sexta-feira, 1 de setembro de 2023

CRÔNICA DO DIA: DO DIÁRIO DE UMA LOUCA, EM UMA TERÇA-FEIRA À TARDE!

Por Clarisse Cristal (Balneário Camboriú, SC)

 

Em um dia que resolvi trabalhar em casa, e entre um intervalo e outro, eu fui me informar em uma velha tecnologia analógica. Fui ler um jornal impresso, fazer o que, se sou uma alma velha, carminada pelo tempo para ser mais sincera. A minha mãe, horrorizada, perguntou o que eu estava fazendo em casa, em uma quarta-feira em uma ensolarada tarde de sol, lendo um jornal local, na sala de estar. Creio que o meu gesto a fez lembrar alguém desagradável da vida dela.

Nem liguei para a minha mãe, o fato é que foi para nas páginas policiais e me deparei com uma reportagem no mínimo inusitada, até para um grande centro urbano. Em uma cosmopolita cidade praiana, apesar de pequena. Mas, o que dava conta da matéria? Vou resumir, pois entrar em detalhe seria um pouco maçante. A algaravia começou com um jovem empresário, no dia anterior, que queria se divertir, e resolveu pegar uma travesti, opis uma mulher trans. Não sou nem uma moralista de ocasião, pessoas adultas são livres, para se relacionarem como bem queiram. E voltando ao que interessa, o dito jovem empresário deu uma passada na avenida marginal leste. E ele encontrou o que queria, ou quase, pois o nosso herói acidental viu, o que para ele, era uma quase mulher, opis de novo, uma mulher trans. E ao se aproximar, abrir a porta do carro, colocar a profissional do sexo para dentro do carro de luxo. O nosso herói acidental, descobriu que a profissional do sexo era uma mulher de verdade, ops, mais uma vez, uma mulher cis.

Depois de um bate-boca intenso, entre o contratante e a contratada, o nosso aventureiro Terça-Ferino, foi expulso do próprio veículo. O nosso herói acidental, no chão, viu o seu patrimônio, de quatro rodas, levantar poeira indo em direção norte. E como era um carro automático, eu que não tenho carteira, não dirijo e nem quero dirigir. Eu nem sabia que isto existia, carros sem a tal de embreagem.

E para resumir bem, a história tragicômica e não cairmos em tecnicidade automobilísticas afins, houve um desastre.

A moça cis, meteu o carro caro e importado, em um murro a toda a velocidade possível e inimaginável. Eu poderia parar por aqui, mas relato que parei os meus inocentes olhos, na estampa do jovem empresário. E cheguei a pensar em perguntar para o meu pai, que é engenheiro de produção, se ele conhecia o menino prodígio. Mas não queria constranger mais ainda, pois tanto o contratante como a contratada, pois o jornal estampou a cara de ambos em fotografias enormes.

Eu jovem mulher adulta, vivendo na segurança tranquila, na minha Torre de Marfim, descobrir depois que o mercado livre do sexo pago, funciona vinte e quatro horas por dia e nas vias rápidas da cidade.

 

Clarisse Cristal é poetisa, contista, novelista e bibliotecária de Balneário Camboriú, Santa Catarina.

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário