quarta-feira, 3 de setembro de 2014

AHORA ES CUBA

Por Pablo Neruda (1904-1973)

Y luego fue la sangre y la ceniza.

Después quedaron las palmeras solas.

Cuba, mi amor, te amarraron al potro,
te cortaron la cara,
te apartaron las piernas de oro pálido,
te rompieron el sexo de granada,
te atravesaron con cuchillos,
te dividieron, te quemaron.

Por los valles de la dulzura
bajaron los exterminadores,
y en los altos mogotes la cimera
de tus hijos se perdió en la niebla,
pero allí fueron alcanzados
uno a uno hasta morir,
despedazados en el tormento
sin su tierra tibia de flores
que huía bajo sus plantas.

Cuba, mi amor, qué escalofrío
te sacudió de espuma la espuma,
hasta que te hiciste pureza,
soledad, silencio, espesura,
y los huesitos de tus hijos
se disputaron los cangrejos.


Por Pablo Neruda (1904-1973)

Se não puderes ser um pinheiro, no topo de uma colina,
Sê um arbusto no vale mas sê
O melhor arbusto à margem do regato.
Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser um ramo, sê um pouco de relva
E dá alegria a algum caminho.

Se não puderes ser uma estrada,
Sê apenas uma senda,
Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...

Mas sê o melhor no que quer que sejas.

SINTO

Por Pedro Du Bois (Balneário Camboriú, SC)

Sinto pelo atraso: a chuva
                              e o casaco
                                       impedem
                                       o apressado.

Nunca sei a hora incerta da chegada.
Muitas vezes me enredo nas teias da janela.
Nunca saio mais cedo para o trabalho.
Muitas vezes sou o último na batalha.

Refaço o jarro e jogo a água:
a flor se afoga
em gargarejos. A água revolta
a terra residual. O vaso quebrado
na ilusão da liberdade.

Desculpe-me pelo atraso: a água
                                             escorre
                                             as flores

                                             ao piso.

TRAIR

Por Pedro Du Bois (Balneário Camboriú, SC)

No desgosto
          da hora
 retiro o gesto
de despedida.

A porta fechada
     a passagem.
O rosto impassível
        na passagem.
A passagem deixada

            em resposta.

VIVER

Por Pedro Du Bois (Balneário Camboriú, SC)

Vivo momentos sem comentários
na análise de séries intercaladas.

Reviso momentos escutando
histórias de vidas ultrapassadas.

Reavivo momentos em calado
          discurso de vida inteira.

Vivo momentos: retiro da árvore
o fruto e o descasco em lâminas.

Revivo o instante no momento
               que me é simpático.

MAL SECRETO

Por Raimundo Correia (1859-1911)

Se a cólera que espuma, a dor que mora
N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse o espírito que chora
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja a ventura única consiste

Em parecer aos outros venturosa!

AS POMBAS

Por Raimundo Correia (1859-1911)

Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada...

E á tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...

Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;

No azul da adolescência as asas soltam
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,

E eles aos corações não voltam mais...

VOLVERÁN LAS OSCURAS GOLONDRINAS

Por Gustavo Adolfo Becquer (1836-1870)

Volverán las oscuras golondrinas
en tu balcón sus nidos a colgar,
y otra vez con el ala a sus cristales
jugando llamarán.

Pero aquellas que el vuelo refrenaban
tu hermosura y mi dicha a contemplar,
aquellas que aprendieron nuestros nombres…
¡esas… no volverán!.Volverán las tupidas madreselvas
de tu jardín las tapias a escalar,
y otra vez a la tarde aún más hermosas
sus flores se abrirán. Pero aquellas, cuajadas de rocío
cuyas gotas mirábamos temblar
y caer como lágrimas del día…
¡esas… no volverán!

Volverán del amor en tus oídos
las palabras ardientes a sonar;
tu corazón de su profundo sueño
tal vez despertará.

Pero mudo y absorto y de rodillas
como se adora a Dios ante su altar,
como yo te he querido…; desengáñate,

¡así… no te querrán!

SONNET 4

Por William Shakespeare (1564-1616)

Unthrifty loveliness, why dost thou spend
Upon thy self thy beauty's legacy?
Nature's bequest gives nothing, but doth lend,
And being frank she lends to those are free:

Then, beauteous niggard, why dost thou abuse
The bounteous largess given thee to give?
Profitless usurer, why dost thou use
So great a sum of sums, yet canst not live?

For having traffic with thy self alone,
Thou of thy self thy sweet self dost deceive:
Then how when nature calls thee to be gone,

What acceptable audit canst thou leave?
Thy unused beauty must be tombed with thee,

Which, used, lives th' executor to be.

SONNET 3

Por William Shakespeare (1564-1616)

Look in thy glass and tell the face thou viewest
Now is the time that face should form another;
Whose fresh repair if now thou not renewest,
Thou dost beguile the world, unbless some mother.

For where is she so fair whose uneared womb
Disdains the tillage of thy husbandry?
Or who is he so fond will be the tomb
Of his self-love, to stop posterity?

Thou art thy mother's glass and she in thee
Calls back the lovely April of her prime;
So thou through windows of thine age shalt see,

Despite of wrinkles, this thy golden time.
But if thou live, remembered not to be,

Die single and thine image dies with thee.

SONNET 2

Por Willliam Shakespeare (1564-1616)

When forty winters shall besiege thy brow,
And dig deep trenches in thy beauty's field,
Thy youth's proud livery so gazed on now,
Will be a totter'd weed of small worth held:

Then being asked, where all thy beauty lies,
Where all the treasure of thy lusty days;
To say, within thine own deep sunken eyes,
Were an all-eating shame, and thriftless praise.

How much more praise deserv'd thy beauty's use,
If thou couldst answer 'This fair child of mine
Shall sum my count, and make my old excuse,'

Proving his beauty by succession thine!
This were to be new made when thou art old,

And see thy blood warm when thou feel'st it cold.

SONNET 1

Por William Shakespeare (1564-1616)

From fairest creatures we desire increase,
That thereby beauty's rose might never die,
But as the riper should by time decease,
His tender heir might bear his memory:

But thou contracted to thine own bright eyes,
Feed'st thy light's flame with self-substantial fuel,
Making a famine where abundance lies,
Thy self thy foe, to thy sweet self too cruel:

Thou that art now the world's fresh ornament,
And only herald to the gaudy spring,
Within thine own bud buriest thy content,

And, tender churl, mak'st waste in niggarding:
Pity the world, or else this glutton be,

To eat the world's due, by the grave and thee.