sexta-feira, 1 de setembro de 2023

EU NO MORRO: O FIM (OLHO PARA O CÉU E VEJO ESTRELA INFINDAS)

Por Fabiane Braga Lima (Rio Claro, SP)

 

Chegando em casa, Téo continuava a me evitar. Nada fazia sentido para mim, somos um casal afinal de contas, um casal apaixonado. Agora não passo de uma mulher repugnante para ele? Cheguei a uma conclusão que, vou evitá-lo, não quero ser como estas mulheres espalhadas pelo morro, as tais amizades dele.

Enfim, preciso de um tempo, para mim mesma, preciso me reconhecer, seria o mínimo, que posso e devo fazer para não machucar as pessoas à minha volta. Talvez, devo procurar um terapeuta, eu preciso e devo descansar, para que eu possa me renovar.

Após dois meses de terapia, voltei para casa e com o passar dos dias eu notei que Téo estava mais amoroso comigo. Mas algo me dizia, que eu ainda precisava mudar mais um pouco, ser mais humana. Apesar de estar com Téo no dia a dia, a saudade de ser uma família, era imensa. Como eu queria sentir as mãos de Téo, me acariciando e seus braços envoltos ao meu corpo. Notei que eu mudei profundamente, com a terapia, espero que eu continue assim.

— Estou com saudades, de nós dois! — Falei para Téo.

— Logo mataremos a saudade, meu amor! — Respondeu Téo com terno carinho.

No dia seguinte, escutei um choro de criança em algum lugar, que não sei onde e nem quando. E de repente, uma mulher acalma uma criança.

— Durma, meu filho, que a fome passará. Eu juro! — Dizia a mulher para a criança. Fiquei trêmula, sem saber como poderia ajudar.

— Téo! Me desculpe, eu quero viver, eu quero ser plena, meu amor! — Foi sincera com o meu marido e companheiro da vida.

— Que bom, minha querida, abriu a janela da vida e a sua mente também. — Confidenciou Téo, me chamando para perto dele e me abraçando.

— Estou trêmula. — Disse eu em puro desespero.

— A soberba cega as pessoas, minha querida! — Sussurrou Téo ao meu ouvido.

Enfim, Téo e mamãe, me mostraram o mundo distópico, em que eu vivia presa e me fizeram abraçar a realidade, por mais difícil que a realidade seja. Hoje sou grata aos dois, pois vivo lúcida. Uma semana se passou, e me tornei uma outra mulher, a mulher que eu amo. Hoje, olho para o céu, vejo estrelas infindas.

 

Fabiane Braga Lima é poetisa, contista e cronista em Rio Claro, São Paulo.

Contato: debragafabiane1@gmail.com

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