Por Ezequiel Munhoz (Campinas, SP)
No cerrado
vasto, em veredas que brilham,
Onde canta o sabiá e o vento encrespa a flor,
Nasceu um amor à sombra da paineira,
Entre o cheiro de pequi e a bruma que acalma a dor.
Ela era
filha do campo, morena de riso largo,
Ele, andarilho do sertão, com olhos de perder-se no azul.
Seus passos se cruzaram na festa do Divino,
Lá onde o tambor ressoa e a fé se faz ritual.
Ela
dançava na roda, saia rodopiando o chão,
Ele tocava a viola, seu peito aceso de paixão.
Mas o destino, ah, o destino sempre quis ser zombeteiro,
Ela prometida ao fazendeiro, ele livre como o ribeirão.
À noite se
viam às margens da cascata,
Troca de olhares, confissões que o vento levava,
Como folhas de buriti na correnteza do rio,
Amavam-se à distância, sabiam-se sem guarida.
A lua
cheia testemunhou seu último encontro,
O toque das mãos, as lágrimas sob a luz prata,
E na despedida, o som dos atabaques ao longe,
Como que marcando o fim, o adeus que o amor desata.
Ela ficou
nos campos, nos olhos negros a saudade,
Ele seguiu pelo sertão, um céu estrelado como norte.
Dois corações atados por laços invisíveis,
Separados pelo destino, unidos pela sorte.
No cerrado
as flores ainda brotam no verão,
E na festa do Divino, a viola ecoa saudade,
Dizem que na brisa das noites sem fim,
Os dois ainda se encontram, só no sutil da verdade.
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