Por Humberto Pinho da Silva (Porto, Portugal)
Moura e Sá, disse na curiosa obra: " Vida Literatura" (vol.
Póstumo,) uma grande verdade, que poucos se aventuram a escrever em letra de
forma:
"Quando dizemos: João é bom, queremos dizer que antes ele nos afirmou
a sua admiração pelas nossas qualidades; quando dizemos: João é estúpido
queremos realmente significar que ele antes não nos tirou o chapéu com
amabilidade suficiente. Exatamente da mesma maneira que, quando dizemos: este
poema é mau, queremos muitas vezes afirmar que o autor pensa em matéria
política de forma diferente da nossa."
Mutatis mutandis: quando dizemos: este escritor é mau, é porque não tem
afinidade religiosa ou política connosco.
São poucos os que analisam uma obra em total imparcialidade.
Em regra, a fama está quase sempre dependente do: talento, da capelinha
política, da máquina comercial e da época em que se vive (o gosto varia
consoante as décadas.)
O vulgo, que não sabe avaliar nem pensar, é sempre levado, como águas dum
rio, pela mass-media; bate palmas e aplaude o que não entende, mas dizem-lhe
ser bom.
Basta que em unicíssimo lhe digam: é excelente, para que as vendas subam
astronomicamente.
Todos sabemos que os candidatos ao Nobel, são propostos pelos governos, que
arrendam páginas na imprensa internacional e tempo de antena na Rádio e Tv.
Há firmas especializadas nesse serviço, em Estocolmo (Jerry Bergstroem AS,
é uma delas) - veja-se: " O Comércio do Porto", de 6/09/99.
Suspeitava Agustina Bessa- Luís, quando participou - membro do júri -no
Prémio Internacional de Literatura da União Latina, que alguns membros do júri,
mal conheciam obras de alguns candidatos. (C.P.- 23/11/95)
Pelo que se disse, pode-se afirmar que o escritor, é bom ou mau, conforme a
crítica vem da direita ou da esquerda.
Sem mérito, ninguém alcança o estrelato, mas desenganem-se os ingênuos, que
se pode singrar sem o "jeitinho"
É costume dizer-se: "Há sempre uma grande Mulher por trás de um
grande Homem", e é verdade; mas sem máquina comercial ou política,
bem montada, dificilmente nasce um grande Homem.
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