A dedicação, a lealdade, e a
gratidão, que os cachorros têm a quem se dedica a eles, é sobejamente
conhecida.
Todos conhecemos ou pelo menos
escutamos, cenas comoventes, e provas exemplares de amor.
O cão não é apenas animal de
estimação, presta, desde tempos imemoriais, valiosos serviços. É o único ser,
que consegue apenas viver de amor.
Os restantes animais têm, que
retribuir com trabalho. Ao cachorro, não.
A dedicação, o entusiasmo que
demonstram ao verem o dono; o instinto de protegerem quem cuida e lhes dispensa
carinho, garante-lhes vida folgada.
Ao ler a biografia do
compositor Mozart, fiquei impressionadíssimo com a dedicação do seu cão
Pimperl; o único, que indiferente à violenta intempérie, que desabara sobre
Viena, acompanhou-o até ao cemitério de São Marxer, atrás do carro que
transportava o compositor.
Até à igreja de Santo Esteves,
três ou quatro amigos, provavelmente admiradores do talento genial de Mozart -
ou seria compaixão? - Seguiram o féretro, depois, só o cachorro - o amigo
sincero que tinha, - acompanhou o funeral; e mergulhado em profunda tristeza,
assistiu ao sepultamento, em vala comum.
Dizem, não há confirmação, que
a esposa, Constanze Weber, não acompanhou o marido, por se encontrar muito
comovida. Decorridos dias, foi ao cemitério certificar-se onde haviam enterrado
Mozart.
Disseram-lhe que não sabiam,
porque fora atirado para a vala comum: Porém, um coveiro, esclareceu-a, que
dias depois, apareceu morto, devido ao frio e à fome, cachorro, no local onde
enterraram Mozart, mas tinham-no lançado ao lixo.
Esta informação, digna de
registo, nunca foi devidamente confirmada. Biógrafos do compositor,
consideram-na fantasia - fazendo parte da lenda urdida à volta de Mozart e do
dedicado cão.
A desgraça e a fuga de amigos,
deve-se, em parte, à inveja do compositor António Solleri, receoso de ser
ofuscado, e perder o prestígio que gozava em Viena.
De concreto quase nada se
conhece. - Esquecidos os êxitos de Mozart, as noites de glória, os louvores de
reis e rainhas, a condecoração do Papa Clemente XIV, e a admiração de muitos
compositores e músicos do seu tempo, Mozart passou a ser um desconhecido…
Uns, dizem que faleceu junto da
esposa; outros, que ela estava em Paris, e que a família vivendo em Salzburgo –
cidade natal do compositor, – não pode estar presente no funeral, realizado por
amigo.
Ao certo, conhece-se que apenas
o cachorro o acompanhou à última morada.
Ao ouvir-se a “Flauta
Mágica”,”As Bodas de Fígaro” ou “ Don Giovanni”, é bom lembrar que o verdadeiro
amigo do genial Mozart, foi o seu cão: indiferente à miséria, à chuva, à
tempestade desabrida, que caía, acompanhou o dono até ao cemitério… e ai morreu
de amor e saudade.
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