quarta-feira, 1 de novembro de 2023

DURVAL E LANA: FINAL

Por Fabiane Braga Lima (Rio Claro, SP)

 

Durval ficou sentado na rua, sujo como um mendigo qualquer. Não sente remorsos, afinal, ele quis agir desta forma, ele decidiu fugir dos problemas como um covarde. Durval deixou de lado o filho e a esposa, esqueceu que Gael estava deitado na cama, enfim, o orgulho prevaleceu sobre o orgulho.

E eu decidi seguir em frente, arrumei um novo serviço, e vizinhos se solidarizaram com minha história de vida. Não posso mentir, que sentia falta de Durval, sozinha em casa com Gael o meu filho pequeno, sozinha eu não tinha ninguém para compartilhar o meu sofrer.

Passaram-se meses, fui me acostumando, a nova rotina pois o meu filho respirava, ele estava vivo e precisava de mim. Não era lúcido, e sem alternativa quando precisava sair, o deixava sozinho. Praticamente estava vegetando como Gael, vivendo por ele, enquanto muitos, inclusive o médico me aconselhou dizendo: — Lana desliga os aparelhos que mantêm Gael, ele está sofrendo?

             — Jamais, meu filho respira! — Respondi enfática

             — Gael, está morto, não há mais solução! — Refutou o médico

Então suspirei fundo, deixando o médico e o consultório para trás e fui embora. Chega de médicos, agora sou eu e Gael.

              Deixe para trás muita bagagem desnecessária, inclusive Durval. Com o passar do tempo, eu descobri que ele voltou a trabalhar e arrumou uma amante. Já o quadro de Gael piorou, e em uma noite segurei em sua mão, calada, dizia para mim mesma: — Mamãe está aqui meu filho! — E perguntei sussurrando —       Chegou a hora de partir meu filho? Não havia mais recursos, na verdade, o médico estava certo, Gael estava morto, lutando para respirar.

No dia seguinte, Gael havia partido, sabe, acho que fiquei aliviada. Durval não apareceu, para se despedir do filho. Vizinhos, mais uma vez, se solidarizaram com o meu infortúnio e me ajudaram com o velório do meu Gael, o meu menino. Percebi, que comecei a viver, conhecer pessoas novas, e nunca mais procurei Durval. Seu orgulho era que matava dia a dia. Hoje, sou outra mulher com várias cicatrizes na alma, mas digna e honesta.

Fim.

Nota da autora: Foram os blogs que me aquietaram, quando notei que estava só!

 Fabiane Braga Lima, é poetisa, contista e cronista em Rio Claro, São Paulo.

Contato: debragafabiane1@gmail.com                                          

 

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