quero estar em algum canto da tua
memória, em cada momento, em todo lamento
no teu poderia ter sido, onde
possa ser um pouco tua dor, saber se sofri demais, ou se depois
por mim, você chorou, quero teu
pranto, ser o espanto da centelha surpreendente
que se acende de repente, e como
cicatriz deixa a certeza de que voltará
quando entre suas coxas, com os
lábios assoprando meus verbos
e desejando seus arrepios, digo
que já não sou mais o mesmo
afago seu rosto e bato a brasa no
cinzeiro
anoiteço
não ignoro nossas revoluções,
apenas as temo, explico isso com cuidado ameno
dizendo que te amo de qualquer
jeito, tua lágrima deságua
debaixo da tua tempestade
adormeço
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