Em
pleno Inverno, em serena manhã, de cerrado nevoeiro, guri, de tez bronzeada,
boca larga, olhos negros como azeviche, caminhava, descalço ao longo do extenso
areal. Preso à mão direita havia fino e sólido barbante de nylon, quase
transparente.
Corria,
vindo do Sul, leve e fresca brisa, tão suave, tão delicada, que mal lhe
acariciava o jovem rosto moreno.
A
espaços, o garotinho, puxava o fio, sacudindo, energicamente, a mão, imprimindo
rápidos e fortes puxões, ao barbante, que vibrava, distendendo-se.
Pacatamente,
sentado em banquinho de madeira, coberto a esmalte azul celeste, homem,
esquelético, seco, entrado em anos, passeava a vista: ora para a cano de pesca,
ora para o gurizinho.
Indiferente
ao incisivo olhar do pescador, o petiz soltava sonoras risadas, que sumiam-se
na densa serração, diluindo-se no sussurrante som embalador do oceano.
Atónito,
surpreso com o que observava, interroga-o, intrigado:
-O
que está você a fazer?! Puxando o que não se vê?!
O
rapazinho, volta-se para o pescador. Fica, por momentos, pensativo. Depois,
entortando ligeiramente a cabeça, diz:
- É
certo que não se vê, mas eu sei que escondido no nevoeiro, está a estrela, que
responde, com leve puxão, ao meu comando. - Respondeu espevitadamente a
criança.
Esta
curiosa história, contada por Billy Grahm, ilustra, perfeitamente a relação que
o cristão deve ter para com Deus.
Como
a pipa (papagaio) do caboclo, também não descortinamos o Senhor…mas sentimo-Lo,
do mesmo jeito, como o gury sentia a estrela.
Ao
longo das vicissitudes da vida, quem for crente - os agnósticos só têm acasos, -
sente-se, muitas vezes, a Mão protetora de Deus.
Quantos
problemas insolúveis, não se resolveram, a contento, por intervenção do Poderoso?
Deus
conhece as nossas necessidades, antes de Lhe pedirem auxilio.
Ele
sempre entrega o fio de Ariadna, para conseguirmos sair do tenebroso labirinto
em que insensatamente nos metem.
O
“fio” que nos une a Deus, chama-se: oração.
Como
o rapazinho, que se divertia brincando com o papagaio, numa manhã de intenso
nevoeiro, também nós, sabemos, mesmo sem O ver, que lá longe, em parte incerta,
no Céu sem fim, está Aquele que tudo pode e tudo sabe, pronto a dar-nos o “fio”
que une a nossa consciência a Ele.
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