixamos a negra rainha enclausurada na torre negra morrendo de amores pelo vate para trás.
Uma pequena volta ao passado, não muito distante, a minha adolescência rebelde, quando andava em negras brumas. O eu uma adolescente gótica, que vivia e ainda vivo em uma cidade praiana, um balneário turístico. Sim, eu estava cansada das idas ao cemitério local, com seus corredores de mármores cinzas, palmeiras, ruas com britas e bem organizadas. O que matou foi ver gaivotas
Geralmente íamos no final da tarde e início da noite, sim eu não poderia ficar até tarde na rua. Lógico, eu era uma menina comportada e meninas comportadas não ficam tarde da noite vagando nas ruas e muito menos no cemitério. Falo aqui dos meus dois amigos em particular, as minhas duas negras alma gêmeas, Greg Sander e Erika Smith, nomes góticos galera. O Lord Sander, um pouco mais velho que eu, era o meu vizinho de prédio e a Lady Erika, da minha idade, era a minha amiga da escola. Haviam outras negras almas em sofreguidão, que gravitavam no nosso entorno? Claro que sim!
Agora estávamos todos conversando online, e o Lord Sander veio com a ideia, de irmos dar um rolê na cidade vizinha, a tal cidade proletária e portuária. Confesso que me deu ânsia, deixar a minha querida cidade vertical para irmos a um mundo distante do meu. Mas depois achei graça da ideia, pois raramente saída do meu conforto introvertido da cidade suicídios.
Ida confirmada e acertada, Lord Sander ficou de acertar a logística, que foi fácil, pois o tio vintage dele, vinha da outra cidade para visitar a parentada. O tio famoso de Sander viaja com frequência para frequentar feiras de carros antigos. O tiozinho era mais maluco que a gente e deixou nas nossas mãos um Chevrolet Opala SS6 1973, totalmente reformado e em perfeito estado.
Lady Erika ficou de abastecer a gente de vinho, cigarros mentolados, músicas e velas. Eu fiquei de abastecer o carro velho e separar os textos a serem lidos, eu particularmente estava casa de Lord Byron, Álvaro de Azevedo e Augusto dos Anjos. Separei uns versos meus, do poeta Vivaldo Terres, Patrícia Raphael e Samuel da Costa. Bom visitar a boa e velha poesia proletária e pessimista da cidade vizinha.
Como vive dizendo a poetisa rioclarense Fabiane Braga Lima
(Fragmento do livro Do diário
de uma louca, de Clarisse Cristal, poetisa, contista, novelista e bibliotecária
de Balneário Camboriú, Santa Catarina).
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