Por Clarisse Cristal (Balneário Camboriú, SC) e Fabiane Braga Lima (Rio Claro, SP)
‘’Acho que a IA
destruiu tudo!’’
Fabiane Braga Lima
Um silêncio constrangedor
tomou conta do corredor estreito, do hotel barato de longa estadia, localizado
na zona portuária, os três homens poderosos, que comandavam boa parte do
serviço de segurança pública, da pequena cidade portuária e cercania. Os três
elementos olhavam para Alejandro com cautela.
— E os moradores deste andar?
— Perguntou Alejandro, o investigador de primeira classe.
— Investigador! O andar
inteiro foi alugado, todos os apartamentos estão vazios! — Respondeu Raul, o
delegado chefe dos investigadores.
— Estás aqui para conduzir a
investigação! A moda antiga! — Disse cheio de autoridade Diego, o comandante
chefe da guarda pretoriana e continuou — Serás discreto e alguns protocolos já
foram removidos. O comandante, um homem de armas, se refere aos acessos aos
bancos de dados dos aparatos da segurança pública e as agências correlatas, da
superestrutura. Protocolo impostos assim que as IAs começaram a serem
utilizadas em larga escala tanto na máquina pública e nos setores vitais da
infraestrutura. Pois um consenso surgiu em um pressuposto, o fator humano, em
alguns setores simplesmente seriam impostas às novas tecnologias. E para
acessar, alguns bancos de dados, homens e mulheres, estariam postados em suas
estações de trabalho permitindo ou negando certos acessos. Assim como em certos
comandos, na infraestrutura, homens e mulheres estariam operando as ações.
— Mas antes de mais nada! O
bloqueio investigador! — Disse Gael, o médico chefe dos legistas.
Alejandro, ergueu o antebraço
esquerdo, afastou a manga do sobretudo, e ativou a manopla de cristal líquido,
o aparelho transparente reluziu e emanou uma luz azul royal, que percorreu
cinquenta metros.
— Pronto senhores, a varredura
foi feita, estamos seguros, ninguém está escutando o que falamos! — Disse
Alejandro e continuou — O que está havendo aqui?
— Diga o que viu no quarto? —
Disse Diego de forma enfática.
— Parece que voltei para os
meus primeiros dias de academia, pois bem o quarto está demasiadamente limpo,
quase sem mobiliário, as cinco cadeiras dizem que o quarto é usado para
reuniões. Reuniões secretas, creio eu, por pessoas que não podem, não querem,
ou não devem ser vistas juntos em público, de algum modo, as roupas, ou
fantasia da vítima, dizem que pode ser um jogo de RPG, Role Playing Game. Ou
talvez um pequeno e exclusivo clube de leitura e análise de textos, dado a
natureza da vítima, um advogado, pode ser um grupo de estudo de julgamentos
jurídicos, ou não ou de inquéritos policiais. E já antecipo a próxima pergunta,
já vi esta cena de crime antes, foi o meu primeiro caso, que estudei na
academia. Uma pessoa investigada, denunciada e processa por pertencer a uma
rede criminosa e bem-organizada de pedofilia e tráfico humano.
— Por enquanto basta! Faça a
varredura na cena do crime, investigue de forma discreta, resolva o caso e
mande o relatório, somente para mim, assim que possível — Disse Raul em tom
casual.
— Eu? Fazer varredura, da cena
do crime? — Perguntou Alejandro, pois segundo protocolo era somente o chefe da
perícia, poderiam fazer a varredura da cena
Raul, o delegado chefe
dos investigadores, colocou a mão no bolso do sobretudo e dali tirou um pequeno
estojo e repassou a pequena caixa preta para Alejandro.
— Devolva assim que terminar a
investigação! — Os três homens, se entreolharam e assentiram com a cabeça
simultaneamente. E partiram em direção às escadarias, as duas sentinelas,
largaram os seus postos e em marcha seguiram o mesmo caminho. Alejandro, olhando
a cena, não deixou de ponderar se aqueles homens, eram mesmo do clube dos
cinco, o tal clube dos assassinos, ou ligado de uma forma ou outro da confraria
semi-secreta.
Uma vez sozinho, o
investigador caminhou até o quarto vinte e cinco, parou na porta e
delicadamente abriu o estojo, dali ladeadas seis esferas pequenas, que
flutuaram e lentamente adentraram no quarto. Os seis pequenos objetos, se
separaram, em uma dança cibernética e passaram a escanear cada milímetro da
sala. Os dados processados, temperatura, partículas e vapores suspensos no ar,
impregnados em cada canto da sala, DNAs, digitais e ranhuras. Os dados, uma vez
coletados, foram encaminhados para a manopla no braço do investigador, que
ergue o braço e deu um comando de voz: Boa noite Carmem! É hora de acordar!
Minha querida! — E uma janela digital foi projetada nas lentes de contato do
investigador. O rosto digital de Carmem apareceu para depois a tela se dividir
em duas. A outra tela mostrava uma imagem de três dimensões da sala, uma
terceira tela apareceu dando conta das análises da cena do crime.
Se ajustaram as lentes de
contato, nos olhos de Alejandro, as telas se aproximaram e ficaram maiores. Foi
quando as telas digitais sumiram e duas figuras tétricas surgiram projetadas,
uma era uma criança bem pequena, de aparência estranha, de aparência de uma
alienígena. E outro era uma mulher alta, de longos cabelos alvos e ambas usavam
batas brancas, ambas as criaturas eram albinas. A criança pequena olhou para
Alejandro e rosnou, os dentes de marfim e cerrados, aterrorizaram o
investigador, que segundos depois, sacou da pistola de pulso eletromagnético.
Olhou para dentro do quarto e encontrou o nada, somente o homem que jazia morto
no recinto.
— Carmem! Carmem! Para
onde elas foram? — Sussurrou, apavorado o investigador de primeira classe que
nervoso apontava a pistola para dentro do quarto.
— Elas quem? — Respondeu a
inteligência artificial, no ponto auricular do investigador.
Alejandro bem sabia que
Carmem, foi programada para não mentir para ele. E o investigador, baixou a
pistola e muitas perguntas começaram a brotar no âmago mais profundo do
investigador. Que decidiu sair dali o quanto antes e liberar o legista para
recolher o corpo e liberar a cena do crime.
Texto de Clarisse Cristal,
poetisa, contista, novelista e bibliotecária de Balneário Camboriú, Santa
Catarina.
Argumento de Fabiane Braga
Lima, poetisa, contista, cronista e novelista em Rio Claro, Santa Catarina.
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