Por Paccelli M. Zahler
Revista literária virtual de divulgação de escritores, poetas e amantes das letras e artes. Editor: Paccelli José Maracci Zahler Todas as opiniões aqui expressas são de responsabilidade dos autores. Aceitam-se colaborações. Contato: cerrado.cultural@gmail.com
quinta-feira, 9 de outubro de 2014
terça-feira, 7 de outubro de 2014
segunda-feira, 6 de outubro de 2014
quarta-feira, 1 de outubro de 2014
TUDO DEPENDE DA EDUCAÇÃO
Por Humberto Pinho da Silva (Vila Nova de Gaia, Portugal)
Diz
Alexis Carrel - Prémio Nobel da Medicina, - que todos sofremos: “ fatalmente
a influência daqueles com quem vivem. Os que vivem, desde a infância, na
companhia de criminosos e loucos, tornam-se criminosos e loucos. Não se pode
escapar ao meio, senão pelo isolamento e pela fuga. “ - “ O Homem, Esse
Desconhecido”.
Na
verdade assim é. E o povo, que raras vezes se engana, costuma repetir: “ Tal
mãe, tal filha” – (Já Ezequiel 16:44, tinha igual opinião).
São
os primeiros educadores, os pais. Se souberem transmitir, pelo exemplo, valores
morais e cívicos, certamente as crianças tornar-se-ão cidadãos honestos e
justos.
Com
esses princípios, os jovens, fortalecem-se e rejeitam pareceres e modos de vida
nefastos, não só de outros jovens, mas, também, da má influência de alguns
professores.
A
sociedade em que nascemos e vivemos, exerce forte influência no modo de pensar
e agir. Como pode, a criança, ser cidadã honesta se vive numa sociedade
corrupta, onde o “ jeitinho” impera e o dinheiro manda?
Muitos
são os que incutem nos filhos o conceito que tudo tem preço, inclusive o ser
humano. Fazem crer, nos cérebros em formação, que tudo é valido, tudo é
permitido – já que o pecado é coisa do passado, – para atingir o que se
pretende.
As
figuras publicas - já não falo da classe politica, - ao tomarem atitudes indignas
e reprováveis, e ao transmitirem, pela mass-media, comportamentos perversos, “
envenenam” a juventude, lançando-a nas veredas da corrupção e do crime.
Por
sua vez, a TV, com novelas amorais, tentando passar a ideia que tudo é
preconceito e falsa modéstia, tornou-se escola do crime, da violência e da
degradação da sociedade.
A
principal responsável, pelo desvario juvenil, é, sem dúvida, a novela
televisiva, visto incutir comportamentos desregrados.
Está
a correr, na SIC (canal português) telenovela cuja personagem, após viver
intimamente com a mãe, passa a namorar a filha, da que foi sua mulher. Tudo se
passa com naturalidade e aprovação dos irmãos da jovem!
Como
querem que a juventude tenha comportamento e actos responsáveis, se
constantemente são metralhados com exemplos torpes?
Queixam-se,
depois, e com razão, que nossas cidades transformaram-se numa selva, onde se
depara, a cada canto, “ animais” depravadores, prontos a “ devorarem” a vítima:
extorquindo: dinheiro, roubando roupa e ténis de marca; e delinquentes, que
matam e incendeiam.
As
cidades e estradas brasileiras, transformaram-se em campos de batalha, onde se
morre, mais facilmente, que em guerras fratricidas.
Para
além de ausência de policiamento eficaz e leis persuasoras, há necessidade de regressar
à educação assente nos valores cristãos.
Enquanto
a TV incitar à luxúria, os pais não souberem educar, devidamente, os filhos, e
a mulher não for respeitada: como mãe, filha e esposa, as ruas das nossas
cidades serão varridas pela violência e pelo crime.
Só
povo que sabe educar os filhos, terá: paz, justiça e felicidade.
Tudo
depende da educação, e essa começa em casa e termina com leis que defendam: a
Família e respeito pelos idosos e crianças.
HOJE TODOS SABEM TUDO
Por Humberto Pinho da Silva (Vila Nova de Gaia, Portugal)
Sempre
que abro o aparelho de TV e vejo entrevistas ou colóquios de entendidos,
verifico que – não há médico que não conheça a cura certa para quase todos os
males; político que não saiba resolver qualquer situação; economista que não
consiga – quase por magia, – equilibrar as finanças; e intelectual que não
discuta, de cátedra, todas as ciências.
E
no entanto, com tanta sapiência, com tanta gente competentíssima, se precisamos
de médico, este, muitas vezes, não nos sabe curar; o economista não consegue
solucionar os graves problemas financeiros; e o político, só descobre caminhos
fáceis, se está na oposição.
Jeracy
Camargo, no curioso livro: “ Deus lhe Pague” pela voz do Mendigo, aborda
o que acabo de afirmar:
“
Não há mais filósofos, meu caro. A sabedoria humana está muito espalhada. Hoje
todos sabem tudo. O último dos ignorantes julga-se capaz de salvar a
Humanidade. Todos ensinam.”
E
prossegue, respondendo a Péricles, que assevera não haver quem não entenda de
medicina:
- “
De tudo, meu amigo, de tudo. De Arte, então nem se fala! … E de política, ainda
é pior. O senhor conhece alguém que não tenha ideias para salvar o Brasil!?”
A
cada passo escuto conversas de quem possui ideias geniais para resolver os
problemas de Estado; e não tenho amigo que não me dê conselho para sarar o
achaque que me atormenta.
Até
comentadores profissionais, que outrora abordavam temas da sua especialidade,
opinam, hoje, sobre: economia, política, literatura, arte…até de futebol!
Esquecem-se,
que o desenvolvimento de um dom, faz-se, quase sempre, em prejuízo de outros.
Certa
vez, vi, conhecido político, a mostrar sua casa, na televisão. Ao chegar ao
escritório, de paredes forradas de estantes repletas de livros, virou-se para o
entrevistador, e disse-lhe:
- Tenho
aqui os livros de economia. Ali de astrologia. Acolá de Direito. Mais abaixo de
História… – e assim por diante, e concluiu:
- “
Como vê estou muito bem informado! ….”
Como
Jacinto, que possuía, em Paris, trinta mil volumes, mas raramente os abria,
pensam que pelo facto de terem estantes recheadas de livros, são sábios!”…
Desconhecem
que a cultura se adquire após haver lido, relido… e meditado, as obras
consideradas basilares. E ser culto ,não é saber de tudo…
Com
o aparecimento da Internet, e com a facilidade de se encontrar tudo que se
deseja, criou-se a ilusão que tudo se conhece.
Consultando
o computador, pode-se, sem esforço, conversar sobre todas ou quase todas as
matérias, não se sabendo nada ou quase nada, de nenhuma.
POEMA 3
Por Bellé Jr. (São Paulo, SP)
o poeta que amo é comunista
não tenho dúvidas sobre meu
coração anarquista
e assim seguimos de versos dados
apertamos o caudilho e disparo
meu pássaro negro vara a
tempestade
num desespero libertário de vida
e de morte
rima no poente sangue de nosso
povo sulamericano
as tintas sílabas em teu
vermelho de oceano
rebelde que nunca se rende
não sei se somos
ou nos tornamos
tua poesia
tem densidade de cobre
verve
vulcânica aflora na altura dos andes
pura lava
de copihue
que
lavra
a
brava terra mapuche
SIM E NÃO (POEMA)
Por Bellé Jr. (São Paulo, SP)
O
amor
sim.
Eles não.
...
O
amor neles. Tesão.
O amor deles. Senão.
O amor reles. Paixão.
O amor deles. Senão.
O amor reles. Paixão.
POEMA 2
Por Bellé Jr. (São Paulo, SP)
quero estar em algum canto da tua
memória, em cada momento, em todo lamento
no teu poderia ter sido, onde
possa ser um pouco tua dor, saber se sofri demais, ou se depois
por mim, você chorou, quero teu
pranto, ser o espanto da centelha surpreendente
que se acende de repente, e como
cicatriz deixa a certeza de que voltará
quando entre suas coxas, com os
lábios assoprando meus verbos
e desejando seus arrepios, digo
que já não sou mais o mesmo
afago seu rosto e bato a brasa no
cinzeiro
anoiteço
não ignoro nossas revoluções,
apenas as temo, explico isso com cuidado ameno
dizendo que te amo de qualquer
jeito, tua lágrima deságua
debaixo da tua tempestade
adormeço
POEMA
Por Bellé Jr. (São Paulo, SP)
preciso
dar ao delírio, quantidade
ao amor, profundidade
à vida, delírio e amor
preciso
dar aos beijos, romance
ao desejo, uma chance
dar sexo à liberdade
preciso
dar ao bem um tanto de mim
ao mal um pouco de sim
ao futuro, quem sabe...
XXIV (poema)
Por Bellé Jr. (São Paulo, SP)
[Domingo.
De manhã.
a geada
densa
Pinta.
Quadros.
impressionistas
com tinta de orvalho
pincel de sol nascendo
em cores de inverno
no lado de fora
do vidro
A aurora.
Do quarto.
Moldura.
Do mundo.
Domingo.
Nosso café. Da manhã.
ceva, a erva, acrescenta, a água, bebe
pila, a erva, acrescenta, o fogo, fuma
fumaça de vapor
fumaça de queimada
Uma. Esquenta o corpo.
Outra. Esquenta a alma.
Dormindo.
Um amanhã.
Desperta. Escondido. No travesseiro.
Nosso esconderijo.
escavado no vento
parede de lençol
céu de cobertor de lã
Temos. Um compromisso.
inadiável
Com o sono.
E outro.
Com a preguiça.
Nos atrasamos.
Nos atracamos.
Com as velas erguidas.]
Sobre o autor: Bellé Jr., 29, é poeta nascido em Francisco Beltrão ,
sudoeste do Paraná. Foi criado entre Curitiba e os Campos Gerais, mas acabou
radicado em São Paulo ,
onde vive há sete anos. Em 2010 publicou de forma independente o primeiro livro
de poesias, O Sonhador Que Colhe Berinjelas na Terra das Flores Murchas.
Sua terceira edição esgotou durante a
Feira Plana 2, mas a versão digital segue gratuita. É também jornalista, autor
do livro reportagem “Balaclavas & Os Profetas do Caos” (Livro Novo).
PAIXÃO
Por Pedro Du Bois (Balneário Camboriú, SC)
Abraçado com sofreguidão
ao corpo da amante jura
amor eterno. Agrados
de paixão em gestos
de proximidades.
Chora a decisão de ir embora.
Oferece dinheiro cama comida
o cinema e a boate
o corpo sôfrego na inexistência
do motivo se condensa na fumaça
do cigarro afastado em risos
de descobertas: aos amantes cabem
destemperos nas paixões diuturnas.
IR
Por Pedro Du Bois (Balneário Camboriú, SC)
(vou até o escritório e já volto)
como começa
como termina: o corpo
se ausenta do quarto
em direção ao escritório –
passos passos o interruptor
acionado discreta tosse –
acorda de madrugada
com a luz entrevista
no escritório. A cama ausente
ao lado. Chama pelo apelido
clama pelo nome. Chama
pelo segundo nome – odiado:
nada
nada
nenhuma resposta
(vou até o escritório e já volto
diz antes de ir
embora)
HERÓIS
Por Pedro Du Bois (Balneário Camboriú, SC)
No tempo vive segundos
de glória. O restante da façanha
conta em casa e no bar
da esquina:
focalizado
no instante do espetáculo.
Sorri o estado calamitoso
das essências: não é
o mesmo.
Nos estertores da glória
restam resquícios de histórias.
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