terça-feira, 1 de agosto de 2023

JULIETA, NARCISISTA?

Por Fabiane Braga Lima (Rio Claro, SP)

 

Resolvemos fazer uma festa de última hora, pois Jane se encontrava desmaiada, no chão, há horas. Festas com os amigos mais próximos somente. Na piscina, havia umas dez pessoas bêbadas comemorando o aniversário de Jane, que ainda se encontrava desmaiada no chão. Resolvi ir embora, o clima estava ficando pesado demais. Foi quando apareceu Raul, o pai de Jane, seu semblante estava literalmente abatido. Afoito ao ver Jane no chão, pegou a filha, levou-a para o quarto. Ao descer as escadas Raul estava zangado.

— Vândalos, era para comemorar o aniversário de Jane. — Gritou Raul, 

 Todos fingiram não o ouvir.

— Que absurdo! — Esbravejou Raul o dono da casa.O meu nome é Julieta, sou amiga íntima de Jane há anos, sabe que estava enjoada de tudo aquilo. Jane, ingênua, queria ser a garota mais popular do pedaço. Como era tola, a minha amiga e como todos se aproveitavam dela. Embriagavam-na, e sei lá mais o que, arrastava a minha amiga para festas alucinadas. Naquele exato momento, Raul estava intacto, sem saber o que fazer. Um homem divorciado, não havia ninguém para lhe aconselhar.

Subi as escadas, fui até o quarto da minha amiga, a vi deitada na cama, fui até ela em desespero e tentei acordar Jane, que ainda estava desmaiada. Por fim ela acordou, estava pálida e ainda embriagada. Raul apareceu na porta, estava nervoso, adentrou no quarto e me abraçou e me agradeceu. Fiquei arrepiada e excitada. Que homem meu Deus, ele com os seus cinquenta anos de idade, não muito mais velho que o meu pai. Senti-me tola, em pensar que um homem como ele, iria querer alguma coisa comigo, foi apenas um abraço.  E que abraço! O nosso desenlace foi abrupto e difícil para mim.

— Até mais Raul, logo Jane ficará bem! — Disse para o pai da minha amiga.

— Obrigada, Julieta, volte quando quiser! — Falou Raul com rouquidão na voz. 

Desci as escadas e nem me importei com os poucos seres humanos que ainda estavam na casa.

Bom! E tenho que arrumar, uma desculpa qualquer para voltar. Preciso vê-la novamente, quem sabe, eu possa dar alguns bons conselhos amigáveis, para aquela família.

Uns dias depois fui até a casa da Jane, apertei a campainha, uma mulher me atendeu. Logo chegou Raul!

— Julieta, está bela mulher, é a mãe de Jane! — Falou Raul com terno carinho.

— Prazer, sou amiga de sua filha! — Falei enciumada e irada, eu precisava tirar aquela infeliz do meu caminho, logo pensei, pois eu desejava Raul, eu o queria, como meu homem.

Lembrei-me então que, Jane tomava soníferos, então, pensei em algo. Oferecer uma taça champanhe, para a ex-mulher de Raul, com algumas gotas de sonífero. Depois é esperar que a jovem senhora, dormir como um anjo. Enquanto, eu e Raul, ficaríamos a sós.


 Fabiane Braga Lima, poetisa, contista e novelista em Rio Claro, São Paulo.

Contato: debragafabiane1@gmail.com

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