Por Samuel da Costa (Itajaí, SC)
Dos meus anos de serviço no público
local, no baixo escalão e dos fortes laços profissionais e de amizades, que eu
construí em meio aos meus iguais trabalhadores e trabalhadoras, ressalto um
relato que me foi passado. Eu o agente do aparato repressivo do estado, em um
bate papo, fora do meu turno de trabalho, estava eu na casa de um colega de
trabalho.
Era a casa do meu bom e saudoso
amigo de trabalho, ele me relatou em meio um café preto e outra, no tempo que
ele trabalhava em no presídio local. A bem da verdade, ele me contou, o que era
sabido a boca pequena, no que disse, que quem era designado para trabalhar no
presídio local, era um refugo. O meu bom amigo, me disse, que tinha destino
trabalhar na carceragem, era profissionais da segurança pública, que não eram bem-vistos
por um motivo ou outro, pelos seus superiores hierárquicos.
Eram agentes de segurança civis e
militares, que iam para o limbo, da máquina pública. O meu bom amigo, de
serviço público, me informou que eram doze agentes de segurança, mal pagos e
mal treinados, para seiscentos apenados e apenadas bem-organizados e
organizadas. Uma receita para pequenos e grandes desastres e tragédias.
E por fim, uma olhada para baixo
depois de um gole de café e tem início o relato. Ele me relatou a prática de um
cavalo doido, e vai um contexto aqui, cavalo doido é a fuga em massa de presos,
uma corrida disparada pela porta da frente. E mais um pouco de contexto aqui, o
cavalo doido, geralmente acontece em delegacias superlotadas, e geralmente
ocorre em grandes centros urbanos. Onde delegacias se transformaram em mini
presídios superlotados, com agentes civis de segurança com função investigativa
se transformando em carcereiros e carcereiras.
Um cavalo doido, em um pequeno
presídio, é um pouco improvável. Ridículo digo eu, logo eu que nasci e passei a
minha primeira infância, onde anos mais tarde, foi construído o presídio local,
tendo eu parente que são vizinhos ao presídio local. E digo que é o local mais
seguro da cidade, devido aos agentes militarizados do aparato repressivo do
estado, munidos de fuzis de grossos calibres nos muros do presídio. Um dos
locais mais policiado da cidade, as taxas de criminalidade no entorno do
presídio são baixas.
Nada falei e esperei o relato do
meu bom amigo, uma pessoa que levava a sério a farda que usava há época. Um
querubim apareceu no portão de entrada do presídio, era cedo, de manhã, era a
troca de turno e o querubim exigiu do agente militarizado de segurança, o
porteiro do presídio, as chaves do portão. Era o pior dos trabalhos do
presídio, ficar de pé doze horas, em no turno da noite, minutos antes da troca
de turnos. O agente de segurança, um pouco relutante, repassou a chave do
portão, para o seu superior hierárquico e foi embora, pois bem, a esta altura
do relato eu me perguntei, os porquês de um querubim graduado, dispensar o
porteiro do presídio de suas funções. Foi aí, que ele me disse do cavalo doido,
uma fuga em massa de apenados, pelo portão da frente do presídio, em um início
de semana.
Em um inquérito marcial que se
seguiu, assim me disse o meu bom amigo, segundo se sabe o tal querubim
graduado, disse que foi atingido na nuca e desmaio e que não se lembrava de
nada. Este relato foi o primeiro de muitos que se seguram.
Fragmento do livro Dos
ridículos da vida, de Samuel Costa
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