Por Paccelli José Maracci Zahler (Brasília, DF)
Revista literária virtual de divulgação de escritores, poetas e amantes das letras e artes. Editor: Paccelli José Maracci Zahler Todas as opiniões aqui expressas são de responsabilidade dos autores. Aceitam-se colaborações. Contato: cerrado.cultural@gmail.com
domingo, 1 de julho de 2018
"BIZUNGUINHA E EU"
Lançamento do livro "Bizunguinha e eu" de autoria de Ridamar Batista, Academia de Letras do Brasil, Seccional Anápolis, GO, que aborda lições de vida em uma linguagem fácil. A ilustração foi feita por um rapaz autista que desde criança cria desenhos com lápis de cor e papel A4 comum usando as duas mãos simultaneamente.
A CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
Por Ernesto Wayne (1929-1997)
Agora terminou a Poesia!
Agora se acabaram os Poemas,
Findos terrenos e celestes temas,
Pois agora se foi quem os fazia...
Agora parou mão que os escrevia,
Agora humildes coisas e as supremas
Não têm quem tanto e tanto as entendia
Nem branco impuro, nem mais puras gemas.
Disseste ser teu coração maior
Que o mundo, Carlos, mas o teu cantar
Que agora cessa o mundo faz menor...
Carlos Drummond, Poeta, não terminas
Eis que aos céus sobes por escadas de ar:
São seus degraus os montes lá de Minas...
(Patrono da Cadeira nº 09 da Academia de Letras do Brasil, Seccional Distrito Federal - ALB/DF)
SONETERIA
Por Ernesto Wayne (1929-1997)
Se a pena não se molha no tinteiro,
Como então se fazer um bom quarteto?
Se o fraque não vai mais pro tintureiro,
Como então se fazer qualquer terceto?
Se castiçal não faz mais o funileiro,
Se às exéquias não mais se vai de preto,
Se não há bonde mais, nem motorneiro
Como fazer tão bem um bom soneto?
Se mais nas calças não se frisa o vinco
Como as dos moços de 45,
Fecham-se as portas da soneteria?
Que outro remédio, pois, que se teria
A não ser por aqui – que é Cancioneiro –
Alguns sonetos no seu soneteiro
(Patrono da Cadeira nº 09 da Academia de Letras do Brasil, Seccional Distrito Federal - ALB/DF)
DÁDIVA DEVOLVIDA
Por Ernesto Wayne (1929-1997)
Obrigado, meu Deus, pelo dom,
Esse dom que agradeço e declino;
Desumano esse dom, mas divino
Essa dádiva tenho, que bom
Teu propósito foi de menino
Me tornar novamente, mas com
Condição de que seja o meu som
No poema algo fino, um violino
Com acordes de infância: jamais
Há de ser que, com cálidos ais
Arrancar poderei de meu peito
Essa coisa chamada Saudade:
Me fazer um poeta é maldade
Afastai, pois, de mim esse jeito...
(Patrono da Cadeira nº 09 da Academia de Letras do Brasil, Seccional Distrito Federal - ALB/DF)
FÁCIL
Por Pedro Du Bois (Balneário Camboriú, SC)
Fácil
declarar
a vontade
de que tudo
seja melhor
de que todos
sejam felizes
de que a vida
seja vivida
da melhor
maneira
possível
de que os
filhos
cresçam
seguros
de que os
caminhos
permaneçam abertos
de que nosso
poder
se eternize
de que o
tempo
nos seja
breve
fácil pensar
em fábulas amorais.
EASY
By Pedro Du Bois (Balneário Camboriú, SC)
(Marina Du Bois, English version)
Easy to declare
the will
to make everything
better
to make everyone
happy
that life
is lived in the best
way possible
that children
grow up safe
that paths
remain open
that our power
may be eternal
that time
is brief for us
easy to think
of
amoral fables.
ENSAIO: EDELWEISS, A NEVOENTA FLOR ALPESTRE
Por Samuel da Costa (Itajaí, SC)
Para Aninha Oliveira
Para Aninha Oliveira
Na profusão
Do vasto multi-verso
Imaginativo meu
Tu reinas soberana
Divinal musa montesina
***
Na profusão do nevoento
Do negro multi-verso
Imaginativo meu
És tu álgida Nymphaea Alba
Estás onipotente
Postada no além da infinitude
***
Na profusão do lânguido
Do negro multi-verso meu
Com os pés descalços
Subo ao cume mais alto
E lá nas densas alturas
Devastado atiro-me
Aos teus pés
Perpétua sacrossanta deidade
***
Na profusão
Do negro multi-verso meu
E o teu corpo incorpóreo desnudo
Que acena para mim
***
Sou eu atirado aos teus pés
Vaporosa ninfa dos bosques
Do vasto multi-verso
Imaginativo meu
Tu reinas soberana
Divinal musa montesina
***
Na profusão do nevoento
Do negro multi-verso
Imaginativo meu
És tu álgida Nymphaea Alba
Estás onipotente
Postada no além da infinitude
***
Na profusão do lânguido
Do negro multi-verso meu
Com os pés descalços
Subo ao cume mais alto
E lá nas densas alturas
Devastado atiro-me
Aos teus pés
Perpétua sacrossanta deidade
***
Na profusão
Do negro multi-verso meu
E o teu corpo incorpóreo desnudo
Que acena para mim
***
Sou eu atirado aos teus pés
Vaporosa ninfa dos bosques
E SEGUE A VIDA
Por Clarisse da Gosta (Biguaçu, SC)
Ainda é tarde para se acreditar?
Não. Mas talvez seja perda tempo esperar. Às vezes o cansaço no faz pensar.A gente
quer rir... Tem oras que a dor não deixa. É reflexo da perda.
O sol entra e ilumina o seu rosto. O
evento sopra no meu ouvido. É dia. Hora da despedida. Não sou mais a mesma. O
tempo caminha nos segundos e minutos. Num piscar de olhos a vida se faz eu vejo
cenários.
O seu sorriso se reflete na
esperança do meu sonho. São tantos contos, desencontros e muros. E segue a vida
e seus cenários. Desencantos e desenganos. Versos e reversos. O meu avesso é eu
e você.
RELACIONAMENTO INTER-RACIONAL
Por Clarisse da Costa (Biguaçu, SC)
Tenho
visto falarem muito sobre Relacionamento Inter-racial E sempre fazem a
pergunta: O que você acha sobre Relacionamento
Inter-racial? Eu não acho nada. Amor vem de todas formas. Mas a discussão
é válida quando se vive num país onde o preconceito é em grande número. Em
qualquer relacionamento o que a gente pode encontrar é amor. E se é amor de
verdade o que vale é isto, amar. Amor não tem rosto, cor, raça e nem
escolha sexual. Reafirmo se existe amor de verdade o que vale é isto,
amar. Claro que para a estética do mundo o ideal é negros com negras e
brancos com brancos. Somos uma sociedade avessa ao novo, ao real e
verdadeiro. Eu vim de um tempo em que os pais diziam: - Tens certeza minha
filha? É isso que você quer? Ele é branco. Vocês vão sofrer tantos
preconceitos. A comunidade vai ser contra vocês dois. E seus filhos vão se
questionar com relação a sua cor. E por isso, pelo lado racional sem o estigma
do amor, até mesmo porque em relacionamentos, homem e mulher, o amor não é
mágico, têm seus conflitos. E o que acontece lá fora também acontece entre
casais.
O
relacionamento inter-racial é de certa forma um desafio. Ele carrega com sigo
diversas questões que a sociedade se vê no direito de obter as respostas. Pois
para muitos o branqueamento não é moda é norma. Não é o fato de ser bonito
ou não, de ter posses ou não, tem haver com raça. Mesmo sabendo que
biologicamente raça não existe o racismo perdura e domina as relações e a
sociedade. Na verdade o racismo estrutura os dois. De modo que ser diplomado,
lindo, estruturado, desejável, com cargo maior e importante é ser branco. No
entanto, mesmo que passe suas dificuldades na vida não deixará de ser o padrão
ideal para a humanidade. Tanto que nos estudos e estatísticas o branco não está
nas relações. O parâmetro é sempre abordado pelo aspecto da população
negra.
O
casal "café com leite", assim visto por muitos é uma contradição de
tudo aquilo que a sociedade ver como padrão ideal. A imagem do negro ao
lado de uma branca é algo bastante comum e é até aceitável para alguns. Mas
quando a imagem é de uma negra ao lado de um branco este cenário é visto como
algo não normal para a sociedade e tão pouco aceito pela família.
A
mulher negra é questionada de todas as formas como se cometesse o maior erro
para a sua vida, sua família e a humanidade. E o que define o ser humano
é o caráter. Nessa relação podemos encontrar a sua solidão. Ela é isolada,
cobrada pelo companheiro e sua família. O amor não está à cima de tudo. O
preconceito chega anular aquilo que os uniu. E fica guardado com ela questão: -
Era realmente amor?
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