Por N’Dom Calumbombo (Luanda, Angola)
Às vezes, escrevo cansado em apuro, me aprumo com o tempo resguardado nas minhas noites sem brio. Traço ponto no silêncio, e os linhos que sobre a ranhura traz muitas vezes, aqui que teares cozem minha mente de estar partido. Parto-me em grão, como uma criança entre as pernas da mulher da ki'anda que tem a dor da manhã nas suas costas com o grau de bico em alta temperatura. Zungar com o fardo na cabeça é um mistério com a matriz desorientada.
Ela vinha abrigo e eu concentrado no seu copo embriagado todos os dias. Mergulho no seu campo de festejo e fico fora de jogo. Taça aqui eu bebo, contido nele duas vezes seu corpo, pego-lhe entre dois dedos, pequenos na dimensão dos sonhos que tornam minhas noites molhadas. E eu, sempre no escuro, com meu escudo a tinta, a lápis, com as palavras em dúvidas de tecer o que sinto, muitas vezes fica no sentido despercebido em rascunho sempre que as duvido.
Duvidar no silêncio é um mistério, no escuro ainda mais, os dedos sentem-se substancial, e o corpo que liga a intercessão do real ao surreal. Faço-me esquema no labirinto da pátria para encontrar lugares que consente minhas dúvidas, meus prazeres, meu viver absolvido de amor que se reveste em palavras nas dúvidas, de sentir o desejo que nunca senti, mesmo quando os coloco sob orientação dos meus medos.
Fico com a poesia que amassa o meu coração, que quando o sangue bombeia, o corpo veste-se de pensamentos sã e saudável. Aprecio o vazio do belo que dizem estar nos vocês olhos. Ele que me contacta rapidamente quando as dúvidas alçam de voo os meus sentidos, sentindo a sensação do mal ardor, ou que o << OUVIR E FALAR >> faz parte de uma analogia única que tenciona encontrar as minhas próprias interrogações.
Quem sabe, se calhar um dia deste posso pontuar-me, um
daqueles sem continuar, nem mudar o ensejo e a solidão vai se infiltrar bem no
fundo do meu poço, e eu vou gritar sem fôlego, dando segmento aos gritos que se
vai encher na medida que as palavras vão fluindo, encenado com flúor de que o
melhor lugar para cogitar é; nada mais que se afogar num mar cheio de beira
sobre os gritos de nossas dúvidas.
Sobre o autor:
N'Dom Calumbombo é o pseudónimo de Domingos Félix Calumbombo,
natural de Luanda, aos 09 de Outubro. É licenciado em Secretariado Executivo e
Comunicação Empresarial pela Faculdade de Humanidades da Universidade Agostinho
Neto. Poeta, cronista, contista, activista social e Defensor dos Direitos
Humanos. Tem poemas publicado na Antologia da “Minha Infância”, e seus textos
são divulgados na Rádio Megaweb Portugal, em Portugal. Actualmente, é colunista
residente do Jornal OPaís.
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