Por Paccelli José Maracci Zahler
1. Introdução
Os pesquisadores e exploradores, como os
russos Nicholas Notovich e Nicholas Roerich, viajando pela Ásia Central
disseram ser comuns as histórias sobre a existência de um mundo subterrâneo no
qual viveriam os grandes mestres e benfeitores da humanidade.
Tais relatos têm inspirado romancistas e
aventureiros e são objetos de estudo de muitas sociedades e grupos esotéricos e
ocultistas, principalmente, teosóficos.
Há indícios de que Adolf Hitler teria
patrocinado várias expedições científicas pelo Norte da Índia e Tibete em busca
de passagens para o mundo subterrâneo onde viveria o Senhor ou Rei do Mundo.
Uma aliança política com esse povo poderia representar o controle de todos os
países.
Para entender a história do Mundo
Subterrâneo é necessário conhecer a hipótese de que a Terra é Oca.
2. A Terra Oca
Desde o início do século, alguns
exploradores, dentre eles o russo Dumbrova e o contra-almirante Richard E.
Byrd, têm chamado a atenção para a idéia de que existiria uma terra inexplorada
além dos Pólos Norte e Sul.
Em fevereiro de 1947, o contra-almirante
Byrd realizou um vôo de 2.730 km através do Pólo Norte, tendo descrito uma
região montanhosa, com lagos, rios, vegetação e vida animal. O mesmo feito
repetiu-se no Pólo Sul, entre novembro de 1955 e março de 1956, revelando
"um território novo e vasto", um "continente encantado no céu,
terra de perpétuo mistério", nas próprias palavras de Byrd.
O tema já havia sido explorado pelo
escritor francês Júlio Verne no livro VIAGEM AO CENTRO DA TERRA, publicado em
1864. Neste livro, o personagem principal, Prof. Lindenbrock, seu sobrinho Axel
e um guia islandês partem para uma expedição ao centro da Terra, encontrando
uma região com vida pré-histórica e restos de uma antiga civilização.
Entretanto, o primeiro a formular uma
teoria sobre a Terra Oca, com abertura nos Pólos, foi o escritor americano
William Reed, no livro PHANTOM OF THE POLES, publicado em 1906. Segundo ele,
"a Terra é oca e os Pólos, há tanto buscados, são fantasmas. Há aberturas
nas extremidades norte e sul. No interior, estão grandes continentes, oceanos,
montanhas e rios. É evidente a vida vegetal e animal neste Novo Mundo, que é
provavelmente povoado por raças desconhecidas dos moradores da superfície da
Terra".
Em 1920, outro escritor americano,
Marshall B. Gardner, no livro A JOURNEY TO THE EARTH S INTERIOR OR HAVE THE
POLES REALLY BEEN DISCOVERED? apresenta o mesmo conceito da estrutura oca da
Terra defendido por William Reed, divergindo na crença da existência de um sol
central que originaria o fenômeno da aurora boreal. A Terra teria aberturas
circulares em seus Pólos; e a água dos oceanos, que flui através destas
aberturas, se aderiria à crosta sólida, tanto em cima quanto embaixo, uma vez
que o centro de gravidade se situaria no meio da parte sólida e não no interior
oco. Assim, se um barco navegar através da abertura polar e alcançar o interior
da Terra, continuaria navegando, em direção oposta no lado de dentro da crosta,
podendo atingir o Pólo oposto.
Segundo os dois autores, o clima do
interior da Terra seria subtropical, "livre do calor opressivo dos
trópicos bem como do frio intenso das zonas temperadas", exatamente como
descrito por Júlio Verne.
No livro THE HOLLOW EARTH, publicado em
1969, e que no Brasil recebeu o título de A TERRA OCA, Raymond Bernard,
estudando as teorias de William Reed e de Marshall B. Gardner, e
relacionando-as com os relatos dos exploradores dos Pólos, principalmente do
contra-almirante Richard E. Byrd, tenta provar que a Terra é realmente oca, com
aberturas nos Pólos, que em seu interior existe vida animal, vegetal e humana;
e que lá existiria uma civilização avançada, detentora da tecnologia dos
discos-voadores.
3. Agharta ou Mundo Subterrâneo
Uma vez entendido o conceito da Terra
Oca e admitida a possibilidade da existência de um continente no interior do
planeta, fica mais fácil compreender a lenda do mundo subterrâneo.
No livro CIDADES PERDIDAS DA CHINA,
ÍNDIA E ÁSIA CENTRAL, publicado em 1988, David H. Childress afirma que nessas
regiões as histórias sobre os reinos subterrâneos de Agharta e Shamballah são
muito comuns, porém contraditórias. Às vezes, se diz que Agharta é um reino
subterrâneo que tem como capital Shamballah; outras vezes, que são reinos
distintos, havendo entre eles um certa disputa. A mais aceita, no entanto,
parece ser a primeira.
O reino de Agharta teria sido fundado
por sobreviventes do continente perdido de Atlântida quando este foi engolido
pelas águas do Oceano Atlântico há cerca de 11.500 anos.
Os atlantes (habitantes de Atlântida)
teriam conhecimento desse mundo subterrâneo e teriam contruído túneis
interligando as principais cidades do mundo antigo entre si e com o continente
no interior da Terra. Quando Atlântida começou a afundar, eles se refugiaram no
interior da Terra com todos os seus sábios.
Acredita-se que a cidade de Lhasa, no
Tibete; que a base da Pirâmide de Gizeh, no Egito; que as principais cidades
astecas, maias e incas possuem túneis interligando-as à Shamballah. Até mesmo
no Brasil, mais especificamente no Planalto Central, GO, e Serra do Roncador,
MT, existiriam passagens que conduziriam à Shamballah, pois os atlantes teriam
estabelecido colônias nessas regiões. Há quem relate túneis na região de
Joinville, SC, e cidades perdidas atlantes na região amazônica.
4. A vida em Agharta
A civilização de Agharta seria uma
continuação da civilização atlante, amante da paz e dedicada à pesquisa
científica, sendo capaz de aproveitar as forças naturais, como demonstrado
pelos discos-voadores.
Seu dirigente seria o Rei ou Senhor do
Mundo cujo representante na Terra seria o Dalai Lama.
Durante vários anos, Agharta teria
enviado à superfície vários emissários para ensinar a espécie humana e salvá-la
de guerras, catástrofes e destruição. Os principais emissários seriam
Quetzalcoatl, Jesus Cristo, Buda, Manco Copac e Kut-Humi.
O épico hindu Ramaiana descreve Rama
como um dos emissários de Agharta, o qual teria vindo à superfície da Terra em
um veículo aéreo, chamado vimana, que nada mais seria que um disco-voador. Uma
tradição chinesa fala de professores divinos vindos em veículos aéreos.
Diz-se que Osíris teria sido, também, um
emissário de Agharta e que Salomão havia sido presenteado com um vimana o que
teria permitido o seu deslocamento pela Ásia Oriental.
Agharta teria alcançado um elevado grau
de civilização, de organização econômica e social, e de progressos culturais e
científicos. Suas cavernas seriam iluminadas por uma luz resplandescente que
permitiria o cultivo de vegetais e proporcionaria a seus habitantes uma vida
longa e livre de doenças. Lá, praticamente não haveria velhice nem morte.
Os sexos viveriam separados e não
existiria casamento. Cada um seria livre e independente. As crianças seriam
criadas coletivamente por professores especiais e sustentadas pela comunidade.
Pelo exposto, pode-se verificar que o
livro, posteriormente transformado em filme, HORIZONTE PERDIDO, com a atriz Liv
Ullman, foi baseado na lenda de Agharta com as adaptações necessárias para o
cinema.
No livro OUR PARADISE INSIDE THE EARTH,
o escritor americano Theodore Fitch diz que os discos-voadores são veículos
para viagens atmosféricas que vêm do interior oco da Terra. Seus pilotos são
pequenos e servem a uma raça superior (atlantes). Não aparentam ter mais de 30
anos de idade, são muito inteligentes, falam livremente de forma rápida, certa
e objetiva. Respondem a todas as perguntas, contudo mentem a respeito de coisas
que não querem que as pessoas saibam, ocultando sua origem subterrânea e
fingindo vir de outros planetas. Em geral, se vangloriam de sua mentalidade e
conhecimento superiores, afirmando conhecer todos os idiomas da Terra.
É interessante observar que a descrição
acima coincide com o relato de pessoas que afirmam peremptoriamente ter tido
contato com seres "do espaço".
5. A busca de Agharta
Muitas viagens têm sido empreendidas e
patrocinadas por grupos ocultistas e esotéricos para encontrar as passagens
para o Mundo Subterrâneo. Uma das mais famosas foi realizada pelo coronel Percy
Harrison Fawcett, em 1925, à Serra do Roncador, MT, da qual nunca voltou.
Segundo Hermes Leal, autor do livro CORONEL FAWCETT-A VERDADEIRA HISTÓRIA DO
INDIANA JONES, o coronel Fawcett teria pertencido à Maçonaria e ela teria sido
uma das patrocinadoras de sua expedição.
Durante o período em que esteve no
poder, Adolf Hitler teria organizado pesquisas em busca da Agharta pois,
segundo a doutrina oculta nazista, lá viviam os Super-Homens. Assim, em abril
de 1942, teria enviado uma expedição naval para a ilha de Ruegen, no Mar
Báltico, com o objetivo de tirar fotografias da armada britânica, mirando com a
câmera para cima e fotografando atrás do centro da Terra Oca.
Diz-se que Madame Blavatsky, fundadora
da Sociedade Teosófica, conseguiu fazer contato com mestres de Shamballah e
recebido instruções importantes para o desenvolvimento de sua doutrina.
A busca de Agharta continua e, segundo
Raymond Bernard, a nação que a encontrar e com ela estabelecer alianças,
tornar-se-á a maior do mundo.
6. Considerações finais
Segundo algumas lendas orientais, os
habitantes do Mundo Subterrâneo dividiram-se em dois grupos. Os de Agharta
seguiram o "caminho da direita", da meditação e da bondade; os de
Shamballah, o "caminho da esquerda", do mal, da violência.
Shamballah seria uma cidade de
ocultistas negros, cuja força comandaria os elementos e a humanidade através da
telepatia, hipnose, mediunidade e outros meios ocultos, a fim de acelerar a
chegada da raça humana ao "ponto crucial", provavelmente o Armagedon.
Há quem afirme que emissários shambalistas foram enviados à Alemanha para
ajudar os nazistas e que, após a derrota, Adolf Hitler teria ido para o Tibete
e se estabelecido em Shamballah.
É interessante observar que a antiga
religião tibetana Bon, segundo David Childress, afirma ter-se originado em
Shamballah. Seu símbolo é uma suástica virada para a esquerda, igual à nazista;
os budistas também utilizam uma suástica virada para a direita, simbolizando o
"caminho da direita", em oposição ao ocultismo negro, e, quando
chegaram ao Tibete, buscaram suplantar pacificamente a religião Bon .
Segundo a tradição, tanto Agharta como
Shamballah se conectam em todos os grandes mosteiros do Tibete por um sistema
de passagens subterrâneas, cuja entrada é proibida aos forasteiros e guardada
por monges.
Shamballah é descrita como um vale
maravilhoso e exuberante nas altas montanhas, com uma torre de jade maciço, de
onde se irradia uma luz possante.
Tanto em Agharta como em Shamballah
podem ser vistas fantásticas invenções e artefatos e seus visitantes costumam
sair abismados com o esplendor e a beleza dos lugares, embora tudo seja uma
ilusão mental.
Segundo o Prof. Henrique J. de Souza, da
Sociedade Teosófica Brasileira, em todas as raças da humanidade existe a
tradição de uma Terra Sagrada ou Paraíso Terrestre, a qual somente pode ser
conhecida por pessoas merecedoras, puras e inocentes. O caminho para ela
constitui a motivação central e a chave mestra de todos os ensinamentos
misteriosos e sistemas de iniciação no passado, presente e futuro. Esta chave
era designada pelos antigos rosacrucianos pela sigla vitriol , formada pelas
primeiras letras da frase latina "vista interiora terrae rectificando invenes
omnia lapidem" , para indicar que no interior da Terra está oculto o verdadeiro
mistério.