Tenho
lido as mais variadas versões dos fatos que culminaram com o movimento
revolucionário ocorrido no Brasil em 31 de março de 1964.
É
claro que cada um conta a história a sua maneira, muitas vezes, por não ter vivido
os acontecimentos ou terem lido ou
ouvido dizer, de forma tendenciosa; falam coisas que não se coadunam com a
verdade.
Acredito que, ao comentarmos um fato, devemos
fazê-lo com isenção de qualquer preconceito, tentando relacionar os fatos,
para, daí, tirarmos as nossas conclusões.
Após
a renúncia do Presidente da República, Sr. Jânio Quadros, assumiu o
Vice-Presidente, Sr. João Goulart, popularmente conhecido por Jango Goulart.
O
Sr. Jango era uma pessoa de hábitos simples, de bons sentimentos e, por isso,
se deixou envolver por elementos esquerdistas inescrupulosos, pertencentes ao
Partido Comunista, embora não declarados ostensivamente, que foram empolgando o poder, ocupando postos
importantes da administração do país, agitando a massa operária da cidade e do
campo, numa tentativa de implantar no Brasil uma democracia sindical, base para
uma ditadura do proletariado.
As
greves eram tão freqüentes que um jornal carioca, na época, estampou em sua
primeira página uma charge na qual apareciam dois operários conversando, onde
um dizia para o outro: “algo muito grave deve estar acontecendo no país, pois há uma semana não fazemos greve”.
No
campo, as Ligas Camponesas lideradas por Francisco Julião invadiam terras, quer fossem improdutivas ou
não, com o Governo Federal fazendo vista grossa a tais crimes contra a
propriedade particular.
O
Movimento Estudantil manipulado por estudantes “profissionais”, membros da COLINA (Comando de Libertação
Nacional), uma das variantes do PC,
encarregada de subverter o meio
estudantil, promovia passeatas,
pichações, e se solidarizava com as reivindicações dos demais setores da
sociedade.
A
Ala Progressista do clero romano apoiava as manifestações, afirmando que
deveríamos criar o paraíso aqui na terra e não esperar a vida vindoura e que os
ricos tinham a “obrigação” de repartir com os pobres os seus bens.
A
classe política, eivada de oportunistas e demagogos, ávidos por projeção pessoal e, seguindo a
tendência da época, de que ser de esquerda dava “status”, se arvoravam
paladinos da democracia, e, seguindo o axioma de quanto pior melhor, exigiam as
chamadas “Reformas de Base”.
As
pichações apareciam em todo lugar com dizeres: “Reformas na Lei ou na Marra”.
O
Partido Comunista Brasileiro (PCB) e o
Partido Comunista do Brasil (PC do B), seguindo
as diretrizes do seu mais importante órgão – a Seção de Agitação e Propaganda -, diversificou a sua atuação, criando pequenos
grupos, aparentemente independentes, com nomes pomposos como Política Operária
(POLOP), Vanguarda Armada Revolucionária (VAR), Vanguarda Popular
Revolucionária (VPR), (Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), entre
outros, com a finalidade de atrair simpatizantes e atuarem sem saber de quem
realmente emanavam as ordens.
A
sociedade civil acompanhava com apreensão toda aquela movimentação sem que o
Governo tomasse uma atitude para coibir àquele estado de coisas.
No
seio das Forças Armadas despontavam manifestações de cunho político-ideológico,
onde os militares de baixa patente se
salientavam, tendo inclusive, alguns marinheiros se filiado a sindicatos de
marítimos, coisa que por força de diploma legal não lhes era permitido.
A
economia estava estagnada devido aos movimentos paredistas, a inflação
alcançava índices inimagináveis, o caos estava estabelecido...
Diante
de tal quadro estarrecedor, a sociedade brasileira voltou-se para DEUS,
promovendo passeatas nas principais capitais dos Estados denominadas Marcha da Família com Deus pela Liberdade, nas
quais repudiavam as pregações ideológicas e ações comunistas no País.
As
Forças Armadas foram constrangidas pela população a tomar uma atitude que evitasse a comunização do Brasil, a
semelhança do que ocorrera em Cuba havia pouco tempo, onde o Sr. Fidel Castro, dizendo-se cristão, com um rosário na mão e um
fuzil na outra, derrubou o ditador Fulgêncio Batista e, traindo o povo cubano,
implantou o comunismo naquela ilha do Caribe, semeando o terror mandando para o
“paredón” para serem fuzilados todos os que se opunham ao seu governo através
de julgamentos sumários (quando havia).
As
Forças Armadas e, em particular o Exército Brasileiro, que sentira na carne os
efeitos maléficos dos comunistas em 1935, quando companheiros de farda, da
mesma unidade, foram covardemente assassinados
na calada da noite enquanto dormiam, se anteciparam ao golpe que se
previa como iminente e deflagraram a revolução, destituindo o inoperante
governo do Sr. João Goulart.
O
Marechal Castelo Branco, um dos líderes do movimento, foi guindado à Suprema
Magistratura da Nação e, no seu discurso de posse declarou:”Não almejo o poder,
aceito-o como uma forma de servir”. Acredito
que naquele momento deve ter passado por sua mente as palavras do Marechal
Floriano Peixoto quando, respondendo a ordem recebida do Ministro Visconde de Ouro
Preto para debelar a Revolta Republicana disse:”os galões que possuo, Exa., foram
ganhos nos campos de batalha e não por serviços prestados aos ministros”.
A
ação saneadora da revolução logo se fez sentir através das cassações dos
mandatos daqueles políticos reconhecidamente corruptos e demagogos que nada
mais faziam do que enganarem o povo e se locupletarem com o erário público. O governo
revolucionário demonstrou que não estava ali a serviço de ninguém nem para
agradar quem quer que fosse; ele estava ali para servir à Pátria, promover
reformas e restabelecer a vida da Nação.
As
medidas saneadoras prejudicaram os interesses de muita gente, em particular
aqueles que estavam alcandorados no poder e que se viram, de uma hora para
outra, destituídos das benesses a que estavam acostumados, aos políticos
carreiristas que almejavam ser indicados candidatos à Presidência da República
e, principalmente, aqueles que sonhavam com a implantação do comunismo no
Brasil, os quais estavam ávidos por uma revanche. É de bom alvitre dizer que a maioria dos que
foram cassados não o foram por motivos político-ideológico, e sim por
corrupção, malversação e roubo do dinheiro público.
Com
o advento dos movimentos que agitaram o mundo a partir de 68, a esquerda brasileira
vislumbrou a oportunidade de ir à forra, reativando seus quadros que estavam
inoperantes e infiltrando-os nos diversos seguimentos da sociedade,
principalmente no meio estudantil, que era a classe mais esclarecida da
sociedade, mais ingênua e, por conseguinte, mais maleável. Esse fato fez com
que muitos jovens, iludidos com o “canto da sereia” dos agitadores
profissionais e motivados pelo fato de poderem modificar o mundo,
abandonassem as suas casas, as ruas famílias, e se lançassem em uma
aventura que os levaram à marginalidade, praticando roubos, assalto a bancos, a
empresas, a assassinatos, a justiçamentos (leia-se vingança contra inimigos ou
mesmo amigos considerados traidores), tornando-os embrutecidos pela doutrinação
ideológica de mentes doentias oriundas
de outras plagas. Muitos jovens foram enviados ao exterior para fazerem curso
de guerrilha e capacitação de liderança em Cuba, Rússia, China e Albânia.
Com o recrudescimento das ações subversivas,
acrescidos com o movimento guerrilheiro no Pará, Goiás, São Paulo e Amazonas, o
Governo Revolucionário endureceu o regime e decretou o Ato Institucional No. 5
(AI 5).
Com
a morte do Presidente Costa e Silva, assumiu o General Emílio Médici que,
usando todos os meios a seu dispor, derrotou a guerrilha comandada por
elementos treinados principalmente em Cuba, motivo pelo qual a esquerda brasileira,
através da Seção de Agitação e Propaganda, e no intuito de denegrir a imagem do
Presidente e mascarar a derrota sofrida, passou a chamar o governo Médici de
“Anos de Chumbo”.
O
que a Seção de Agitação e Propaganda não menciona é que o Presidente Médici
foi, até a presente data, o único presidente da republica a ser aplaudido no Maracanã, onde, sabidamente
vaia-se até minuto de silêncio; que durante o seu governo, mesmo com os
subversivos tentando paralisar o país e denegrir sua imagem no exterior com o
sequestro de autoridades consulares e assassinato de um oficial americano, o
país cresceu numa média de dez por cento ao ano. Conta-se que certa vez o
Presidente chamou o Ministro Mario Andreaza e ordenou-lhe que construísse a
Ponte Rio-Niterói. O Ministro ponderou que a oposição iria reclamar e que não
havia verba ao que o Presidente respondeu: eu não tenho verba mas tenho o AI 5,
constrói a ponte! Hoje fala-se no desmatamento da amazônia, mas não sabem que
entidades internacionais, na época, queriam alagar a floresta, criando o “Lago
Amazônico”, ocasião em que o Presidente Médici proclamou o “slogan”: “integrar
para não entregar”, construindo a rodovia Transamazônica e mandando colonos
para povoá-la, calam-se que foi o governo Médici quem estabeleceu as 200 milhas marítimas da
plataforma continental, preservando, assim, as jazidas do nosso o petróleo.
Ignorar
ou dizer que nunca houve infiltração comunista no seio da sociedade brasileira
desde a década dos anos vinte é desconhecer a história e menosprezar a cultura
e a memória do povo brasileiro.
Fala-se
sobre
prisões ilegais , torturas e assassinatos de jovens, na maioria estudantes,
por parte da ditadura militar. Não posso negar que não houve. E os terroristas não fizeram o mesmo, não
torturaram, não assassinaram, não fizeram justiçamentos?
Num confronto entre forças legais e
terroristas, quer sejam jovens estudantes ou não, sempre alguém morre, quer de
um lado ou de outro, até mesmo um simples espectador que se encontrasse no
lugar errado, na hora errada. O que causa
espécie são os noticiários, as lamentações pela morte de elementos que
estiveram às margens da lei e nenhum comentário acerca das pessoas que morreram
por estarem no lugar onde terroristas (ou
facínoras), iriam “expropriar” um banco,
uma empresa, uma propriedade particular, fazer um sequestro ou
um justiçamento.
O fato é que ninguém lamenta a morte do
bancário, do segurança, do operário, que deixou mulher viúva e filho órfão, se
ficaram desamparados ou não. Não falo dos militares, porque eles são
profissionais e sabem dos riscos inerentes da carreira, embora muitos fossem
pais e que também deixaram filhos órfãos e viúvas, tombando no cumprimento do dever.
No
meio religioso o protestantismo brasileiro se mostrou à altura de suas
tradições reformadas, precursora da Revolução Francesa, que acabou com o absolutismo da monarquia, erguendo o pendão real contra
as doutrinas totalitárias oriundas das estepes russas. A IPI do Brasil não
ficou imune à senha peçonhenta da doutrina comunista, tendo sua “casa de profetas” ameaçada por indivíduos inescrupulosos, travestidos de cristãos, mas
que professavam doutrinas incompatíveis com a nossa fé, e que não tinham a mínima vocação para exercer o
sagrado ministério da palavra. Alertados por divina providência (O Senhor
conhece os que lhe pertencem; 2 Tm. 2,19), a direção do seminário expulsou-os
sumariamente. Como ficou provado posteriormente, não eram dos nossos, pois tornaram-se
“pais de santo”, kardecistas e outros
nunca mais se voltaram para qualquer outra denominação. Como diria minha avó
portuguesa: “foram cantar em outra freguesia”.
O regime militar foi um remédio amargo sorvido
pelo povo brasileiro, mas foi muito melhor do que se caíssemos numa ditadura
semelhante à cubana; pois no regime imposto pelos militares, os ladrões
contumazes, demagogos e inimigos da democracia, foram banidos do território
nacional (e hoje estão de volta participando da vida pública), ao passo que na
“democracia” chinesa ou mesmo a caribenha,
os inimigos do regime são sumariamente enviados ao “paredón” para serem
fuzilados.
Fiel
é a Palavra! “Destruirás aqueles que proferem a mentira; o Senhor aborrecerá o
homem sanguinário e fraudulento” (Sl 5:6). Devemos esclarecer e alertar os
nossos jovens, particularmente os que praticam a fé cristã, sobre os perigos
que correm aqueles que se deixam seduzir por ideologias espúrias, produzidas por mentes perversas, que exigem que o Brasil lhes dê liberdade, ao
passo que no seu país de origem ela lhes
é negada. “Sede sóbrios, vigiai, porque
o diabo anda em derredor como leão que ruge procurando alguém para devorar” (I
Pe 5:8). A verdadeira liberdade só quem pode nos dar é o Pai Celeste, quando
entrarmos em sua glória.
Sobre o autor: Edison Uwe Zahler é representante da Revista O ESTANDARTE, na Igreja Presbiteriana Independente - IPI, Cruzeiro, DF.
Acontecimentos de 1964, foram fatos verdadeiros que ocorreram na revolução em prol de um Brasil mais seguro (violência), mais progressista (10% ao ano), mais livre (liberdade com limites), mais democrático (comunismo). Acredito que liberdade sem limites se torna libertinagem. E democracia não é quebração e roubalheira.
ResponderExcluirAcompanhei de perto e atentamente os revolucionários anos 1964/85. Foi preciso arrumação da casa. Foi preciso impor leis, atos fortes e firmes. Tudo isso gerou descontentamento, só que existia segurança para ir e vir do trabalhador, do administrador, do empresário, só não podia falar mal do governo. Não podia votar por um determinado tempo e para alguns cargos. Que me importa votar? Se hoje votados em todos os cargos e não temos em quem confiar? Votamos nos mais corretos (achamos), eles assumem o cargo e a primeira coisa é a traição, colocam os parentes (só não colocam pai e mãe, porque uns não têm mais, e outros para não dar na vista), agridem a lei, ofendem nossa confiança e o nosso conhecimento. Lamentável as duras críticas contra o Presidente Médici. No lançamento de um livro sobre o Presidente em Bagé, alguns jovens que não passaram e nem entenderam a história, se mostraram perante a televisão, no intuito de aparecer e gritar contra, achando que estão brigando e lutando por um país mais justo e livre de algo que já passou, mas que garantiu a nossa integridade como povo e como nação.
Temos que lutar, brigar e batalhar? Sim, nos dias de hoje (e no bom sentido), com educação, respeito, dignidade, mesmo com passeatas, que elas sejam tranquilas, sem infiltração de bandoleiros. Precisamos colocar a casa em ordem. Ordem é o que está faltando no Brasil.
Bem esclarecedora a postagem de Edison Uwe Zahler. Eu vivi esse tempo e foi corretamente descrito pelo Zahler..
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