sábado, 1 de novembro de 2014

LET'S MAINTAIN THE PLANET CLEAN!

Por Paccelli M. Zahler


(arte computacional)

A PLACE UNDER THE SUN

Por Paccelli M. Zahler


(arte computacional)



POEMA VISUAL 6 - GLOBALIZAÇÃO

Por Paccelli M. Zahler


POEMA VISUAL 5 - ACADEMIA DE LETRAS DO BRASIL, ALB/DF


ARROJOS

Por Cesário Verde (1855-1886)

Se a minha amada um longo olhar me desse
Dos seus olhos que ferem como espadas,
Eu domaria o mar que se enfurece
E escalaria as nuvens rendilhadas.

Se ela deixasse, extático e suspenso
Tomar-lhe as mãos mignonnes e aquecê-las,
Eu com um sopro enorme, um sopro imenso
Apagaria o lume das estrelas.

Se aquela que amo mais que a luz do dia,
Me aniquilasse os males taciturnos,
O brilho dos meus olhos venceria
O clarão dos relâmpagos noturnos.

Se ela quisesse amar, no azul do espaço,
Casando as suas penas com as minhas,
Eu desfaria o Sol como desfaço
As bolas de sabão das criancinhas.

Se a Laura dos meus loucos desvarios
Fosse menos soberba e menos fria,
Eu pararia o curso aos grandes rios
E a terra sob os pés abalaria.

Se aquela por quem já não tenho risos
Me concedesse apenas dois abraços,
Eu subiria aos róseos paraísos
E a Lua afogaria nos meus braços.

Se ela ouvisse os meus cantos moribundos
E os lamentos das cítaras estranhas,
Eu ergueria os vales mais profundos
E abateria as sólidas montanhas.

E se aquela visão da fantasia
Me estreitasse ao peito alvo como arminho,
Eu nunca, nunca mais me sentaria

As mesas espelhentas do Martinho.

MANIAS

Por Cesário Verde (1855-1886)

O mundo é velha cena ensanguentada.
Coberta de remendos, picaresca;
A vida é chula farsa assobiada,
Ou selvagem tragédia romanesca.

Eu sei um bom rapaz, - hoje uma ossada -,
Que amava certa dama pedantesca,
Perversíssima, esquálida e chagada,
Mas cheia de jactância, quixotesca.

Aos domingos a déia, já rugosa,
Concedia-lhe o braço, com preguiça,
E o dengue, em atitude receosa,

Na sujeição canina mais submissa,
Levava na tremente mão nervosa,
O livro com que a amante ia ouvir missa!




LA CASADA INFIEL

Por Federico Garcia Lorca (1898-1936)

Y que yo me la llevé al río
creyendo que era mozuela,
pero tenía marido.

Fue la noche de Santiago
y casi por compromiso.
Se apagaron los faroles
y se encendieron los grillos.
En las últimas esquinas
toqué sus pechos dormidos,
y se me abrieron de pronto
como ramos de jacintos.
El almidón de su enagua
me sonaba en el oído,
como una pieza de seda
rasgada por diez cuchillos.
Sin luz de plata en sus copas
los árboles han crecido,
y un horizonte de perros
ladra muy lejos del río.


Pasadas las zarzamoras,
los juncos y los espinos,
bajo su mata de pelo
hice un hoyo sobre el limo.
Yo me quité la corbata.
Ella se quitó el vestido.
Yo el cinturón con revólver.
Ella sus cuatro corpiños.
Ni nardos ni caracolas
tienen el cutis tan fino,
ni los cristales con luna
relumbran con ese brillo.
Sus muslos se me escapaban
como peces sorprendidos,
la mitad llenos de lumbre,
la mitad llenos de frío.
Aquella noche corrí
el mejor de los caminos,
montado en potra de nácar
sin bridas y sin estribos.
No quiero decir, por hombre,
las cosas que ella me dijo.
La luz del entendimiento
me hace ser muy comedido.
Sucia de besos y arena
yo me la llevé del río.
Con el aire se batían
las espadas de los lirios.

Me porté como quien soy.
Como un gitano legítimo.
Le regalé un costurero
grande de raso pajizo,
y no quise enamorarme
porque teniendo marido
me dijo que era mozuela

cuando la llevaba al río.

FALSETE

Por Federico Garcia Lorca (1898-1936)

¡Ay, petenera gitana!
¡Yayay petenera!
Tu entierro no tuvo niñas
buenas.
Niñas que le dan a Cristo muerto
sus guedejas,
y llevan blancas mantillas
en las ferias.
Tu entierro fue de gente
siniestra.
Gente con el corazón
en la cabeza,
que te siguió llorando
por las callejas.
¡Ay, petenera gitana!

¡Yayay petenera!

LA MONJA GITANA

Por Federico Garcia Lorca (1898-1936)

Silencio de cal y mirto.
Malvas en las hierbas finas.
La monja borda alhelíes
sobre una tela pajiza.
Vuelan en la araña gris,
siete pájaros del prisma.
La iglesia gruñe a lo lejos
como un oso panza arriba.
¡Qué bien borda! ¡Con qué gracia!
Sobre la tela pajiza,
ella quisiera bordar
flores de su fantasía.
¡Qué girasol! ¡Qué magnolia
de lentejuelas y cintas!
¡Qué azafranes y qué lunas,
en el mantel de la misa!
Cinco toronjas se endulzan
en la cercana cocina.
Las cinco llagas de Cristo
cortadas en Almería.
Por los ojos de la monja
galopan dos caballistas.
Un rumor último y sordo
le despega la camisa,
y al mirar nubes y montes
en las yertas lejanías,
se quiebra su corazón
de azúcar y yerbaluisa.
¡Oh!, qué llanura empinada
con veinte soles arriba.
¡Qué ríos puestos de pie
vislumbra su fantasía!
Pero sigue con sus flores,
mientras que de pie, en la brisa,
la luz juega el ajedrez

alto de la celosía.

PARAR

Por Pedro Du Bois (Balneário Camboriú, SC)

Fica parado por uma hora: longa
duradoura instantânea expansiva

espera o retorno: o desgosto
o nervoso o ser o exato estar

configura a mente ao pecado
e se deixa levar pelo ônibus
em pontos indiferentes

anda por horas: pés passos pernas

conforta o retorno com palavras

apropriadas ao rito da partida.

FOGO

Por Pedro Du Bois (Balneário Camboriú, SC)

O texto reaparece ante os olhos
críticos no esforço da leitura.
A mão afaga no papel a tinta
do sentido imitado em rabiscos.

Das cinzas feitas mortes
das mortes feitas vidas
das vidas refeitas cinzas
                         em incêndios.

O texto refeito em cinzas
prevalece no escurecer

do fogo: a fumaça permanece.

ESPELHAR

Por Pedro Du Bois (Balneário Camboriú, SC)

O ângulo
espelhado
demonstra o corpo
                 em olhos
                  dispostos
                  ao encontro
                  embaçado: a vida
                  retira da imagem
                  o reencontro
                                           despista

                            o sonho no reflexo dispensado.

A DIREÇÃO DO VENTO

Por Pedro Du Bois (Balneário Camboriú, SC)

Corta os pés pelas mãos retira
a direção do vento altera a altitude
da montanha e se desfaz em gelo
liquefeito bebe o entardecer
Nada ergue em honras descobertas
Cata o pão amassado e ao demônio
deseja boa sorte Esfacela a conversa
em retorno e emudece a parede
a caricatura desce do pedestal
e se enfurna em sossego
Antecipa o feriado esquece
no presente o lamento Caça
as mãos pelos pés e se endireita
ao chamado do sexo em razões
desenfreadas Avança no estupor
do disparo e acomoda o corpo

                                   ao espaço.

OS AFECTOS QUE NÃO DEMOS

Por Humberto Pinho da Silva (Vila Nova de Gaia, Portugal)

Pouco a pouco, lentamente, ano a ano, quase sem sentir, avizinha-se o fim da jornada.
Passamos a vida a cuidar – da nossa saúde, da nossa carreira profissional, da satisfação dos nossos desejos; olvidando que para ser feliz é mister cuidar dos outros.
Adiamos sempre para amanhã – que nunca chega, – para conviver, abraçar o amigo, o familiar, porque não temos tempo…ou por comodismo…
E para amanhã ficam os telefonemas, as conversas, as horas de convívio com aqueles que nos querem bem.
De longe a longe, dizemos-lhes: - Havemos de combinar…mas sabemos que o amanhã nunca chegará…
E deste jeito, quantos abraços deixamos de dar? Quantos elogios ficam por fazer?
Mas, em hora inesperada, chega a doença, surgem as limitações e então cogitamos: por que não disse o que ia na alma?! Por que não abracei meus irmãos e a causa que me era querida?!
Adiamos sempre: Amanhã vou fazer isto. Hei-de dedicar-me à música. Quando aposentar-me vou pintar…Servir uma causa humanitária…Sempre para amanhã…Sempre para o futuro.
Vivemos dentro de um sonho. Só muito tarde acordamos e, estupefacto, verificamos que não vivemos…As oportunidades e a saúde passaram…e o tempo não volta.
Lamentamos, então, os anos perdidos. A juventude que passou… e o que passou…não passará mais…
Já não vamos a tempo de dizer: quanto amamos a nossa mãe, a nossa irmã, aqueles que connosco repartiram a vida – os amigos, os colegas de trabalho, os companheiros que cruzaram com a nossa vida.

Então lamentamos, os abraços que não demos. Os beijos que deixamos de dar. Os afectos que tornariam felizes, os que aguardavam os nossos carinhos….Mas é tarde…Muito tarde…Porque o tempo é como as águas do rio, nunca passam pelo mesmo lugar.

COMUNICADO DA ATL/DF

Comunicado da Academia Taguatinguense de Letras:
Patrimônio Cultural, Material e Imaterial do Distrito Federal - Lei 5159/13, Decreto 35549/14


Ato de Vandalismo Contra a Academia Taguatinguense de Letras no Dia do Livro
Nº Ocorrência: 90149/2014 - DICOE
Nº Recibo: 3035909689

Informamos às autoridades constituídas, aos acadêmicos e ao público-leitor, que a Academia Taguatinguense de Letras sofreu mais um grave atentado de vandalismo, na calada da noite, de forma covarde, por pessoas ainda não identificadas, bem similar aos atentados da época autoritária. Pularam a cerca do Espaço Cultural de Taguatinga, arrombaram o alambrado, invadiram  o espaço da Academia, danificaram os murais, jogaram  no chão e arrancaram e rasgaram documentos e informes da entidade, subtraindo nosso material de divulgação, que desapareceu do local. Destaca-se entre o material desaparecido cópia da Lei 51159/13, aprovada  pela Câmara Legislativa do DF e sancionada pelo GDF, que tombou a Academia Taguatinguense de Letras como Patrimônio Cultural, Material e Imaterial do Distrito Federal e também cópia do decreto 35549/14, que fixa a sede da Academia no Espaço Cultural de Taguatinga - CEMEIT, além de fotos e textos.
Lamentamos o ocorrido na Capital da República, em pleno Estado Democrático de Direito e pedimos o apoio das autoridades constituídas e  providências no sentido  de protegerem nossos pensadores e escritores, o importante  Patrimônio Cultural, Material e Imaterial do DF, constituído de mais de sete mil livros, documentos históricos, jornais, revistas e a maior coleção de livros publicados por autores do Distrito Federal, do Entorno e da Região Metropolitana do DF e do Planalto Central do Brasil.
Tem gente incomodada com o bom trabalho da Academia e que quer cercear a  liberdade de expressão e a democratização do conhecimento.
O fato foi comunicado à Administração de Taguatinga, à Secretaria de Segurança Pública do DF, aos acadêmicos e aos frequentadores da ATL.
Atenciosamente,
Gustavo Dourado
Presidente da Academia Taguatinguense de Letras
Emanuel Lima
Tesoureiro da Academia Taguatinguense de Letras

Rubens M. Cruvinel
Diretor Jurídico da Academia Taguatinguense de Letras
Emanuel Lima
Tesoureiro da Academia Taguatinguense de Letras

Rubens M. Cruvinel
Diretor Jurídico da Academia Taguatinguense de Letras
José Bezerra de Melo Filho
Secretário Ad Hoc da ATL