Por Leandro Bertoldo Silva (Padre Paraíso, MG)
Revista literária virtual de divulgação de escritores, poetas e amantes das letras e artes. Editor: Paccelli José Maracci Zahler Todas as opiniões aqui expressas são de responsabilidade dos autores. Aceitam-se colaborações. Contato: cerrado.cultural@gmail.com
segunda-feira, 1 de agosto de 2022
SÓ VÊEM O QUE QUER QUE VEJAM
Por Humberto Pinho da Silva (Porto, Portugal)
É sabido que o povo não tem
parecer. Não passa de mero repetidor do que ouve.
Acredita sem investigar. Crê na
mass-media, e pensa consoante ela quer que pense.
Era assim no passado, e é ainda
no presente.
Com bom grado aceita qualquer
parecer ou ideia, desde que seja repetida com frequência e venha ao encontro de
seus desejos e instintos.
Basta que lhe digam: lá fora, as
elites pensam assim, para as massas acéfalas, acreditem piamente.
Em geral não vêem o que
observam, mas somente o que querem que veja; pensam o que as figuras públicas
querem que pensem. Pensam que pensam, mas não pensam.
Em: " Notas
Contemporâneas", Eça refere-se a conhecido pintor parisiense, que lhe
disse: - "A multidão vê falso" – e continuou: - "Vê: em Portugal sobretudo pela
aceitação passiva das opiniões impostas, pelo apagamento das faculdades
criticas, por preguiça de exame – o publico vê como lhe dizem que é. Se amanhã
o Diário de Noticias ou outro órgão estimado, declara que o Hotel
Aliança, ao Chiado, é uma maravilhosa catedral gótica, e insiste isto, na local
e no folhetim – e numa semana, o publico virá fazer no Largo do Loreto
semicírculos estáticos, e verá, positivamente verá as ogivas, as
rosáceas, as torres, as maravilhosas esculturas do Hotel Aliança. "
O parecer do vulgo é inconstante:
pensa, vê e ouve, o que os fazedores de opinião, querem que pensem, vejam e
ouçam.
As elites levam o povo, que é
favorável a certa causa, ser amanhã – levado por demagogos, ter opinião
contrária.
Não foi Cristo condenado, apesar
do povo ser-lhe favorável, a ponto de O proclamarem Messias, e a autoridade
romana dizer: que não encontrou motivo para O condenar?!
Bastou sacerdotes hipócritas
falarem ao povo, para este mudar de opinião.
Disseram: o povo quer... e quis
mesmo...
ESCANINHO DA MEMÓRIA
Por Gilbson Alencar (Brasília, DF)
Não tem o poder
da beleza
Não tem o poder
do dinheiro
Talentos: poucos
A alegria
inocente do menino
transformada,
pelo tempo
e pela rudeza
humana,
em insegurança
Porradas do acaso,
descaso
Segredos
confessos
revelados no
laboratório
da dor...
Armadilha para
o velho,
Fogueira e
explosão
O álcool não
foi em vão
Queimava por
desatenção
O osso quebrado
na porta
Crença,
descrença
Diálogo com o
medo
Nascimento,
nome e batismo
A morte do
padre
Tijolada na
face
A morte da
morte
Renascer e
morrer
na mesma
existência
Pensar e não
entender
Respirar
involuntário
Ressonância da
alma
Lobotomia,
anemia
O ferro ardia
na veia
O fantasma da
bruxa
no quarto dos
fundos
da memória...
(12/07/2022)
ERA FELIZ, E NÃO SABIA!
Por Dias Campos (São Paulo, SP)
Cleber morava sozinho em uma quitinete no centro da cidade. E se quisessem definir em que se resumia a sua vida nesses últimos dez meses, acertariam se escolhessem a palavra rotina.
O que mais o entediava era
ter que lavar a própria louça. – menos mal que tinha o que lavar.
É fato que essa mesmice
vinha sendo quebrada há alguns dias pela visita das conhecidas e teimosas
formiguinhas de cozinha.
Em um vaivém disciplinado, esses
insetos atravessavam toda a extensão da pia, alcançavam uma lixeira de
plástico, escalavam-na confiantes, entregavam-se à comilança, e retornavam para
o orifício de onde saíram, felizes e bem nutridas.
No entanto, essas incursões,
porque regulares, também já começavam a cansar. E o ramerrão voltou.
Certa noite, quando Cleber lavava,
com pressa, o último copo de requeijão – a novela estava prestes a começar –, um
pouco de espuma desgarrou-se da esponja e foi cair sobre a fila de formigas,
matando algumas e interrompendo o fluxo. É claro que houve um baita tumulto
entre as comensais, incluindo as que ainda não sabiam do acontecido, visto que
prosseguiam com a marcha, encostavam suas antenas nas bolhas de detergente, e retornavam
de ré, esfregando-as instintivamente no tampo, numa tentativa desesperada de se
limparem. Por força disso, aglomerações começaram a se formar em ambos os lados
da montanha branca.
Cleber sorriu...
Não que essa diversão fosse
entretê-lo por muito tempo. Sabia que dali a alguns dias voltaria ao feijão-com-arroz.
Mas se o acaso resolvera intervir, que aproveitasse ao máximo!
Daí que bastava começar a
lavar os pratos para que o sarcástico prazer ressurgisse. E ele pingava sobre
as vítimas as borbulhas letais.
Às vezes, Cleber não se
contentava com um único ataque. E gotejava a morte em pontos diferentes das
carreiras, distribuindo o pânico entre as sobreviventes e deliciando-se com o
corre-corre.
Outras vezes, ele sequer
esperava muito tempo para pôr fim àquela correria. Enchia de água o copo que acabara
de ensaboar e jogava o conteúdo na parede, de modo que o líquido precipitava-se
sobre as colunas feito enxurrada, levando para o ralo um grande número de cadáveres.
Esse divertimento perduraria
por um tempo razoável. E Cleber até se espantaria por não se haver enjoado mais
cedo.
Mas quando o deleite acabou,
um hiato ficava. Era preciso, pois, preenchê-lo o mais rápido possível, haja
vista que, pelo que pressentia, os nós do quotidiano retornariam ainda mais apertados!
Foi quando Cleber ouviu a
gata da vizinha...
Por não ter sido castrada, o
cio desse estupor volta e meia o incomodava; sobretudo quando ela teimava em
miar madrugada adentro. E como Cleber tinha sono leve, a libido desafinada
impunha aos seus pobres ouvidos uma tortura sem fim.
Ora, se acabar com simples
formigas tinha sido tão eficaz no combate à sua monotonia, imagine-se o bem que
experimentaria se eliminasse aquele ronronar ambulante?
Neste instante, a campainha
soou no andar de cima. Isso, por si só, pouco ou nada o incomodaria, não fosse
o fato de que o morador daquela unidade possuía dois poodles, que, como é
notório, desandam a latir, aguda e irrefreavelmente, toda vez que alguém aperta
o malfadado botão.
O sorriso de Cleber
aumentava... Primeiro, ele acabaria com a caçadora de ratos. E os efeitos desse
sumiço proporcionariam um bom tempo sem tédio. Após, quando o aborrecimento
voltasse, ele desapareceria com os sacos de pulgas. E o consequente alvoroço
garantiria um período maior de distração.
E se depois desse extermínio
ele voltasse a ficar enfastiado, quem sabe não seria o caso de estender aquela prática
para toda a vizinhança, para todo o bairro, para toda a cidade? Afinal, quanto
mais comoção causasse, menos entediante seria a sua vida.
Cleber começou a maquinar o
gaticídio. Assim como ele, sua vizinha saía para trabalhar um pouco antes da
aurora despontar e só retornava tarde da noite. Ao que supunha, ela deixava
água e comida suficientes para que o felino aguentasse o dia todo. Mas e se uma
“alma caridosa” oferecesse ao bichano algo muito mais apetitoso do que aquela
velha ração a que estava acostumado? De certo seria a sua última refeição! O
que precisaria fazer, portanto, seria comprar algum tipo de guloseima,
temperá-la com um pouco de veneno, torcer para que o apetite da condenada fosse
muito maior do que o seu olfato, e introduzir o presente de grego através do
vão da porta, que, por óbvio, só era tapado por uma cobrinha de pano quando a locatária
estava em casa.
Mas, e se a sortuda já
tivesse comido o suficiente? e se ela fosse tão acostumada àquela dieta que não
admitisse nenhuma novidade? e, pior, se ela cheirasse o petisco, mas dele se
afastasse porque percebeu a toxina?
Bem, concluía Cleber, mesmo
que a isca não a atraísse, o burburinho seria instalado, e isso já lhe seria
benéfico.
Pois que saísse, comprasse o
melhor dos quitutes, e aguardasse a segunda-feira, quando, então, colocaria em
prática o seu plano.
Mas bastou Cleber abrir a
porta para que estacasse diante do cano de um revólver calibre 38!
Em atitude de puro reflexo,
ele ainda tentou fechá-la!...
Mas o sujeito era
corpulento, e não teve dificuldades em empurrá-lo para trás.
O estranho entrou, mandou
que sentasse, advertiu-o de que ficasse em silêncio, e assobiou.
Em seguida, sua filha, uma
jovem de dezesseis anos, entrava bastante encabulada. E não vinha só, pois em cada
braço havia um bebê, gêmeos univitelinos a que dera luz há pouco mais de um
mês.
Cleber reconheceu-a no ato!
E relembrando o que fizeram, deduziu quem era o pai daqueles anjinhos
cabeludos.
Trancada a porta, e o
“gentil” senhor foi muito persuasivo em sua explanação – pouco lhe importava que
casassem, contanto que morassem sob o mesmo teto, a fim de que o sedutor
assumisse as suas responsabilidades, provendo o sustento da família e a
educação dos filhos.
O rapaz não teve
escapatória; até porque, o convincente avô foi bem claro ao afirmar que
visitaria filha e netos semanalmente, e armado.
Nem se precisaria dizer que a
vida de Cleber deixava de ser enfadonha, rotineira... E a ficha caiu no exato
momento em que os bebês abriram o berreiro – um por causa da fome, e o outro
porque a fralda ficou cheia.
O ESTRANHO CASO DE ELIZABETH QUIMINE
Por Marcelo de Oliveira Souza, IWA (Salvador, BA)
A interessante História de
Elizabeth Quimine, deixa-nos de “orelhas em pé”, mesmo diante a incredulidade
de muita gente, que tem como nosso “paraíso” o único lugar no
universo como “celeiro da vida”.
Essa mulher de repente aparece
num dos recantos do nordeste, comprando inclusive uma
ilha somente para ela, onde ela passou a viver por lá, sendo
até é normal, pois muitos estrangeiros fazem isso, entretanto com o
tempo, as atitudes dessa personagem, se tornou cada vez mais suspeita na visão
dos habitantes com comportamento anormais, já de cara as pessoas
percebiam que ela tinha comportamentos estranhos, até a sua aparência, não era
comum, tinham pessoas que diziam que ela andava meio estranha, não conseguia a
desenvoltura de uma pessoa dita normal.
Como nessas cidades do interior,
vila de pescadores, o tempo parece que corre mais devagar, e nesse tempo
moroso, foi perfeito para que alguns possam externar as suas mais intrigantes
teorias. Até pesavam que a forma desajeitada de andar, poderia dar-se por algum
tipo de acidente, mas sabiam que alguma coisa estava errada, pois ela era uma
mulher muito inteligente, formada em física, engenharia, matemática, porém para
coisa mais simples ela se atrapalhava, essas coisas que só o discernimento
humano poderia perceber ao nosso redor, como um simples cumprimento.
Certo dia os pescadores
estavam conversando, quando um deles disse que adorou a chegada da “Rainha
Elizabeth” porque ela estava comprando toda sua produção de peixe, era peixe
para não acabar mais, o pior que outros pescadores disseram a mesma coisa,
somando por volta de 200 a 400 quilos de peixe que ela teoricamente estava
consumindo por semana, chamando a atenção sobre esse intrigante assunto.
A partir daí a suspeitas
cresceram sobre ela, o pior que depois de um tempo, apareceram sobre a ilha
dessa pessoa, objetos voadores não identificados, os OVNIS, inclusive a nossa
querida estranha, ficava na praia da ilha, trocando objetos cilíndricos, com
uma boa quantidade de homens desconhecidos, que nem passavam pela vila.
Com o tempo, a casuística foi
aumentando, já não dando mais para ficar somente observando, eles passaram para
os militares o assunto.
O comandante decidiu abrir uma
investigação, suspeitando até de terrorismo ou contrabando de armas, sendo
presa pelas autoridades, por suspeita de contrabando, mas foi liberada logo
depois por falta de provas.
Mas o militar não se deu por
vencido, pediu um mandado judicial para poder ir na ilha da estranha, sendo a
primeira vez que desde que ela se mudou para ilha, alguém foi ao local e para
surpresa de todos, não era algo que eles estavam esperando, pois não tinha nada
lá, apenas um barraco sem portas e janelas, não tinha geladeira, tampouco
chuveiro, não tinha nada, nem os restos dos peixes.
Algumas semanas depois do ocorrido,
eles conseguiram achar a mulher zanzando pela ilha, levando-a novamente para
investigação.
Durante o percurso ela disse
que queria ir ao banheiro, eles a levaram para um bar próximo, viram que não
tinha como fugir dali e liberaram para o “xixi”. Como estava demorando muito,
os militares arrombaram o bar e não tinha ninguém, deixando todos sem saber
como ela fugiu, porque não tinha nem janela.
Essa pessoa segundo pesquisas,
apareceu em outros lugares, mesmo assim, ninguém aparentemente sabe dizer o que
aconteceu, eu tenho minhas teorias e vocês?
A FORÇA DO ESCRITOR
Por Marcelo de Oliveira Souza, IWA (Salvador, BA)
Sem destino, perdido,
Pobre, desvalido.
Nunca olhado...
Muito menos, notado,
Preso em suas angústias
Em suas ideias...
Ele sonhava com tudo
Mas não possuía nada
Na força da palavra
Escrita,
Começou a se encontrar.
Escreveu, rimou
Cresceu, imaginou
Seu sonho sedimentou
Onde sua estrela começou brilhar.
Contou, uniu, se engajou
Casou-se com a rima
Rimou no casamento,
As palavras deram-lhe o pão.
Um sonho construído
Fez-se a emancipação
Agora, amado
Antes, armado
com a dor ...
Ganhou vida
Alegria e muito amor,
Tornando-se um verdadeiro
E s c r i t o r.
ORAÇÃO DOMINICAL
Por Marcelo de Oliveira Souza, IWA (Salvador, BA)
Senhor fazei-nos não temer
A tempestade, o vendaval
Na misericórdia divina
A luz ilumina
Não temendo, nenhum mal.
Sejamos conscientes
Nossa energia, individual
É também força da nossa mente,
Nosso anjo, indulgente
Acompanha-nos, até o final
Desse dia que irradia,
Vitórias e glórias,
Ajudando a todos, todas
Na missão divina da semana,
Nossa energia emana
Diante da Glória de Deus,
Deixaremos a segurança e tranquilidade do nosso lar.
Sabendo que a nossa vitória, encontramos lá,
Nessa missão Divina
Que a gente aprende e ensina,
Compartilhando a vitória,
Que acena, a todos que possam nos acompanhar!
DIA DOS NAMORADOS
Por Marcelo de Oliveira Souza, IWA (Salvador, BA)
Nestes dias difíceis, atrapalhados
de extorsões, dores, endividados,
Não conseguimos os nossos caminhos sonhados.
Como seremos felizes em tempos tumultuados?
Só existem poucas coisas, que não somos usurpados
Sem elas estamos completamente desamparados.
Cairemos numa só tristeza, desesperados...
Temos que aliviar a mente de sonhos pesados,
Lembrem-se do lindo sonho por tantos almejados.
Um amor pra sempre e dois corpos apaixonados,
A vida é linda com casais abençoados
Por isso sou muito feliz, somos amados!
Agora procure sua metade, por todos os lados
Não perca tempo, não fiquem atordoados!
Tenha fé, livre-se dos caminhos complicados
E um feliz Dia dos Namorados.
Nestes dias difíceis, atrapalhados
de extorsões, dores, endividados,
Não conseguimos os nossos caminhos sonhados.
Como seremos felizes em tempos tumultuados?
Só existem poucas coisas, que não somos usurpados
Sem elas estamos completamente desamparados.
Cairemos numa só tristeza, desesperados...
Temos que aliviar a mente de sonhos pesados,
Lembrem-se do lindo sonho por tantos almejados.
Um amor pra sempre e dois corpos apaixonados,
A vida é linda com casais abençoados
Por isso sou muito feliz, somos amados!
Agora procure sua metade, por todos os lados
Não perca tempo, não fiquem atordoados!
Tenha fé, livre-se dos caminhos complicados
E um feliz Dia dos Namorados.
VIVENDO DENTRO DA ESTRUTURA DA BOLHA DE SABÃO
Por Clarisse Cristal (Baleário Camboriú, SC)
Eu sempre pensei que o maior desafio na
vida dos filhos é sobreviver aos seus pais, eu sempre tive este péssimo hábito,
tentar sobreviver aos meus pais. Estas duas criaturas, às avessas, o côncavo e
o convexo, a casa e rua e o dia e a noite, sim são clichês e eu não me
envergonho disto.
Vamos ao primeiro vértice, o meu jovem
pai, entediado economista, indo para a meia idade e inventou de fazermos
aventuras gastronômicas. Não seria um problema muito grande, já que a cidade em
que vivemos é pequena e bem servida de várias vias gastronômicas. Coisas de uma
cidade que é um balneário turístico e uma cidade que se resume em duas avenidas
movimentadas.
Então estamos bem servidos, do que vai
de simples quiosques à beira mar, passando por barracas de cachorro-quente e
indo parar em caros restaurantes com gastronomia internacional. O que seria uma
diversão em família, virou um grande pesadelo.
Mas antes vamos ao outro vértice, a minha
mãe, dona de casa de profissão, já estava na meia idade, e também entediada.
Ocupada com futilidades variadas, que iam de cursos de desenho, fotografias,
cerâmica e por aí a fora, eram cursos que não passavam da segunda ou terceira
aula. Também tem as academias, as aulas de meditação, salões de beleza e
compras e mais compras. As compras da minha mãe iam de barracas no meio da rua,
de vendedores ambulantes, caras lojas de decoração indo parar em bazares variados.
A minha mãe nunca ia aos apinhados shoppings, a malta simplesmente era evitada.
Voltando as aventuras gastronômicas, esse
foi o ponto de discórdia entre o casal, o homem negro, sóbrio, culto,
tecnocrata e racional a quem chamo de pai e a minha querida mãe, mulher branca
e loura, fútil, avessa a realidade e multidões. O meu pai queria sair da cidade
e se aventurar nas pequenas cidades do entorno. Restaurantes à beira da
estrada, perdidos estabelecimentos em desconhecidas cidades pequenas, que ninguém
não sabia sequer que existiam.
Louco, maluco, imbecil era a minha mãe aos
gritos conversando com o meu pai. Nessa hora que eu bem queria viver dentro de uma
bolha de sabão, para ver tudo fora de foco, para depois me espatifar no chão
porque a bolha estourou. Foi justamente na primeira aventura, a nossa digressão
aventureira, rumo ao quase desconhecido. Para surpresa de zero pessoa, o meu
velho tinha planejado para onde iríamos, os custos com o traslado, ida e volta
e escolhido os restaurantes, sim dois restaurantes.
Da nossa ida até a cidade ao lado, a
cidade portuária, ainda bem que tenho um bom amigo, o Greg Sanders, vamos
chamá-lo assim pois o meu bom amigo de curso de inglês já passa vergonha demais
com o nome de batismo e mais vergonha ainda com o nome de gótico que ele mesmo
escolheu. Pois bem o Greg me emprestou uma velha tecnologia, um tal de walkman,
sei lá onde ele encontrou o treco, mas eu pude colocar os fones no ouvido e a
tal fita K7 no aparelho antigo pra ouvir música. Não vou aqui decorrer como
funciona o treco ou mesmo descrevê-lo, pois bem fones nas orelhas e The cure
foi a escolha óbvia para ouvir no fatídico passeio.
O aparelho antigo me salvou de ouvir as
discussões dos meus pais, naqueles vinte minutos de viagem. Uma vez encapsulada
na minha bolha de sabão nada mais importava, nem a partida, a viagem e o
destino. Mas tivemos uma partida, uma trajetória e uma chegada, disso o
walkman, e a fita K7 e o The cure não me salvaram e nem poderiam, pois poucas
coisas me salvam dos meus pais.
Sim, enfrentamos uma rodovia nada
congestionada e chegamos rápido no que seria um atacadão, uma mistura de
supermercado com atacado, um tal de atacarejo, mais um nome ridículo, na minha
lista de nomes horríveis. E eu pensei no que estava me esperando naquele lugar
com olores de sabão, sabão em pó e seus derivados. Evitei olhar para a minha
mãe e perdi a oportunidade de vê-la feliz da vida. Uma oportunidade para ela,
só vi depois no olhar e o sorriso leve daquela mulher.
Sim, o meu velho pai nos levou para
almoçar em um restaurante japonês, em um local nada convencional. E lá estava
ele, o dono e gerente do espaço, o lugar com direito a leques orientais
pendurados na parede, o senhor idoso que misturava peças de roupas orientais e
ocidentais. Pelo sorriso do homem oriental logo vi que ele não falava o nosso
idioma, um possível refugiado da terra do sol nascente. Possivelmente ele se
casou com uma nipo-brasileira e vi na minha mente uma longa prole de nipo-filhos
e filhas brazucas.
Mas tudo que começa ruim, tem uma grande
possibilidade de terminar em desastre. E assim foi, um bandejão, um
self-service, e em um misto de cultura japonesa com a cultura brasileira, para
diversão da minha mãe e horror do meu pai. Explico, a minha mãe filha da elite
praiana, para ela era pura diversão estar em um ambiente proletário e o meu pai
filho da periferia reviu os anos ruins dos velhos tempos. Mas o meu pai, é o
meu pai e deu a volta por cima e disse: — Nada é tão ruim que não posso
melhorar, daqui a pouco vamos ao outro restaurante!
Pois bem, depois de misturar feijoada com
sashimi e saquê com cerveja em meio a barulho de caixas batendo no chão, um
gerente raivoso ralhando com seus subordinados, crianças correndo e suas mães
correndo atrás. Meu pai depois de uma dose de saquê e a minha mãe depois de uns
goles de cerveja já eram outras pessoas, muitos felizes por sinal.
Para não me alongar muito a minha
digressão, que já está longa e pedante, a ida a outro restaurante japonês não
muito longe do primeiro, foi uma experiência um pouco melhor. Debandando do
atacarejo, percorremos poucos metros e lá estava outro restaurante japonês,
confesso que o bairro proletário com seu comércio variado seduziu a minha mãe,
mas isto fica para depois. Ao adentrarmos, saltou os olhos a decoração
tipicamente japonesa do lugar. Dos quadros de famosas gueixas e atrizes do
teatro japonês de um lado e na outra ponta na parede um enorme quadro pintado a
tinta a óleo de uma gueixa samurai.
Notamos que o restaurante estava vazio, e
demos de cara com uma adolescente, uma versão minha, ela despojada nas mãos seu
telefone móvel, mais conhecido como telefone celular, ela jogada no assento de
uma mesa, em uma análise fria minha, ela era a filha dos donos do restaurante.
A jovem se levantou, ela um tanto contrariada, falou que o restaurante abriria
dali a minutos. Decidimos ficar no deck do restaurante, para esperar o lugar
servir o almoço, e assim foi, nós três mudos, calados e em silêncio tentando
sobreviver a nós mesmos. Adentramos no restaurante, a dona do lugar nos atendeu
com um belo sorriso e pedidos de desculpas, ela uma austera mulher negra. Assim
nós, terminamos a primeira e grande aventura gastronômica pelo desconhecido
regados a peixes crus e saladas de não sei o que.
Clarisse Cristal,
bibliotecária, poetisa e cronista em Balneário de Camboriú, Santa
Catarina.
O EQUILÍBRIO EQUIDISTANTE ENTRE NÓS DOIS
Por Samuel da Costa (Itajaí, SC)
Pergunte-me tudo
Eu não vou me esquivar
de nada
Só não me pergunte
De ontem à noite
***
Pergunte-me
Tudo o que quiseres
para mim
Só não me pergunte o
que eu fiz
Ontem à noite
Quando eu tentei em vão
Esquecer-te por
completo
***
Sobre o ontem à noite
Refugiei-me dentro de
mim
Eu não queria te ver
novamente
Nem ouvir a tua
eufêmica voz
Suspensa no ar
Eu não queria rever a
cena dantesca
De nós dois felizes
dançando
À meia luz
No meu palácio das
memórias perdidas
Mais uma vez
***
Ontem à noite eu fugi
Do nós dois
Eu não queria ser uma
etérea imagem
Presa em uma moldura
digital
Nos teus nevoentos
estribilhos
***
Ontem à noite
Embalada por suaves
E sonolentos sons
amenos
De melancólicas e
lentas melodias
Impossíveis e
improváveis
Aos celestes sabores
dos ventos solares
Eu tentei fugir do nós
dois
Texto de Samuel da Costa é poeta, cronista e funcionário público em Itajaí, Santa Catarina.
Contato:
samueldeitajai@yahoo.com.br
DA NECESSIDADE DO AMOR POÉTICO
Por Clarisse da Costa (Biguaçu, SC)
De início escrever para mim
foi mais uma necessidade do que uma paixão pela arte, eu queria me encontrar nesse
mundo e entender muitas coisas dentro de mim, e no meu entorno, principalmente
o preconceito. Depois isso veio na minha vida como uma paixão avassaladora. Eu
quis tanto para mim que se tornou um amor imensurável. Mas claro, nesse meio
literário nada acontece sem uma razão ou motivo, sempre tem algo por trás de
tudo isso. No meu caso eu li um livro chamado Saudades da Vila e me
identifiquei com a história que queria ter sido a autora desta obra, foi então
que a necessidade de escrever veio e junto aquela paixão que se transformou.
A minha veia poética traz o
lado humano e toda a verdade da realidade em que vivemos, os caminhos e
descaminhos da vida. Entrar no interior humano e trazer para o mundo externo é
uma explosão de sensações que me faz pensar e que traz uma reflexão aos meus
leitores. Mas antes de eu caminhar por esses caminhos, trilhei rabiscos em
cadernos baratos comprados em supermercados. As paixonites, os tropeços, os
sonhos, as desilusões, os romances, enfim, uma riqueza literária de quem ousou
sonhar alto aos 15 anos de idade na década de 90.
Eu posso dizer que ainda vou
caminhar muito mais nesse universo, levei tempo para chegar e não pretendo
sair. Quando se chega em um lugar bom a tendência é querer ficar. Encontrei no
mundo literário forças para continuar vivendo e lutar por muitas coisas. Esse
mundo às vezes é cruel e ter uma mulher num lugar que antes era somente ocupado
por homens é lindo! Eu chego para mostrar que nós mulheres podemos tudo.
Às vezes me surpreendo comigo,
com cada coisa que escrevo. Eu chego a viajar para outros mundos e o incrível
disso tudo é que os assuntos não acabam. O tema principal é o amor, já tentei
parar de escrever sobre, mas é algo penitente. O irônico é que nunca tive um
amor correspondido, chego à brincar ao dizer que Santo Antônio deve estar furioso comigo, mas isso é uma conversa para um outro conto, vou deixar o
suspense no ar. Por ora o que posso dizer é que eu sou Clarisse da Costa,
escritora catarinense, escrever é a minha vida, a conexão com a minha alma.
Texto de Clarisse da Costa é
cronista e poetisa em Biguaçu, Santa Catarina.
Contato: clarissedacosta81@gmail.com
CLARISSE CRISTAL NA REALIDADE LIQUEFEITA
Por Samuel da Costa (Itajaí, SC)
Os outros são um
detalhe alheio,
A nós mesmos,
As nossas próprias
existências liquefeitas...
Parada
diante do estúdio de tatuagens, Clarisse Cristal tomou fôlego por segundos, e
por fim decidiu entrar no recinto. Medos, dúvidas e muitos receios agora eram
coisas de um passado remoto, que se desvanecia no ar, com o clarão da luz do
dia. O eviterno temor de sentir as dores e as subsequentes marcas indeléveis no
corpo e na alma, já não existiam mais.
— Tu
vais ficar aí? Parada por muito tempo guria? Espantando a minha querida e fiel
clientela! — A voz fluiu melodiosa pelo ar, apesar do tom grave, das palavras
proferidas, que saíram do interior do estúdio, atingiram em cheio a
bibliotecária.
Clarisse
Cristal, adentrou e sentiu uma estranha sensação de nostalgia, a percorrer-lhe
o corpo por inteiro, ao ser tragada pela escuridão da antessala do estúdio de
tatuagens. Ela esqueceu totalmente do celular, de último modelo, que a mãe lhe
deu de presente no último aniversário, há um tempo, não muito distante. O
aparelho moderno, jazia eternamente em mil nano-pedaços, no meio de uma rua
movimentada qualquer. A culpa, de fato, não foi da jovem bibliotecária, pois o
aparelho vibrou e depois tocou alto, tocou alto e depois mais alto ainda, assim
que ela saiu da livraria e editora, em que trabalhava. Clarisse Cristal, logo
imaginou a cena toda se desenrolando, Anna Victória ligando, em prantos para
mamãezinha querida dela, em seguida uma conversa breve, chorosa, ríspida e bem
rápida. E esta última ligando para a mãe de Clarisse, que liga furiosa para a
filhotinha rebelde e malcriada. A moça então põe fim ao melodrama bufo,
espatifando o moderno aparelho no meio da rua apoplética, com muita força, sem
sequer atendê-lo. O círculo tragicômico por fim estava mais que quebrado,
quando o aparelho encontrou o seu destino final.
O
estúdio de tatuagens era amplo e moderno, com vários espaços, separados por
biombos decorativos orientais, eram diversos estúdios menores dentro de um
grande estúdio. Clarisse Cristal logo percebeu ao fundo, no ambiente maior, uma
grande lousa digital na lateral esquerda do amplo estúdio, vários cavaletes, de
muitos tamanhos espalhados aqui e ali. Bancadas de vidro temperado, dispondo de
notebooks de última geração, pen-drives variados, cartões de memória, tabletes
todos de vários modelos e tamanhos, máquinas fotográficas digitais e analógicas
de vários preços, modelos e marcas. Vários estojos de lápis aquarelável
supracolor, muitas latas de sprays de tintas, também de várias cores, tamanhos,
marcas e preços. Por fim vários quadros inacabados, em vários movimentos
artísticos e de escolas de belas artes de várias épocas mundo afora. Era uma
bagunça muito bem-organizada, ali funcionava uma estranha mistura de escola de
belas artes com estúdio de tatuagens, deduziu Clarisse.
—
Então! O que te traz, ao meu humilde comércio? — Foi a dona do lugar surgindo
do nada, ela fez a pergunta de maneira afável, como se fosse uma bem treinada
vendedora de loja varejo de um distante bairro popular.
Clarisse
deu uma boa olhada na moça, já tinha visto pessoas assim em revistas, filmes,
reportagens na TV, em livros ou mesmo vagando perdidamente pelas ruas. A pessoa
era uma figura andrógina e estava afrontosamente de pé bem diante dela. Alta,
pele amendoada, com os olhos castanhos brilhantes. Longos cabelos lisos e
negros reluzentes, usava uma camisa física preta sem estampa. Esmalte
cintilante negro despontavam nas unhas curtas e bem-feitas, exclusivas calça
larga e tênis personalizado de esqueitista profissional e na casa dos vinte
anos de idade. Mas, a voz melodiosa e cheia de vida, a pele sedosa e o sorriso
delicado denunciavam que era uma mulher em definitivo.
—
Quero fazer uns riscos e furar as minhas orelhas também, minha querida e mais
nada! Um tanto óbvio! Tu aceitas cartão? — Clarisse riu sozinha, com a própria
tentativa patética de ser engraçada e espontânea. — O que são os outros? Nada
mais um mero detalhe, alheio a nós mesmos, as nossas existências liquefeitas! —
Clarisse Cristal, leu com um tom de voz alta e de forma imponente, a frase que
estava pintada na parede do lado direito, cada palavra estava escrita com cores
diferente e com fontes manuscritas diferentes. — Coisa de marqueteiro medíocre,
metido a poeta frustrado é o que me parece! Qual é o teu nome afinal de contas?
—
Podes me chamar de Cris...
— Já
sei, sua humilde criada, pronta para lhe servir!
— Mais
ou menos isto, começa a falar logo menina, seja mais específica. O que queres
de facto? O que tu pensas em fazer, neste corpinho lindo de fada alquebrada que
Deus te deu?
—
Quero fazer uma tatuagem tribal de dragão, no meu braço direito e por um
piercing na orelha e outro no umbigo!
Cris
deu uma risada teatral e longa, Clarisse também seguiu a tatuadora. E foi assim
por quase um minuto. Cris foi até a porta da loja e colocou o aviso de fechado,
foi até um telefone, instalado no balcão de atendimento e foi fazer uma chamada
rápida. Cris desligou o telefone celular e o tablet, virou para Clarisse
Cristal e apontou para um amplo biombo bambu, era o ateliê particular da
tatuadora. Clarisse sorriu, estava encantada com o fato de ter enfim um momento
só seu, um momento recoberto de mistério e caótico, bem longe da segurança
rotineira da torre de marfim.
Samuel
da Costa é contista e funcionário público em Itajaí, Santa Catarina.
Contato:
samueldeitajai@yahoo.com.br
SOBRE O LIVRO "NAGÔ DAS NEGRAS"
Por Clarisse da Costa (Biguaçu, SC)
Não
foi nada fácil escrever este livro, encarar o silêncio de muitas mulheres
sofridas, fazer com que elas me contassem suas histórias e que tivessem
confiança em mim. O livro vem para dar voz a tantas mulheres negras. Ele passa
pelo período escravocrata e vai até os dias atuais.
Escrevendo
este livro eu pude perceber várias particularidades que todas nós mulheres
negras temos, o preconceito por causa do cabelo, o preconceito por causa da cor
da pele, a difícil aceitação por nós mesmas e a nossa família, a alta afirmação
diante da sociedade, o salário bem abaixo do homem, a aceitação do corpo e
difícil luta contra a sociedade machista.
A
nossa história passa pela relação do ser criança, do ser filha, do ser mulher,
do ser mãe. Depois a nossa relação com o mercado de trabalho.
Mas
por que o título Nagô das Negras?
Primeiro
que a palavra Nagô tem o sentido de caminho e toda essa ideia de caminho traz a
percepção do quanto a mulher negra andou e tanto tempo que ela levou para
chegar até aqui conquistando espaços.
Com
tudo isso a mulher negra passa pelo processo da aceitação e depois pelo
processo de como lidar com o racismo, seja racial ou estrutural.
Clarisse
da Costa é cronista e poetisa em Biguaçu, Santa Catarina.
Contato:
clarissedacosta81@gmail.com
TALVEZ/MAYBE
Por Fabiane Braga Lima (SP) e
Clarisse Cristal (SC)
Poetisa
irrequieta e adorada
Talvez
deveríamos trocar correspondências
Não as
de hoje em dia
Inodoras,
insípidas
E
lacônicas
E sim
as velhas correspondências
Lânguidas
e lentas
Compostas
à meia luz
De
candeeiros e lamparinas
Ou
mesmo ditadas pelo matraquear
Da
mecanografia
Ou
molhada no pico da pena
E
finalizada no mata-borrão
***
Talvez
deveríamos trocar
Correspondências
Não as
de hoje em dia
Pois
seriam mesmo velhas
Então,
vamos simplificar
Este
texto
Que
tal!?
Palavras
onde ninguém
Mais
ninguém
Precisasse
consultar o dicionário
***
Sim
concordo
Mas
sou apegada
Em
belas-letras mortas
Ao som
inaudível
De
noturnas sinfonias lânguida e lenta
Arrastada
Sim,
vamos trocar impressões
Em
paraísos artificiais
Na
distância mais que segura
***
Ditadas
com amor
Ou
desamores
Como
gênios da literatura
Onde o
clássico nunca morre
Que
tal!?
O
movimento simbolista
E
esquecer o nosso falso
Surreal
***
Doravante
sejamos
Nós
duas mulheres livres
Doravante
ousamos brilhar
O
brilho fúlgido dos astros mortos
***
Sim,
seria o certo
Não o
duvidoso
Mas o
natural...!
Texto de Fabiane Braga Lime, poetisa e contista em Rio claro, São Paulo.
Contato: samueldeitajai@yahoo.com.br
Texto de Clarisse Cristal, poetisa e bibliotecária em
Balneário Camboriú, Santa Catarina.
QUE SEJAMOS LUZ!
Por Clarisse da Costa (Biguaçu, SC)
Às vezes precisamos romper
Algumas coisas nessa vida,
Talvez fechar alguns ciclos
Que não nos fazem bem.
Andar em direção ao vento
E dançar como se não houvesse amanhã.
Encarar o espelho
Mesmo que o cabelo esteja despenteado
E dar gargalhadas de si.
É sempre bom começar com alegria.
Precisamos de novos começos
Para que tudo fique estável,
Mas a estabilidade é uma das coisas
Que não é perfeita nesta vida,
Mal sabemos ser estáveis.
Só espero que tenhamos
A capacidade de sermos luz
Para quebramos toda
E qualquer escuridão.
Clarisse da Costa é cronista e poetisa em Biguaçu, Santa
Catarina.
Contato: clarissedacosta81@gmail.com