Por Samuel da Costa (Itajaí, SC)
Percorri e percorro os
labirintos escuro artístico e cultural da minha vila, praticando a boa e velha
comunicação alternativa. Lá se vão os informativos fotocopiados, idos a
obscuros saraus, lançamentos de livros de pequenas tiragens, perdidos no tempo
e no espaço programas de TVs e Rádios de uma cidade pequena. E com muitas
histórias para contar, boas e ruins, engraçadas e outras nem tanto.
Mas antes de descrever
ridiculices de querubins e querubinas e personagens aleatórios dos subsolos da
sociedade, eu tive a divina graça de cursar comunicação social concomitante a
este passeio artístico e cultural. Eu tive a brilhante ideia de apostar em
misturar as velhas tecnologias montando informativos fotocopiados, colagens de
jornais e revistas, stickers, fazia os tais fanzines. Editados em sofisticados
programas de computador da época. Com as novas tecnologias digitais, que
inundaram o cenário no primeiro decênio do século XXI. Sim! Também inundava
contas de caixas de endereços eletrônicos, leia contas de e-mails, com releases
para a imprensa.
Mas chega em enrolações
enfadonhas, ao inundar caixas e e-mails tiveram lá seus preços e dores de
cabeça. Mas ressalto aqui uma ridiculice, bem típica de uma cidade pequena,
onde todo mundo se conhece. A bem da verdade, não foi uma ridiculice foram
duas, duas situações embaraçosas e ridículas.
A primeira ridiculice, foi dar
de cara com um jornalista, um jovem jornalista devidamente formado,
pós-graduado em um grande centro e também filho de uma grande mente local, um
aclamado e popular professor universitário. O dito cujo, que em um evento
cultural aleatório, me inquiriu, de forma agressiva, sobre o fato de encher a
conta de e-mails dele. Eu um simples mortal, homem negro, periférico e um
típico caipira da beira-mar, só pude responder que ele como jornalista de
profissão deveria ter mesmo a conta de e-mails lotada. Isto no meio da rua, em
plena luz do dia e cheio de gente em volta e fica na minha mente a feição do
garoto, cara de burro quando foge.
Eu como marxista, que sou,
recorro ao velho teórico do sul da Alemanha: ‘’A história se repete, a primeira
vez como tragédia e a segunda como farsa.’’ Karl Marx. Dezoito
Brumário de Louis Bonaparte, 1852. Pois bem, o caso aqui não é dar aulas de
marxismo ou comunismo e sim dizer que tempos depois em outro em um evento
cultural aleatório lá estava eu em uma situação similar. Mas ao invés de ter na
minha frente, um rebento, de um querubim, que voava baixo no subsolo e estava
diante de outro elemento do subterrâneo da comunicação. Em suma, um ferrando
igual a mim, ao contrário do filho do querubim, esse é um pouco mais velho e
próximo da minha idade, um radialista local. O dito cujo olhou bem para a minha
cara e reclamou que eu estava enchendo a conta de e-mails dele de releases,
falou sorrindo e ofendendo a minha sacrossanta mãe. Disse na minha cara que
tinha feito uma pasta e que iria usar os meus textos, assim que precisasse, me
disse em tom de ameaça. E um pouco de contexto aqui, na época estávamos em
campos opostos no mundo da política.
Para os ridículos da vida, o
que une os dois textos não é interessante, não para mim, pois eu ser uma pessoa
chata, fica para as outras pessoas, eu prefiro a palavra insistente. O que
desune os dois textos foram os destinos dos dois personagens, anos depois o
primeiro, o proeminente jornalista e filho de um querubim e de uma querubina.
Ele estava em um programa de TV local, vendendo perfumes, sais e sabonetes, não
que isto seja indigno, mas o fato de ser um apêndice da jovem e linda esposa. O
tal aclamado prodígio da cidade pequena, que deveria suceder os progenitores. E
o segundo caso não é tão enfadonho e sim que o tal radialista ter ocupado cargo
público no parlamento local e ainda estar na em plena atividade nos
subterrâneos da comunicação local.
Fragmento do livro: Dos
ridículos da vida. Texto de Samuel Costa, contista, poeta e novelista em
Itajaí, Santa Catarina. Contato: samueldeitajai@yahoo.com.br
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