Por Paccelli José Maracci Zahler (Brasília, DF).
Revista literária virtual de divulgação de escritores, poetas e amantes das letras e artes. Editor: Paccelli José Maracci Zahler Todas as opiniões aqui expressas são de responsabilidade dos autores. Aceitam-se colaborações. Contato: cerrado.cultural@gmail.com
segunda-feira, 1 de maio de 2017
EQUIDISTANTE
Por
Samuel da Costa (Itajaí,SC)
Equidisto
Não
existo...
Apequeno-me
Diante
de ti!
***
Mas,
tu existes distante de mim.
Vejo-te
todos os dias...
Pelas
manhãs!
Estás
diante de mim,
Estás
distante de mim...
***
Perco-me
perto de ti.
Perco-me
diante de ti.
***
Equidisto!
Não
existo...
Inexisto
longe de ti...
***
Existe
diante de mim...
Todos
os dias...
Existe
distante de mim!
***
Todos
os dias, eu me perco!
Diante
de ti.
Tão
distante...
Tão
perto de mim
Percebo-te
diante de mim.
***
Perpasso
nos meus sonhos...
Transpasso
as fronteiras
Que me
separam de ti
Nos
meus sonhos
Estás
tão bela...
Tão
linda
Tão
perto de mim
Nos
meus sonhos, és minha!
***
Pelas
manhãs
Estás
tão dispersa...
E tão
distante e impossível para mim.
EXIGÊNCIAS
Por Pedro Du Bois (Balneário Camboriú, SC)
O
rito exige o desassossego
do
artista no plano
em que
se apresentam
cenas
improvisadas
o rito
exige respeito ao momento
em que
o poeta desrespeita
o tempo
na hora em que palavras
atropelam
o rigor e o texto explode
no papel
o rito
exige o cumprimento
negado
ao que ocorre
na
memória recuperada
quando
me vejo em você.
REQUIREMENTS
By Pedro Du Bois (Balneário Camboriú, SC)
(Marina Du Bois, English version)
The rite
requires an uneasiness
of the artist
when
improvised
scenes
are presented
the rite
requires respect to the moment
when the poet
disrespects
the time when
words
run over
rigor and the text explodes
on paper
the rite requires
the denial
greeting of
what happens
in the
recovered memory
when I see myself in you.
EM CHAMAS
Por
Samuel da Costa (Itajaí, SC)
Para Pricilla Martins
Eu não
sagro Ares
Nem
Hades
***
Evito
ao máximo
A
fúria assassina
Da
malta ensandecida
Que
pela perdida rua passa
Atrás
da próxima vítima indefesa
***
Eu
prefiro acreditar
Que a
minha felicidade
Está
parada
Bem
ali na esquina
Esperando-me
Com um
belo sorriso nos lábios
***
Eu não
sagro Adônis
Nem
Eros
Que a
perfeição
Dos
seres imortais
Fique
bem longe de mim
***
Eu
prefiro apreciar
O doce
eflúvio
Que
das damas da noite
Exalam
***
Ficar
acordada
Até
mais tarde
E
apreciar a infinda sinfonia
Dos
astros
Na
noite de luar em sangue
***
Apreciar
O
cantar de ébrio
Que
passa trôpego
Pela
deserta rua
***
Eu
prefiro
Aceitar
o convite
Que a
vida me fez
E
abraçada junto a ela
Valsar
e valsar
Pela
noite eviterna
TENRA
Por Pedro Du Bois (Balneário Camboriú, SC)
A
planta
Fixa
Fixada
Em
terra
Tenra
vida
Onde o
machado
Veneno
Tormenta
Mão
Age em
desacordo
A flor
Seca
Entre
folhas
Do caderno
Como
lembrança.
TENDER
By Pedro Du Bois (Balneário Camboriú, SC)
(Marina
Du Bois, English version)
The
plant
Set
Fixed
On the
ground
Tender
life
Where
the axe
Poison
Storm
Hand
Acts in
desagreement
The
flower
Dry
Amid
sheets
From
the notebook
As a remembrance.
UM HIALINO DESEJO
Por
Samuel da Costa (Itajaí, SC)
Para Fáh Butler Rodríguez
Talvez
não seja um sonho.
Enfim...
E ela
esteja lá...
Na
alcova minha
À meia
luz!
Esperando
por mim...
Enquanto
na vitrola...
Toca o
mais puro lamento negro,
A mais
cristalina negra dor.
***
Talvez
ela esteja...
Esperando-me!
Com o
seu corpo incorpóreo infindo.
Pronta
para me amar!
Sua
boca vermelha,
Pronta
para me beijar.
Suas
airosas mãos prontas,
Para trespassar-me
por fim.
***
Talvez
não seja um ignoto sonho.
Um
sibilino desejo nefelibata!
***
Talvez
ela esteja lá por fim...
Toda
coberta pelo negro luar!
Envolta
na mística bruma.
Junto
com as negras rosas halfeti
Fazendo
lhe...
Uma
triste e solitária companhia,
Enquanto
me espera chegar!
***
Sim...
Talvez
seja.
Mais
que um sonho decadentista...
E ela
esteja lá...
Na
alcova minha,
Toda
orvalhada pelo negro luar.
***
Esperando-me!
Pronta
para me amar.
VERGONHA
Por Pedro Du Bois (Balneário Camboriú, SC)
Rubro
rosto
na
vergonha
da
palavra
o
comprimido sobre a mesa
o copo
d’água
rubra
face
na
vergonha
do
encontro
comprimidos
sobre a mesa
o copo
d’água
lívida
face no desencontro
sobre a
mesa o copo vazio.
SHAME
By Pedro Du Bois (Balneário Camboriú, SC)
(Marina Du Bois,
English version)
Red face
in shame
of the word
the pill on the table
the glass of water
red face
in shame
of the meeting
pills on the table
the glass of water
livid face on mismatch
on the tabe an empty
glass.
O DERRADEIRO FIM...
Por
Samuel da Costa (Itajaí, SC)
Para João da Cruz e Sousa
caminho
do martírio
Ninguém
ouvira seus gritos
Muito
menos seus prantos…
***
No
lago o Cisne Negro & as águas cristalinas...
E no
céu: as nuvens brancas
Os
astros...
A
lua...
As
estrelas
***
Na
terra: o lamento!
Os
gritos de dor
O
martírio
Do
negro
Do
pobre
Do
artista
Do
trabalhador
QUASE EXISTÊNCIA (A MINHA ARTE FINAL)
Por
Samuel da Costa (Itajaí, SC)
Para
Fáh Butler Rodríguez
A
realidade liquefeita...
Trouxe
para junto de mim
Quem
não me queria
Ter
por perto...
***
A
realidade relativa
E
pós-moderna
Afastou
completamente de mim...
Quem
eu mais queria
Ver a
meu lado.
***
Agora
tenho nevoentas
E
vagas lembranças...
Daquilo
que nunca vi
Daquilo
que nunca vivi.
***
Ficou
então somente
As
marcas de um tempo surreal...
Que o
relógio nano-tecnológico
Deixou
de marcar a tempos atrás!
Restando
como testemunhas oculares
As
cinzas das horas
Em
Eras remotas
***
Uma
Era perdida
No
descontínuo tempo
E no
espaço abstrato
***
Quem
sabe...
O
mundo sintético na pós-contemporâneo...
Não
comporte mais...
A
minha quasimodesca...
E
frágil existência vazia e despropositada.
***
Restando-me
então somente...
Ver as
areias do destino...
Desintegrou
aquilo que um dia
Eu
pensei ser
Uma
relação perfeita.
Quando
eu mentia para mim mesmo
VÊNUS NEGRA E O LUAR EM SANGUE
Por
Samuel da Costa (Itajaí, SC)
Para Vanessa Martins DA Maia
Rezo
ao amanhecer
De um
novo dia
Que a
noite chegue logo
E que
tu venhas para mim
***
Rogo
para todos
Os
deuses e deusas
Do
universo infinito
Para
que nunca me deixes sozinha
Nesta
vida
Nem na
outra
***
Oro
nas noites do negro luar
Da lua
em sangue
Que o
desejo cósmico infindável
Desperte-te
Do
sono eviterno
Incendeie-te
por inteiro
Que
venhas rápido
Voraz
e sedento
Ao
encontro meu
Na
nossa alcova etérea
E me
abraces bem forte
Que me
possuas
Completamente
RAINHA VICTÓRIA (NAVEGO PELO MAR DA TRANQUILIDADE)
Por Samuel
da Costa (Itajaí, SC)
Para Victória Butler Rodríguez
Navego
pelo mar da tranquilidade
Eu
tenho esperanças
Renovadas
***
Pois
tenho pensamentos probos
Pensamentos
bons
Mesmo
sabendo
Que
tenho um longo
E
difícil caminho para percorrer
***
A
minha abstrata arte
Já não
conhece mais limites
Criou
asas
Voo
para além do cosmo infindo
***
Tenho
um longo
E
tortuoso caminho
Pela
frente bem sei
Mas
sei também
Que
ela vai estar lá
A
minha espera
Tão
linda e prefeita
Como
só ela sabe ser
***
Já não
dói mais...
A
minha negra arte tão carregada
De dor
e sofrimento
Não
existe mais
***
A
minha negra dor se foi
Dobrou
a esquina e desapareceu
Por
completo em meio
A
massa dissoluta
***
O
crepúsculo eviterno
Já não
cega mais
Meus
quasímodos olhos
Não
temo a negra noite eterna
Com
seus mistérios infindos
***
Tenho
o sono tranquilo
Pois
sei que ela estará
Ao meu
lado
Quando
eu acordar pela manhã
AO VER-TE
Por
Vivaldo Terres (Itajaí, SC)
Ao
ver-te naquela praça fiquei feliz,
Podes
crer!
Eu já
ansiava por te conhecer!
Com estes teus olhos negros.
Que só
tu podes ter!
Com este jeitinho amável...
Que a
mim faz enlouquecer.
***
És
toda maravilhosa, e queres saber porquê?
Enlouqueces
minha alma, enchendo-me de prazer,
E me
sinto renovado, é verdade podes crer.
***
No
mundo quero que saibas
Que é
bom agente amar
Alguém
que nos faz feliz.
Mesmo
fazendo chorar,
Pois o
amor é divino não tem como contestar.
***
Eu
quero viver amando...
Mesmo
sendo para sofrer,
Pois é
uma dor diferente,
Que eu
não posso entender,
Como é
que a gente sofrendo pode-se sentir prazer.
ACHEGAS PARA A HARMONIA NO LAR
Por Humberto Pinho da Silva (Vila Nova de Gaia, Portugal)
- “ Depois de
casado, ele modifica-se…” – dizia certa mocinha a sua mãe, convencida que o matrimónio
era uma espécie de varinha de condão, que tudo transforma ao nosso belo prazer.
Mas não é.
Realmente modifica;
mas não é repentinamente. Essa modificação, demora anos, por vezes décadas…
A personalidade do
conjugue foi formada pela: educação recebida; ambiente em que viveu;
experiências que teve; traumas que passou na infância e na adolescência.
É preciso, quantas
vezes, realizar esforço, quase titânico, para aceitar o parceiro.
Se é verdade que a
personalidade dos casais, pouco a pouco tende a assemelharem-se, porque recebem
influências idênticas; também é verdade, que a personalidade não é estável.
Está sempre em constante evolução: por vezes para melhor, outras, infelizmente,
para pior.
A mocinha que dizia à
mãe, que o noivo, depois de casado, modificava, falava verdade… mas não toda.
No caso apresentado, o
casamento não alterou – a não ser no inicio, – o carácter do marido nem o
espírito de Dom Juan.
Decorridos anos,
conquistou os favores de mulher elegante, de boa posição social. Com ela
vangloriava-se diante dos amigos, e entrava de braço dado nas festas que
frequentava, enquanto a mulher ficava no lar com os filhos…
Alertada pelas amigas,
fez de conta que não entendia; até que a melhor amiga, interrogou-a: “-
Não tens vergonha de ser assim ultrajada?! …”
Abriram-se, então, os
olhos, e vendo a situação ridícula em que vivia, pediu divórcio, apartando-se
daquele que lhe havia feito promessas de amor eterno.
A vida conjugal é
feita mais de pequenas renúncias, que de grandes conquistas…
Para haver harmonia no
lar, é mister que ambos tentem agradar-se mutuamente, privando-se, por vezes,
de desejos e prazeres, para que o outro se sinta feliz e retribua.
O amadurecimento da
personalidade de cada um, realiza-se lentamente, muito lentamente, e depende
muito da escolha que se fez:
Se ambos tiverem
gostos semelhantes, religião, cultura, e principalmente forem crentes convictos
e tementes a Deus, a harmonia surge facilmente, porque a vida conjugal não é
apenas física, mas espiritual.
Problema sempre
difícil de solucionar, que se agudizou nos dias de hoje, é o facto de, a mulher,
usufruir rendimento superior ao marido.
A mente masculina
custa-lhe aceitar a situação de inferioridade, seja cultural ou monetária.
Jovem médico desistiu
de casar com colega, porque esta, além de ser considerada competentíssima,
recebia vencimento superior ao seu…
Dificuldade – que não
é difícil de ser ultrapassada, desde que haja compreensão e boa vontade de
ambos, – mas que sempre foi problema para a felicidade do lar.
Na “ Carta de Guia de
Casados” o nosso clássico, D. Francisco Manuel de Mello, recomenda, igualdade: “
no ser, no saber e no ter.”
Em suma: o casamento
não resolve todos os problemas, por vezes, complica; mas os conjugues, que
buscam a felicidade, não devem descurar pequenos grandes conselhos, que
suavizam as relações:
Não criticar; ser
atencioso; interessar-se pelos sucessos do conjugue; e sobre tudo: aceitá-lo
como é: com os defeitos e limitações…
Não há ninguém perfeito…
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