No
início do presente século, conheci senhora, viúva, que pertencia a ilustre
família lisboeta.
Dedicava-se
às Letras. Tinha vários livros publicados, que oferecia aos amigos. Desconheço
se alguma vez chegou a colocá-los nas livrarias.
Já
bastante doente, mas muito lúcida, colaborava no blogue luso-brasileiro “PAZ”,
com poemas e textos, bem escritos e bem curiosos.
Nesse
tempo, o blogue, era publicado na comunidade do jornal “SOL”; mais tarde, por
motivos técnicos, deixou o “SOL” e sofreu algumas alterações.
Mas,
não era intenção abordar o blogue luso-brasileiro, mas sim minha querida amiga,
já falecida.
Contou-me,
a poetisa, que quando era nova, gostava de escrever poesia. Eram poemas
incipientes de quem começa a versejar.
O pai,
pessoa influente, conhece-os, e para lhe ser agradável, disse-lhe que iria
publicá-los.
Escusado
é dizer, que a menina ficou radiante, e não se conteve enquanto não contou, a
façanha, às amigas mais íntimas.
O
que não esperava, é que o pai fosse solicitar o apoio de conhecido escritor,
homem, de nome feito, e autor de romances conhecidíssimos.
Para
ser simpático ao amigo – amigo rico e influente, – o escritor pediu a
jornalistas e homens de letras, seus conhecidos, que escrevessem palavrinhas
amáveis, sobre os poemas, se possível na mass-media.
O
livro, quando saiu, vinha com abas e contracapa recheadas de pareceres de nomes
pomposos. A menina delirou ao ver o livro nos escaparates, e ainda mais, quando
a televisão a convidou para curta entrevista.
Outras
obras foram entretanto publicadas, muito mais estruturadas e com textos e
poemas de melhor quilate, mas não obtiveram o sucesso da primeira.
Dizia-me,
então, minha querida amiga: ”falecido meu pai, nunca mais a critica se
preocupou com os meus escritos…”
O
êxito não estava na obra, mas no dinheiro paterno, e na influência que este
tinha.
Moral
da história: O mérito não reside no que se diz, mas de quem o diz. Neste caso, na
carteira e relacionamentos paternos.
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