terça-feira, 1 de agosto de 2023

ENTRE RABISCOS E GUERRAS

Por Clarisse da Costa (Biguaçu, SC)

 

Enquanto as guerras

Deixam seus mortos,

As nuvens carregadas

Tiram o brilho do sol,

As flores se molham com

Os pingos da chuva

E no chão se avista o retrato da fome,

Eu visto as asas do poeta

Para escrever esses versos.

Nem que seja uns rabiscos

Em papéis velhos.

A vida mesmo é cheia

Dessas coisas velhas.

A gente vasculha

E relembra antigos amores,

Canções que contam um pouco de nós,

Talvez até o velho relógio

De parede

Que não marca mais as horas.

Não importa. O que importa é

Cada sentimento e histórias que ficaram.

O tempo dirá o sentido delas.

Diz o poeta cansado: dê tempo ao tempo.

Chegou a hora de seguir

O seu conselho,

Só não sei se serve para o caos

Que está lá fora.

Passos acelerados, sorrisos guardados,

Fones nos ouvidos, trânsito agitado,

Uma guerra diária.

Se possível por um momento

Desacelerar o planeta…

Pensando nisso, a primavera seria

Mais longa e as flores

Com mais tempo de vida.

 

Clarisse da Costa é poetisa, contista, cronista e designer gráfico em Biguaçu, Santa Catarina.

Contato: clarissedacosta81@gmail.com

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