Em 1530, ano depois de Frei
Bartolomeu dos Mártires haver professado, em Lisboa, nascia, em Ponte da Barca,
Frei Tomás, filho bastardo do Morgado de Fonte Arcada.
Ao constatarem que o menino
tinha facilidade em aprender, logo o enveredaram para a Religião.
Professou em 1549, como frade
dominicano, no convento de S. Domingos, em Lisboa.
No correr dos anos tornou-se
pregador famoso. Do púlpito, afoitamente, lançava violentas verrinas,
condenando, asperamente, degradados costumes e a desenfreada corrupção que
existia na corte.
Os sermões, e o rigor da
conduta, como sacerdote, despertaram o interesse da Rainha, que era conhecida
por ser extremamente cuidadosa a escolher os diretores espirituais.
Ocupou, então, o cargo que fora
de Frei Luís de Granada, antigo confessor da Rainha.
Como confessor de Dona
Catarina, tinha livre acesso à corte, e conhecia, perfeitamente, todas as
imoralidades dos ilustres fidalgos.
Isso acarretava-lhe agros
dissabores, porque os viciosos não gostam de serem chamados à razão.
Certo dia, fidalgo, que fora
severamente advertido, colocou na porta do gabinete que o cenobita possuía, no
paço, os seguintes dizeres:
Aqui
mora Frei Tomás, que bem diz e mal faz.
Frei Tomás não se deu por
achado, e escreveu por baixo:
Fazei o
que diz, e não façais o que faz.
Criados e restante pessoal da
corte viram os dizeres e divulgaram-no.
Foi tal o concurso, que a
própria Família Real deslocou-se para ver a espiritualidade do pregador.
Em 1578, Frei Tomás foi eleito
Provincial. Nesse ano era Frei Bartolomeu Arcebispo de Braga.
Todavia o Cardeal Dom Henrique,
anulou a nomeação, entregando o cargo a Frei António de Sousa.
Razões? Desconheço; mas pode
ter sido devido a inimigos de Frei Tomás.
Aqui está a razão, porque é
costume dizer-se:
Bem
prega Frei Tomás: faz o que ele diz e não o que ele faz.
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