domingo, 1 de outubro de 2023

DOS RIDÍCULOS DA VIDA: NO SUBTERRÂNEO DA COMUNICAÇÃO!

Por Samuel da Costa (Itajaí, SC)


Percorri e percorro os labirintos escuro artístico e cultural da minha vila, praticando a boa e velha comunicação alternativa. Lá se vão os informativos fotocopiados, idos a obscuros saraus, lançamentos de livros de pequenas tiragens, perdidos no tempo e no espaço programas de TVs e Rádios de uma cidade pequena. E com muitas histórias para contar, boas e ruins, engraçadas e outras nem tanto.

Mas antes de descrever ridiculices de querubins e querubinas e personagens aleatórios dos subsolos da sociedade, eu tive a divina graça de cursar comunicação social concomitante a este passeio artístico e cultural. Eu tive a brilhante ideia de apostar em misturar as velhas tecnologias montando informativos fotocopiados, colagens de jornais e revistas, stickers, fazia os tais fanzines. Editados em sofisticados programas de computador da época. Com as novas tecnologias digitais, que inundaram o cenário no primeiro decênio do século XXI. Sim! Também inundava contas de caixas de endereços eletrônicos, leia contas de e-mails, com releases para a imprensa.

Mas chega em enrolações enfadonhas, ao inundar caixas e e-mails tiveram lá seus preços e dores de cabeça. Mas ressalto aqui uma ridiculice, bem típica de uma cidade pequena, onde todo mundo se conhece. A bem da verdade, não foi uma ridiculice foram duas, duas situações embaraçosas e ridículas.

A primeira ridiculice, foi dar de cara com um jornalista, um jovem jornalista devidamente formado, pós-graduado em um grande centro e também filho de uma grande mente local, um aclamado e popular professor universitário. O dito cujo, que em um evento cultural aleatório, me inquiriu, de forma agressiva, sobre o fato de encher a conta de e-mails dele. Eu um simples mortal, homem negro, periférico e um típico caipira da beira-mar, só pude responder que ele como jornalista de profissão deveria ter mesmo a conta de e-mails lotada. Isto no meio da rua, em plena luz do dia e cheio de gente em volta e fica na minha mente a feição do garoto, cara de burro quando foge.

Eu como marxista, que sou, recorro ao velho teórico do sul da Alemanha: ‘’A história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa.’’ Karl Marx. Dezoito Brumário de Louis Bonaparte, 1852. Pois bem, o caso aqui não é dar aulas de marxismo ou comunismo e sim dizer que tempos depois em outro em um evento cultural aleatório lá estava eu em uma situação similar. Mas ao invés de ter na minha frente, um rebento, de um querubim, que voava baixo no subsolo e estava diante de outro elemento do subterrâneo da comunicação. Em suma, um ferrando igual a mim, ao contrário do filho do querubim, esse é um pouco mais velho e próximo da minha idade, um radialista local. O dito cujo olhou bem para a minha cara e reclamou que eu estava enchendo a conta de e-mails dele de releases, falou sorrindo e ofendendo a minha sacrossanta mãe. Disse na minha cara que tinha feito uma pasta e que iria usar os meus textos, assim que precisasse, me disse em tom de ameaça. E um pouco de contexto aqui, na época estávamos em campos opostos no mundo da política.

Para os ridículos da vida, o que une os dois textos não é interessante, não para mim, pois eu ser uma pessoa chata, fica para as outras pessoas, eu prefiro a palavra insistente. O que desune os dois textos foram os destinos dos dois personagens, anos depois o primeiro, o proeminente jornalista e filho de um querubim e de uma querubina. Ele estava em um programa de TV local, vendendo perfumes, sais e sabonetes, não que isto seja indigno, mas o fato de ser um apêndice da jovem e linda esposa. O tal aclamado prodígio da cidade pequena, que deveria suceder os progenitores. E o segundo caso não é tão enfadonho e sim que o tal radialista ter ocupado cargo público no parlamento local e ainda estar na em plena atividade nos subterrâneos da comunicação local.

Fragmento do livro: Dos ridículos da vida. Texto de Samuel Costa, contista, poeta e novelista em Itajaí, Santa Catarina. Contato: samueldeitajai@yahoo.com.br

 

 

 

 

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