Por Paccelli José Maracci Zahler
Manoel
Francisco Madeira Ianzer, administrador de empresas, microempresário e poeta,
natural de Bagé, RS.
RCC. O senhor estudou no Grupo Escolar
Silveira Martins. Quais são as melhores recordações de sua passagem por lá?
Ianzer: Estudei de 1958 a 1961. A mais
marcante foi no primeiro ano, minha professora Lígia foi a melhor de todas.
Muito educada, carinhosa e sensível com os seus alunos.
RCC. Naquela época, já pensava em
dedicar-se à Literatura?
Ianzer: Não. Só pensava estudar e jogar
futebol por brincadeira.
RCC. Quando o senhor ingressou no
Colégio Estadual Dr. Carlos Kluwe?
Ianzer: Em 1965 e fiquei até 1967 (3ª
série ginasial).
RCC. Naquele período, o senhor já
trabalhava no Banco da Província do Rio Grande do Sul?
Ianzer:
Entrei no Banco em 1968 e fiquei até 1969, quando viajei para São Paulo.
RCC. Como foi prestar o serviço militar
em 1967, no auge do regime militar no Brasil?
Ianzer: Foi bem tranquilo em Bagé.
Ficamos de prontidão no quartel no dia que o Presidente Castelo Branco passou o
cargo para o General Costa e Silva.
RCC. O senhor serviu no tradicional 12º
Regimento de Cavalaria?
Ianzer: Prestei o serviço militar na 3ª
Cia Média de Manutenção, ao lado do Rec Mec. Depois foi transferida para São
Gabriel.
RCC. Nas décadas de 1960 e 1970, Bagé
ficava localizada em uma área de segurança nacional, onde manifestações
políticas não eram bem vistas. O senhor, como militar, chegou a participar de
alguma operação preventiva ou de repressão como, por exemplo, a ocupação da
redação do Jornal Correio do Sul?
Ianzer: Não, em nenhum momento
participei ou fui envolvido em operações de ocupação ou repressão.
RCC. Por quanto tempo o senhor serviu
como militar?
Ianzer: Durante 11 meses.
RCC. A sua transferência para Porto
Alegre, RS, deu-se em função do serviço militar?
Ianzer: Não, já tinha dado baixa. Não
tive interesse em seguir a carreira militar.
RCC. Em que escola de Porto Alegre o
senhor concluiu o curso ginasial?
Ianzer: Na Escola Padre Rambo, no
bairro Partenon.
RCC. O senhor radicou-se em São Paulo incentivado
por sua irmã, Maria Ondina?
Ianzer: Morei uns meses em S.Paulo
(1970), quando encontrei a Luzinete e começamos o namoro. Depois fomos para
Porto Alegre. Ela não se adaptou ao frio do sul, resolvemos casar e voltar para
a capital paulista. Nessa época minha irmã já estava aqui, isso também ajudou.
RCC. Em São Paulo, durante o
colegial e a faculdade de Administração de Empresas, o senhor, já trabalhava na
Calispa, órgão ligado à Bolsa de Valores de São Paulo?
Ianzer: Quando casei e vim para S.Paulo,
parei de estudar. Retomei os estudos bem depois, quando trabalhava na Corretora
Codesbra.
RCC. Foi a busca de novos desafios que
o fez ingressar na Codesbra – Corretora do Bradesco?
Ianzer: Depois do auge de 1970/71 da
Bolsa de Valores, as coisas se acalmaram um pouco e tudo no mercado se ajustou,
principalmente salários mais altos foram cortados.
Recebi
o convite para trabalhar na Codesbra, Corretora do Banco Bradesco, do gerente
Sr. Aldo Andreoni - que me apresentou para a diretoria da corretora (Sr.
Amaral, Sr. Paulo Carneiro e Sr. Alcides Lopes Tápias - este foi ministro do
Presidente Fernando Henrique Cardoso). Foi enviada uma carta para a diretoria
do Banco em Osasco (o presidente era o Sr. Amador Aguiar) e após 2 meses, foi
aprovada a minha contratação para o cargo de chefia (eu estava com 25 anos). A
minha contratação foi exceção, porque o Banco só admitia contínuo e
escriturário, para fazer carreira na empresa. Voltei a estudar, terminei o
Colegial e fiz Administração de Empresas na Faculdade São Judas Tadeu - 1985.
Trabalhei 15 anos e cheguei ao cargo de Gerente administrativo.
RCC. Pelo seu histórico como bancário e
corretor de valores, esperava-se que o senhor se tornasse empresário em uma
área similar. Por que hidráulica?
Ianzer: O banco em situação difícil,
devido o plano verão do Presidente Sarney em 1989, demitiu 30 gerentes. Com a
minha demissão da corretora, fui convidado por um amigo para sociedade, algum
tempo depois resolvi montar a minha empresa.
RCC. Voltando à Literatura, o senhor
lançou seu primeiro livro de poesias “Galhos secos ou floridos, em 1980” mas, certamente, a sua
atividade poética começou bem antes. A musa inspiradora foi sua esposa
Luzinete?
Ianzer: Voltando aos anos 50/60,
cantava com minha irmã e uma amiga no programa matinal da Rádio Cultura, aos
domingos, com Adolfo Moraes no violão e Mary Terezinha com sua gaita. Era
obrigado pelo meu pai, para ter direito de ir ao cinema - matinê. Como cantor,
fui um fracasso! Então, ele exigiu que eu declamasse poesia gaúcha, me saindo
bem nessa atividade. Paramos quando a Mary foi embora de Bagé com o
Teixeirinha, em 1961.
Passei
a gostar de poesia e após 1970, comecei a escrever. A Luzinete é minha musa
inspiradora.
RCC. Fale-nos sobre sua participação na
Feira do Livro de Bagé.
Ianzer: Participei das feiras de 2008 e
2011. Nos eventos ainda tive o auxilio e a presença constante de minha irmã
Alaide Yanzer Médici. A participação nas Feiras foi muito importante, porque
passei a ter contato com pessoas de excelente nível cultural, que com a
afinidade e a troca de experiências valiosas, se tornaram amizades verdadeiras.
Entre eles, a escritora e poetisa Sonia Alcalde (primeira amiga virtual), a
escritora e poetisa Sarita Barros, o escritor Brandt Acosta, a artista plástico
Rejane Karam Osório, o poeta e professor Diogo Correa, a procuradora jurídica da Prefeitura de Bagé
- Liane Silveira Fernandez Machado, ex-prefeito e escritor Luis Simão Kalil, a
turma do Grupo Sonido del Alma Gaucha.
Além deles, conheci inúmeras pessoas, grandes de coração e de alma.
RCC. Recentemente, o senhor lançou o
livro de poesias “Painel do tempo” em co-autoria com sua filha Danielle. Como
foi essa experiência?
Ianzer: Começou com uma brincadeira
entre pai e filha, pela internet. Mandei uma poesia e ela respondeu
poeticamente.
RCC. O que nos chama a atenção é que
sua filha Danielle é doutora em Ciências Biológicas.
O senhor acredita que ela puxou ao talento poético do pai?
Ianzer: A Danielle tem muita
sensibilidade e emoção, e pouco tempo para se dedicar a poesia.
RCC. Seu filho, Rogério, também aprecia
e se dedica a arte poética?
Ianzer: O Rogério aprecia a poesia. Até
o momento, não demonstrou interesse para se dedicar.
RCC. O senhor espera que suas netas,
Luanna e Milena, também se tornem poetisas?
Ianzer: A Luanna sempre foi uma menina
bem agitada. A Milena tem um perfil bem delicado e sensível. Mesmo assim,
acredito que as duas irão trilhar outros caminhos.
RCC. Onde o senhor promoveu o lançamento dos seus livros?
Ianzer: Na Bienal de São Paulo, 2008;
na Feira do livro de Bagé, 2008; em São Lourenço da Mata, PE, 2009; na Bienal
de São Paulo, 2010; no Zio Vito Restaurante, São Paulo, 2011; na Feira do livro
de Bagé, 2011; na Livraria Nobel, Shopping Total, Porto Alegre, 2011; no Carmel
Salão de Festas, Belo Horizonte, MG, 2012; na Bienal de São Paulo, 2012; no Chaves
Bar, Galeria Chaves, Porto Alegre, 2012; no Santa Maria Bar Lanches, Cachoeira
do Sul, 2012; e no Madre Maria Restaurante, Bagé, 2012.
RCC. Quais são seus próximos projetos
literários?
Ianzer: Tenho um
blog sobre a minha cidade - "Bagé além da fronteira" (
http://bagealemfronteira.blogspot.com.br ),
que pretendo passar para um livro. Uma obra que contará os casos e momentos
interessantes vividos na nossa cidade. Uma oportunidade para os mais jovens e
estudantes ficarem por dentro de muitas histórias do povo que aqui nasceu e
deixou um legado importante de fatos e cultura; e, também, um blog de poesias
http://manoelianzerpoesia.blogspot.com.br.
Aqui
fica o meu agradecimento ao Paccelli Zahler, pela oportunidade de manifestar as
minhas opiniões e contar um pouco da minha história na Revista Cerrado
Cultural.
Para
encerrar - "não estou aqui para fazer fama e nem decifrar enigmas, mas
simplesmente para poetizar a ALMA."